Prólogo

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 "Mais da metade do meu dia é vazio,

A profundidade do meu coração não pode ser preenchida".


        Você pensaria que uma vida rodeada de pessoas, dinheiro e luxo seria equivalente à felicidade. A perfeição, ora, parece se materializar naqueles sob os holofotes das sociedades: cantores, atores, modelos, web influencers, reis ou rainhas - todos estampados em capas de revistas, idolatrados nas telas e discutidos fervorosamente nas redes sociais. Nós, imersos nessa sociedade, gostamos de especular sobre a vida de pessoas famosas. Nós gostamos do brilho, das jóias, das roupas de marca, dos carros caríssimos, dos flashes, da exposição. Nós gostamos do espetáculo. E talvez essa seja uma das razões pela qual a Monarquia, um dos mais antigos modelos de governo, permanece em vigor até hoje. As monarquias existiram com suas particularidades, mas basta observar os trajes e as construções da época dos Faraós, na África, ou ainda do conhecido reinado da Rainha Vitória, na Europa, para perceber o quanto a beleza e a ostentação eram traços importantes para esse tipo de governo. A História está sempre em movimento, sim, mas atualmente reis, rainhas, príncipes e princesas não habitam apenas os contos de fadas: há cerca de 47 monarquias espalhadas pelo mundo. Claro... Várias não funcionam como as monarquias tradicionais. É o caso dos reinos da Coréia do Sul, China e Tailândia. Curiosamente, o destino teceu a majestosa capa da História para que esses três reinos fossem organizados da mesma maneira, para que esses três reinos tivessem um passado de hostilidade e para que esses três reinos testemunhassem um abalo que só um tipo de poder poderia causar - a amizade.

      Você pensaria que uma vida rodeada de pessoas, dinheiro e luxo seria equivalente à felicidade. Você pensaria que ser parte da Família Real da Coréia do Sul, China ou Tailândia, as três principais famílias de seus reinos - famílias detentoras das mais poderosas empresas - seria equivalente a ser feliz. O privilégio de nascer herdeiro do trono - herdeiro da maior empresa, da maior fortuna do reino - soa, em nossos ouvidos plebeicos, de fato como aquilo que conhecemos por felicidade. Você poderia pensar também no privilégio de ser parte das outras famílias nobres desses reinos... Essas famílias são detentoras de grandes empresas, e embora tenham - elas protestariam - sua liberdade de investimento ferida (pois só podem, por lei, investir na empresa da Família Real), para nós plebeus não parece ser difícil nascer herdeiro de uma grande fortuna e nascer um possível candidato ao cargo de CEO da Empresa Real - isso, claro, somente se os herdeiros na linha de sucessão forem impedidos de assumirem o trono. De qualquer forma, nós pensaríamos que o céu é lindo, sem nuvens, para os nobres desses três reinos. No entanto, o destino que orna a majestosa coroa da História não impediu o abalo, curiosamente desintencionado, que reestruturaria a organização da sociedade monárquica - para a infelicidade da nobreza.

      Bem, de qualquer forma, você pensaria que uma vida rodeada de pessoas, dinheiro e luxo seria equivalente à felicidade. Você jamais pensaria que um primeiro garoto, nobre, precisaria se dar conta de que ele não estava sozinho. Você jamais pensaria que uma vida de nobreza, para um segundo garoto, nobre, significaria uma vida sem sonhos. Você jamais pensaria que essa vida de nobreza seria uma vida de plenitude inconscientemente sufocadora para um terceiro garoto, nobre. Você jamais pensaria que um quarto garoto, nobre, seria capaz de reconhecer o valor das pequenas coisas. Você jamais pensaria que um quinto garoto, nobre, seria capaz de escolher essa vida por responsabilidade, e não por ambição. Você jamais pensaria que para um sexto garoto, nobre, essa vida de nobreza não passaria de uma incômoda conveniência. Você jamais pensaria que para um sétimo garoto, nobre, essa vida de nobreza significaria a possibilidade de ajudar as pessoas. De fato, ninguém jamais pensaria que esses sete jovens abalariam a estrutura de sua própria classe social apenas por se tornarem amigos.

      Mas, antes disso, às vésperas de um importante acordo entre dois reinos vizinhos, Lim Jaebeom - o primeiro na linha de sucessão da realeza sul coreana - esqueceu as chaves dentro do seu carro.

Sete de CopasWhere stories live. Discover now