Capítulo 38 - Aliados

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Uma voz surgiu no subconsciente de Gavrel.

- Ei... responda!

E esta mesma voz continuava a persuadi-lo a acordar.

- Eu sei que você está aí. Acorde, Gav, nós temos que sair!

Era como se aquela pessoa estivesse gritando e sussurrando ao mesmo tempo, com seu temperamento à borda. Conhecia apenas uma pessoa capaz disso quando estavam em uma situação perigosa da qual não podiam gritar.

Askell.

- O que... o que está... - Forçou a perguntar, mas estava tão grogue que era difícil formular palavras.

- Merda, você está mal. - Sentiu seus pulsos serem desamarrados das correntes que o prendiam ao teto e o inevitável baque ao chão. Que delicadeza, até para ser salvo.

- Por quê está aqui? - Perguntou depois de ter acordado com a queda. Askell estava agachado à sua frente, o verificando.- E como?

- Não se lembra que eu sou mestre de disfarces? - Ele imitou um sotaque diferente, exibindo suas roupas de cientista, com todas as tatuagens cobertas, até as do pescoço, óculos falsos, seu moicano verde estava repartido ao meio, criando um penteado muito horroroso. - Não é demais?

- Mas você ficou para trás... como chegou aqui?

- Eu fugi. Logo que vi vocês serem raptados, entrei aqui também.

- Mas e os...

- Os gêmeos? - Ele sorriu tristemente. - Eu sinto muito... Gav. Eles me enganaram e depois me ameaçaram. Mas eu vou me redimir, eu prometo. Farei isso, libertando todos vocês. - Ele olhou ao redor do laboratório vazio.

- Onde está Keesa? - Foi o primeiro em que podia pensar. Sua preocupação pelo humano de sangue puro ia além do que seria considerado normal. Keesa era muito sensível e frágil, ele precisava de sua proteção e segurança. Esperava que não o tivessem machucado, caso contrário, teria a certeza de arrancar a cabeça de cada integrante da Federação para exclamar seu ódio.

- Eu não sei. Fui até a sala em que ele estava sendo mantido, mas quando cheguei, não estava mais lá. Meu palpite é que fugiu e está tentando encontrá-lo.

- Ele não pode fazer isso sozinho. - Gavrel grunhiu quando Askell lhe aplicou uma injeção no pescoço. - O que foi isso?

- É cafeína, vai acordá-lo. Você parece uma geleia.

- Eles me sedaram, você queria o quê?

Askell sorriu. E embora a situação fosse péssima e ainda estivesse chateado com a traição de seu amigo, Gavrel estava agradecido pela presença dele naquele momento. Sem a Margosha, sem sua tripulação, sem Keesa e seus amigos, tinha perdido praticamente tudo o que tinha. E não queria admitir, mas estava tão assustado naquele lugar. Era bizarro e lhe dava todas as indicações possíveis de que queriam dissecá-lo, isso explicava as serras e bisturis na mesa cirúrgica.

Engoliu em seco.

Askell se levantou e correu para os armários enquanto Gavrel tentava se erguer e controlar suas pernas. Seu amigo tinha razão, a injeção de cafeína funcionava e estava começando a sentir sua pele formigar e sua energia retornar ao corpo.

- Use isto. - Askell jogou a ele uma roupa mais adequada, calças brancas, uma camiseta de mesma cor, um jaleco e sapatos combinando, que pareciam menores que seus pés. Era bem melhor do que o vestido de hospital que usava, com sua bunda de fora. - Nós precisamos sair logo, antes que as câmeras percebam que foram burladas.

Lost Blue [Romance Gay]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora