25. Libra

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Tati e Carol resolveram fazer um bolo para comemorar o aniversário de Lola à meia noite daquele dia. Percebendo que elas não precisariam da minha ajuda, resolvi deitar um pouco no quarto onde meu irmão esteve e descansar o que eu sabia que não descansaria durante a noite já que todos fariam questão de aproveitar cada segundo antes dos pais de Gui virem nos buscar em seus carros.

Era verdade que eu não conseguira pregar os olhos e não demorou muito para meu irmão vir ver se eu precisava de algo. Dei um meio sorriso para ele e chamei para se sentar ao meu lado.

- Está tudo bem? - Ele quis saber, pegando um dos travesseiros ali e virando o corpo de frente para o meu.

Continuei deitada, olhando-o por baixo enquanto pensava se deveria desabafar.

Davi nascera naquele signo e com certeza saberia o que dizer, certo? Mas não sabia se aquilo seria um incômodo, se poderia estragar a sua viagem.

De qualquer modo, ele insistiria em querer que eu me abrisse, então era melhor que eu dissesse o que precisava ser dito de uma vez por todas.

- Como consegue ser monogâmico? - Perguntei enquanto me ajeitava, apoiando o cotovelo no travesseiro e a cabeça em minha mão. - Não consigo me decidir em ficar com apenas um deles.

Meu irmão riu baixo e olhou para as próprias mãos que pareciam ocupadas em mexer com um fio solto da sua fronha. Então seus olhos procuraram pelos meus, um sorriso esperto nunca deixando os seus lábios enquanto respondia às minhas dúvidas:

- Eu me apaixonei, Ju. Estou amando a sua amiga. - Deu de ombros e eu podia ver suas bochechas corando pouco a pouco pela revelação dos seus sentimentos por Lola. Era fofo de se ver. - E você pode não estar apaixonada por nenhum deles, por isso não consegue se decidir.

Seria mesmo por isso? Franzi o cenho, pensando sobre o que o garoto havia dito e não acreditava que poderia ser aquilo. Eu gostava mais de um do que do outro? Me importava mais com um do que com outro? Não estava amando nenhum dos dois verdadeiramente?

Talvez eu estivesse sendo egoísta ou não estivesse pensando muito bem sobre tudo aquilo, mas realmente não queria me fixar à apenas um deles. Eu queria ambos e se estava tudo bem para eles, para mim também estava.

Ser Libriana estava sendo mais complicado do que eu imaginava quando se tratava de romance.

- Não me leve à mal. - Meu irmão tocou meu braço, chamando minha atenção. - Eu ainda acho outras garotas bonitas, mas nenhuma delas é a Lola. - Davi deu um longo suspiro antes de continuar. - Heloísa é diferente de todas elas. Essa garota desperta em mim sentimentos que eu nunca havia experimentado antes.

Por um momento eu senti inveja do meu irmão. Inveja por ele sentir algo tão gostoso como o amor. Eu queria sentir aquilo, queria ter por qualquer um dos dois, por Matheus ou por Thomás. Só queria sentir.

- Talvez o Universo queira que eu passe pelo signo de modo mais estereotipado possível. - Dei de ombros, me sentando na cama e ajeitando os cabelos. - Sendo uma perfeita Libriana.

- Talvez. - Davi pressionou os lábios em um sorriso compreensivo, tocando meu braço e acariciando em um consolo.

- Atrapalho? - A voz de Matheus preencheu o ambiente.

Nossos olhares se encontraram em um primeiro momento e eu notei que ele estava genuinamente preocupado comigo. Sorri para ele, tentando mostrar da melhor forma que tudo estava bem - mesmo que no fundo não estivesse. Então seus olhos encontraram os de meu irmão por um breve segundo antes de Davi se levantar.

- Acho que essa é a minha deixa. - Meu irmão sorriu para nós dois antes de sair, dando dois tapas no ombro do amigo.

Matheus fechou a porta atrás de si e se aproximou da cama, sentando onde antes estava meu irmão.

Não Acredito Em SignosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora