33. Sagitário

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Fomos cada um pra sua casa para nos arrumarmos e o ponto de encontro seria na estação do metrô Consolação no horário marcado. Decidi dizer aos meus pais que iria à uma festa, mas omiti a parte em que era em um cemitério. Também escondi dos meus amigos que o convite tinha partido especificamente de Matheus, afinal era apenas um detalhe bobo.

Enquanto esperava por meus amigos em frente às catracas do metrô, Davi decidiu que era um bom momento para discutir nossa relação.

- Será que a gente pode ficar de bem? - Perguntou, entrando em meu campo de visão.

- Você vai parar de me sufocar? - Ergui uma sobrancelha, cruzando os braços em meu peito.

- Eu vou tentar parar de sufocar a Julia Sagitariana, mesmo achando que é só proteção de irmão. - Deu de ombros, desviando o olhar enquanto brincava com as mãos.

Não consegui conter o sorriso, balançando a cabeça em negação.

- Você não consegue admitir que tá me sufocando, né? - Respirei fundo, olhando para os lados enquanto procurava por meus amigos em meio à uma multidão que se formou com a chegada de mais um trem. - Tudo bem. Você sendo legal com o meu namorado, já é meio caminho andado.

- Sobre isso...

- Thomás! - Acenei para o garoto que vinha acompanhado dos meus amigos.

Não dei espaço para que Davi continuasse. Ele tinha que aceitar que Thomás não era uma pessoa ruim e que tinha seus motivos para ficar confuso quanto às minhas atitudes.

Assim que o cacheado se aproximou, envolveu minha cintura com seus braços e beijou meus lábios. Ele nunca se cansava de me cumprimentar daquele jeito, não importava se estivemos juntos há algumas horas.

- Achei que vocês desistiriam. - Confessei enquanto saíamos dali para caminhar até o destino final.

- Pra quê? Você ia fazer questão de ir até as nossas casas e nos puxar pelos cabelos. - Gui deu de ombros.

- Talvez a Carol fizesse isso, eu ia no máximo insistir. Se não adiantasse, viria sozinha. Não perderia essa festa por nada. - Disse, quicando no lugar.

Não demorou para chegarmos, já que fomos boa parte do caminho conversando e isso acabou nos distraindo.

Como nossa entrada estava liberada, foi fácil entrar. Assim que entramos pelos portões de ferro, vimos a estrutura que havia sido feita naquele lugar. Se eu não soubesse que aquele era um cemitério, provavelmente acharia que os túmulos foram montados apenas para uma festa temática. Havia DJ, luzes, seguranças, pessoas dançando animadas e muita bebida.

- OK, eu estou impressionada. - Carol confessou, olhando para os lados. - Esse lugar tá incrível.

- Concordo, mas ainda acho que deveríamos deixar os mortos em paz. - Gui ergueu o dedo indicador, mas sua pose autoritária entrava em conflito com a sua curiosidade.

Me limitei a rir e revirar os olhos, puxando um Thomás impressionado para entrar no meio dos jovens ali presentes. Sem esperar muito, passamos a dançar.

Eu me sentia muito mais leve do que da última vez em que estivemos na mesma situação. Na semana passada ele não sabia do meu envolvimento com Matheus e eu ainda não tinha me envolvido profundamente com ele. Parecia que havia se passado tanto tempo dentro de uma semana.

Havia ficado feliz por ele ter aceitado com facilidade que Matheus era passado e que eu havia escolhido ficar com ele. Achei que ele ainda me daria um gelo por algumas semanas, mas isso não aconteceu. Matheus era só um amigo, nada mais. Não adiantava o quanto ele continuasse com suas investidas. Seria quase como era com Lucas, mas sem o desprezo que eu tinha pelo mais velho... Certo?

Não Acredito Em SignosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora