Artémis, a deusa da caça

137 11 0
                                    



É irónico que tenha sempre de acordar num sítio diferente, desde que me lembro.

Desta vez, acordei numa tenda bastante confortável. Era feita de bambu e folhas macias. A manta que me cobria era suave e muito fofinha. Levei-a até ao nariz para a cheirar e tinha um cheiro muito adocicado.

De repente, a tenda abriu-se e revelou a mesma mulher que me tinha salvo. As memórias da noite passada foram-me invadindo e eu lembrava-me dela. Agora que a conseguia ver melhor, a sua beleza saltáva-me à vista.

Ela era alta e a sua pele era clara e brilhante. O cabelo estava apanhado num rabo-de-cavalo e uma tiara de flores rodeava-lhe a cabeça. Os olhos eram a coisa que mais me espantavam. Eram de um verde brilhante e intenso. Ela conseguia transmitir o que quisesse através de um só olhar. Como estava a fazer agora. Mas, espera! Ela estava a olhar para mim.

"Diana, não é?"- eu acenei com a cabeça, sem conseguir ainda acreditar que estava a falar com uma deusa. "Quero agradecer-te por me teres trazido a Quimera até aqui. Eu andava a tentar caçá-la há muito tempo. Por que andava ela atrás de ti?"

Eu olhei para cima em busca de coragem e as palavras não estavam a sair. Eu não sei o que se passava comigo. Estava tudo a ser tão estranho até agora.

"Não precisas de ter medo, eu não te vou fazer mal. Estás em segurança comigo. Ela não te pode voltar a fazer mal. Está morta."

Isto era de mais para assimilar. Será que podia confiar na deusa?

"Eu sei que tu não me conheces para dar essas informações, mas podes ter a certeza de que podes confiar em mim. Dou-te a minha palavra de deusa."

Depois de ela ter dado a sua palavra de deusa, eu senti-me mais segura para falar. Foi como se a coragem voltasse toda de repente.

"Eu não sei. Eu acordei naquela floresta e não me lembrava de nada, só da minha idade. Quando a Quimera me perseguiu é que eu me lembrei que o meu nome é Diana e que estava a fugir dela."

"Interessante."- disse a Artémis colocando a mão no queixo, pensativa. " E isso quer dizer que não te lembras de nada do que tenha acontecido até acordares?"

"Não."- será que ela me podia dar mais respostas sobre mim?

"Tens a certeza que não sabes porque estavas a ser perseguida? A Quimera disse-te algo? Elas têm fama de revelar sempre o que vão fazer antes de terem chegado ao seu destino."

Era verdade. Ela tinha dito qualquer coisa como, ahm... "Tenho de te entregar até ao amanhecer".

"Lembrei-me de uma coisa. A Quimera disse que tinha de me entregar até ao amanhecer." – revelei eu à deusa.

"Ela disse mais alguma coisa? Para onde ia, por exemplo?"- eu abanei a cabeça, a negar. Artémis perdeu um pouco do brilho dos seus olhos, mas não tirou o sorriso doce dos seus lábios.

Estendeu-me a mão e eu peguei nela sem hesitar muito. Artémis era um palmo mais alta que eu.

"Diana, será que queres fazer parte das minhas protegidas? As caçadoras são um grupo só de mulheres que ajudam os animais, caçam monstros como aquele que te perseguiu e punem todos os homens que são errados com as mulheres."

"Eu não sei."- disse eu hesitando. Ela podia manter-me em segurança, mas nada ia mudar o facto de existirem monstros daqueles. Eu não queria ter de me voltar a enfrentar com outro.

"Eu sei que é uma decisão difícil, mas podes sentir-te à vontade para pensar. Talvez encontres mais informações sobre quem és. Eu vou lá fora ter com as caçadoras e dizer-lhes que já acordaste. Lembra-te, qualquer que seja a tua decisão, irei aceitá-la."

A protegida dos deusesDonde viven las historias. Descúbrelo ahora