37. Capricórnio

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Esperamos que Thomás chegasse para dizer que os planos haviam mudado. Não deixei que dissessem que eu havia estragado a lasanha, dando a desculpa de que minha mãe havia chego do trabalho a pouco e não havia dado tempo de fazer o jantar.

Não que eu me importasse em ser uma boa cozinheira, a Julia Capricorniana só não gostava de fracassar.

- Sinto muito por ter dado trabalho à vocês. - Thomás disse, sentado ao meu lado no banco de trás do carro.

- Trabalho algum, querido. - Minha mãe garantiu, olhando-nos pelo retrovisor. - Espero que goste do restaurante.

Meu pai e irmãos chegaram primeiro e nos esperavam na porta da pizzaria em Moema. Eu gostava da pizzaria pelo ambiente, mas era um lugar para se ir uma vez na vida e outra na morte já que os preços eram absurdos.

O ambiente era intimista e, apesar de ser tarde da noite, não estava tão lotado. Pelo menos não como aquele restaurante de macarrão no queijo próximo dali deveria estar naquele momento.

Conseguimos um lugar mais adentro do restaurante, dentro das tendas montadas no canto esquerdo. Meus pais sentaram em nossa frente com Davi entre eles enquanto eu me sentei entre Tuti e Thomás. Não demoramos a fazer nossos pedidos: duas pizzas que serviam 12 pedaços cada uma e nossas bebidas.

- Então Thomás, nos fale um pouco sobre você. - Minha mãe pediu, bebericando do seu vinho.

Mesmo com a luz baixa, eu conseguia ver as bochechas rosadas do pisciano por ter que falar sobre si mesmo com tantos olhares sobre si.

- Bom, eu tenho 17 anos, estou na mesma sala que a Julia, não trabalho, meus pais são separados, mas eu me dou muito bem com meu padrasto, minha irmã mais velha mora na Paraíba e eu pretendo fazer faculdade de psicologia. - O garoto sorriu após ter jogado algumas informações aleatórias, mas que era o que pais gostariam de ouvir. - Acho que é isso, não tenho muito o que falar sobre mim.

- Ele também é amigo do Lucas. - Davi interviu e eu lancei um olhar fuzilante na sua direção. - Lembra que te falei, mãe? Aquele repetente que era amigo do Tuti? - Continuou, se virando para meus pais.

- Amigo do Lucas? - Tuti perguntou, olhando para Thomás e vendo o cacheado assentir. - Já gostei de você. - Completou, erguendo uma mão e batendo na do meu namorado em um toque esquisito.

- Lucas? Que era namoradinho da Carol? - Minha mãe apontou na minha direção com os olhos semicerrados.

- Esse mesmo. - Murmurei.

- Ele é um bom garoto. - Minha mãe assentiu. - Mas toma algumas decisões erradas de vez em quando.

- Mas Thomás não anda mais com ele. - Acrescentei. - Agora passa mais tempo com o meu grupo de amigos.

- E como se conheceram? - Meu pai quis saber. - Quer dizer, vocês são da mesma sala há um tempo já, mas como se aproximaram?

Thomás abaixou a cabeça, umedecendo os lábios e sorrindo enquanto lembrava daquele dia. Toquei sua mão por baixo da mesa e consegui ter seus olhos verdes brilhantes nos meus.

- Nos conhecemos na festa de aniversário da Carol. - Respondeu, sendo o primeiro a desfazer a conexão do nosso olhar.

- Ele queria me apresentar um amigo dele e eu disse que não estava interessada, então ele fez a investida. - Completei, fazendo uma careta, incomodada em ter que dividir aquilo com meus pais.

Tuti gargalhou ao meu lado, atraindo nossos olhares.

- Thomás, você tem meu respeito. - Disse, fingindo limpar uma lágrima no canto do olho teatralmente. - Ficou com a garota do seu amigo? Não é à toa que ficou amigo do Lucas. Ele te ensinou direitinho.

Não Acredito Em SignosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora