29. Escorpião

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Enquanto eu me arrumava pela manhã, ainda levemente atordoada pelos recentes acontecimentos e pelas poucas horas de sono, ouvi a porta se entreabrir e me virei de imediato, encontrando os olhos curiosos de meu irmão mais novo.

- Pode entrar, Davi. - Sorri, terminando de prender meu cabelo em um rabo de cavalo.

Meu irmão entrou e fez questão de fechar a porta atrás de si. Com aquele movimento, eu notei que ele queria ter uma conversa em particular comigo. Deixei que ele se sentasse em minha cama e me sentei ao seu lado, esperando que ele dissesse algo.

- E então? - Davi não conseguia olhar nos meus olhos, preocupado em mexer em suas mãos em um gesto nervoso.

- O quê? - Pressionando os lábios para conter o sorriso.

Meu irmão sempre queria se manter atualizado da minha vida sexual e amorosa, mas raramente tinha jeito para falar sobre o assunto comigo. Não queria torturá-lo, mas confesso que estava sendo divertido vê-lo todo constrangido.

- Já decidiu? - Ele finalmente me olhou nos olhos, sabendo exatamente o que queria perguntar.

- Já sim. - Assenti, sorrindo abertamente. - E acredite, pensei o bastante para não ter arrependimentos mais tarde. Quer dizer... A Julia Escorpiana não vai se arrepender, não posso responder pelas minhas outras personalidades.

- Ainda vai ser um longo mês, não é? - Davi afagou minhas costas.

- Ainda temos um longo mês pela frente. - Concordei.





Depois de devidamente almoçados, decidi que ajudaria a minha avó com a louça do almoço. Insistir para fazer o trabalho por ela era em vão. Ela queria se manter ativa e sã, como se um dia na semana que fizéssemos um agrado à ela pudesse influenciar em algo.

Enquanto eu secava a louça, ela perguntava sobre o colégio e meus amigos. Não demorou nada para que chegasse onde ela queria desde o começo.

- E o garoto? Aquele que você pediu conselhos umas semanas atrás? Como é mesmo o nome?

- Thomás. - Respondi, sabendo exatamente sobre o que ela falava. - Acho que estamos caminhando bem. Quem sabe eu não o trago em breve? - Sorri feito boba.

Quando pensei sobre o signo que me encontrava, não imaginava que poderia me apaixonar. Acreditava que ia querer transar até com Lucas, mas não havia acontecido. Meu sentimento por ele continuava sendo o mesmo: desprezo.

- Isso é ótimo. Estou ansiosa para conhecê-lo. - Confessou vovó com um sorriso sincero no rosto.

- Também estou ansiosa para que vocês o conheçam. - Assenti, me aproximando e abraçando a senhora idosa. - Obrigada por tudo.

- Estarei sempre aqui para o que precisar, minha neta. - Ela retribuiu o abraço e eu me senti segura como sempre me sentia em seu abraço.





Logo na segunda feira, eu decidi que conversaria primeiro com Matheus. Não falava direito com ele há uns dias, então fui direta na mensagem. O garoto aceitou me encontrar entre as aulas e assim eu teria tempo de falar com ele longe Thomás.

Quando cheguei no colégio, todos os meus amigos estavam reunidos em uma conversa animada. Thomás ainda não estava ali, dando margem para os meus amigos me encherem de perguntas e piadinhas.

- Bom dia, garota transante. - Carol brincou, fazendo todos rirem.

- Adoro a sua discrição, Carolina. - Revirei os olhos, mantendo o sorriso brincalhão nos lábios. - Por que você é minha melhor amiga mesmo? - Franzi o cenho, fingindo fazer um esforço para me lembrar.

Não Acredito Em SignosWhere stories live. Discover now