Adentrando uma mente esquecida

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 -Bem, isto é muito mais complexo do que eu pensava! – exclamou Apolo, sem pôr o seu sorriso radiante de lado.


Todos os seres daquele acampamento me olhavam como se fosse uma aberração e o pânico que antes só se aplicava ao pensamento começou a alastrar-se pelo resto do meu corpo.

-Maninha, vais mesmo ter de ir ao Olimpo e pedir para falar com o pai. Com a maio das urgências. Ele tem de saber da existência da Diana!

Olhei em volta, procurando um apoio no olhar de alguém, como a Sofia, mas foi em vão. Tanto ela como a Inês me olhavam como as outras todas. Fixei então o meu olhar em Artémis, e ela no meu. Mas não tardou até que ela o desviasse e entrasse na tenda.

Ao entrar na tenda, todas as caçadoras viraram costas e voltaram aos seus ofícios. Eu queria ser tanto como elas. Normal.

Apolo encarou-me, percebendo o que eu estava a sentir. Ele diminuiu a intensidade do seu sorriso e colocou a sua mão no meu ombro, como um gesto de conforto. O seu toque trouxe consigo o calor do Sol e um cheiro divinal a morangos com chocolate.

-Diana, acalma-te. Eu vou ajudar-te a lidar com tudo isto. Vais recuperar a memória com a minha ajuda e vais conseguir responder a todas as perguntas, incluindo as tuas.

Agradeci silenciosamente, sem conseguir falar. Mesmo assim, atrevi-me a olhá-lo nos olhos. Tinham um pico de preocupação, mas transmitiam calma. Senti-me instantaneamente mais descontraída e respirei fundo, deixando a maior parte das minhas preocupações saírem para fora.

-Ainda vamos fazer a tal sessão de entrada em mentes? – perguntei um pouco ansiosa pela resposta. Tinha medo que se descobrisse mais alguma anormalidade em mim.

-É óbvio que vamos. E é melhor começarmos agora mesmo, antes de Artémis ir embora.

Apolo encaminhou-me para a sua tenda, que tinha construído com um olhar apenas. Esta era mais quente do que o resto das tendas, mas de certeza que isso se devia ao seu cognome "Deus do Sol".

Tudo por dentro da sua tenda era apelativo e me confortava. Fazia-me sentir em casa. Ou talvez fosse esse o objetivo.

-O que tenho de fazer? – perguntei.

-Neste momento quero que feches os olhos e me digas tudo aquilo que sabes sobre ti. Os olhos estarem fechados vão ajudar-te a pensar. E quero ainda que me contes todos os pormenores de que te lembras da tua perseguição e do teu sonho.

Estranhei mesmo assim, aquele pedido para fechar os olhos, mas fi-lo à mesma. Queria que corresse tudo bem naquela sessão.

-O meu nome é Diana, tenho quinze anos e estas são as únicas coisas de que me lembro da minha vida pessoal. Há uns dias acordei na floresta, perdida e sem saber como lá tinha ido parar. Atrás de mim andava uma Quimera e deu-me a perceber que já me perseguia fazia um tempo.

Pousei por uns momentos para respirar.

-Pouco tempo depois, Artémis apareceu e matou a Quimera. Acolheu-me por entre as suas caçadoras e foi aí que eu tive um sonho estranho com uma mulher chamada Leto. Estávamos numa ilha cheia de flores. Tudo era de uma pureza divina, tal como a mulher jovial que estava à minha frente. Ela era muito bonita e parecida com Artémis, pude perceber que era a mãe dela. O sonho prosseguiu com a mesma Quimera que me perseguia na vida real a perseguir-me a mim e a Leto pelo sonho.

Abri os olhos, pensando que era o suficiente, mas não tive muito tempo para ficar assim.

-Fecha os olhos. Ainda não os podes abrir. Tenho de me concentrar. – voltei a fechá-los rapidamente. – Agora quero que me digas tudo acerca dos teus poderes, por favor.

A protegida dos deusesWhere stories live. Discover now