Quem sou eu realmente?

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Já era de noite quando consegui acordar. A luz do luar estava totalmente coberta por nuvens espessas e obscuras. Estava escuro, muito escuro. Não conseguia distinguir nada à minha frente e comecei a entrar em pânico.

"Tens de ter calma..." tentei continuar a frase, mas o meu nome não surgiu. Mas quem era eu afinal?

Pensei, pensei e pensei e nada me surgia. O meu nome estava desaparecido, assim como a luz e a lua.

Fechei os olhos com força e veio-me algo à cabeça. Quinze! Mas quinze não era um nome comum, mas sim um número, que provavelmente era a minha idade.

É claro que lembrar-me de algo era uma razão para saltar de alegria, mas a escuridão que me envolvia de cima a baixo podia fazer-me cair. Não se devia fazer nada em solo desconhecido, muito menos se não se tivesse conhecimento de quem se era.

"Quem me dera que houvesse luz." – desejei eu baixinho. Nada melhor para afastar a escuridão e todos os sentimentos deprimentes.

Após ter desejado por um pouco de luz, uma pequena luz acendeu-se. Não tinha mais de uma unha de comprimento, mas dirigia-se a mim. Apesar de o ter desejado, o medo apoderou-se de todo o meu corpo. Sempre tinha pensado que as luzes não se mexiam e esta dirigia-se rapidamente até mim. Fechei os olhos outra vez e esperei que aquela luz não fosse a morte.

Passaram-se alguns segundos e mais alguns e nada aconteceu. Com coragem, abri os olhos e deparei-me com a luz pousada no meu nariz. Eu não devia ter temido nada, porque o meu receio era um pirilampo.

A minha primeira reação foi rir de mim mesma. Pude então ouvir o som da minha voz, que estava esquecida dentro do meu corpo. Deitei a língua de fora para perceber se lá estava e depois olhei para o pequeno animal que ainda se encontrava no meu nariz.

"Muito obrigado, pequenino. Vou ficar-te grata para a vida." – agradeci-lhe eu. Mesmo sendo um animal, ele tinha-me salvo do esquecimento e merecia um agradecimento.

Enquanto tentava ver mais alguma coisa, pareceu-me ouvi-lo a dizer "de nada" mas não devia passar tudo da minha imaginação. Eu podia falar com os animais, mas não era tonta ao ponto de achar que eles me respondiam.

Soltei um suspiro de alívio, que parecia estar preso na minha garganta há séculos. Acho que era de já não estar sozinha e ter alguém comigo

Quando voltei a abrir os olhos, o pirilampo já não estava no meu nariz. Olhei em volta enquanto me sentia cada vez mais insegura, mas vi-o a pousar em alguma coisa. Esforcei-me para ver o que era, mas mesmo com a sua pequena luzinha, não conseguia iluminar a superfície toda.

O meu estado de espírito foi-se abaixo outra vez. Eu queria sentir que não estava sozinha, mas até um simples pirilampo fugia de mim. A insegurança era a minha nova melhor amiga.

De repente, várias luzes começaram a acender-se a toda a minha volta. Vários pirilampos, de determinados tamanhos, começaram a voar e a circundar-me a cabeça como se festejassem que eu estivesse ali.

Pude por fim ver o local onde me encontrava. Era uma floresta linda. As luzes dos pirilampos revelavam as árvores de várias cores a meu torno. Os troncos tinham rugas e aparentavam ter centenas de anos. Era bom saber que aquele lugar não tinha sido destruído por...humanos. É isso, eu sou uma humana!

Levantei-me por fim, feliz e descansada por saber onde pisava. De repente senti-me observada de novo. Devia ser apenas impressão minha, porque para quem nem se lembra do seu nome, sentir-se observada era uma coisa parva.

Olhei ao meu redor e consegui sentir uma brisa agradável a bater-me no rosto e uma paz interior a dominar-me. Era como se estivesse num território sagrado. Podia ter sido uma simples coincidência, mas eu estava mesmo muito agradecida a todos aqueles pirilampos. Eles faziam o cenário mais medonho parecer o mais lindo.

A protegida dos deusesWhere stories live. Discover now