Depois de algum tempo com os dois apenas aproveitando o silêncio, Lurien resolveu falar:

– Está bem tarde, é melhor irmos dormir.

– Ainda não. – respondeu a irmã – Tem mais uma coisa que nós precisamos acertar.

– E o que é?

– Peço aos deuses para que não seja necessário, mas eu acho melhor você começar a ter aulas de batalha e manejo de armas.

– O que? Para que? – Lurien pareceu assustado por um momento.

– É um pouco por causa da impressão que tive. Lurien... – Suiko coçou timidamente a nuca – Tenho medo de essa viagem acabar em problema para a gente e quero que esteja preparado para isso.

– Muito gentil da sua parte, Susui – Lurien deixou escapar um sorrisinho cínico – mas eu acho que sei me virar.

– Não me chama de Susui, idiota! E eu tenho certeza que você não sabe se cuidar coisa nenhuma. Quer ver? Se defenda de mim agora.

Suiko usou um pé para levantar no ar um pequeno banco de madeira e logo em seguida chutou ele na direção de Lurien acertando-o em cheio no peito. Lurien caiu para trás e tossiu para recuperar o fôlego roubado pela pancada, a irmã olhou de longe pensando se o teria machucado, mas Lurien logo se levantou e usou sua habilidade para desfazer tudo e o banco logo estava no seu local de origem, e o rapaz sem sentir nenhuma dor.

– Viu só. – disse Lurien apontando calmamente para o banco do lado da irmã.

– Lurien, presta atenção, eu estou impressionada, mas isso só te ajudou porque eu usei movimentos não letais. – Suiko chegou perto e segurou nos ombros do irmão – E eu fiz isso para te mostrar que você precisa aprender a evitar tais golpes.

Lurien abaixou a cabeça admitindo derrota e assentindo.

– Está bem... – sua voz estava desanimada – E o que devemos fazer?

Suiko se afastou um pouco e cruzou os braços.

– Vamos começar um treinamento intensivo. – Suiko impôs um olhar desafiador ao qual o irmão não soube corresponder – Amanhã mesmo começamos! Amanhã cedo!

– Certo, – sua voz ainda era desanimada – a Amabel vai participar desse "treinamento intensivo" também?

– Por ora, não. Eu prefiro que esse seja nosso segredinho. E ela se sai melhor numa briga do que você.

– Principalmente agora que ela está fazendo almas sólidas. – assentiu ele.

– Será que ela sabe das almas sólidas? Eu não a vi contar para ninguém.

– Provavelmente não, ela sempre conta tudo a todo mundo.

– Nunca se sabe... – Suiko se dirigiu à porta – Agora vou dormir, faça o mesmo, amanhã teremos um dia cheio.

Lurien se sentou na cama e observou a irmã sair cautelosamente. Antes d'ela fechar a porta ele perguntou:

– A que horas você disse que vamos começar amanhã?

Ela colocou o rosto para dentro do quarto e falou num sussurro gritante:

– Cedo! – e fechou a porta logo em seguida.

Enquanto se movia cuidadosamente para o próprio quarto Suiko pensava no que deveria fazer em relação à Amabel. "Ela é a principal interessada nessa viagem, eu suponho" pensava Suiko "E ela não vai descansar até que tenha visto a estátua de Rafael. Ugh. Só de pensar nele já sinto arrepios. Eu acho que nem falei sobre o sonho para Lurien, vou lembrar de fazer isso amanhã" ela deu uma olhada em volta, consumida por um sentimento estranho de medo. Nada viu. "Eu tenho que parar de pensar tanto nessa viagem para poder me concentrar no treinamento de Lurien, por enquanto". Ela já estava dentro do quarto quando ouviu um barulho de algo caindo no chão lá fora. "Maldição". Suiko sentou-se na cama decidida a não ir olhar o que tinha feito tal barulho e imaginou se Lurien tinha ouvido também.

RecomeçoTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon