Capítulo 1

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Tate

Dias atuais...

Viver era uma coisa complicada.

Eu estava ali desembarcando de um avião em San Diego, Califórnia pensando em todos os ''e se'' da minha vida enquanto analisava cada detalhe sobre o que passei como uma fita cassete rebobinando em minha cabeça.

Não sabia muito bem o que esperar daquele lugar e não sabia ao certo se deveria esperar por algo.

Minha vida não era perfeita e talvez nunca chegasse a ser, mas de certa forma estava satisfeita com o pouco que tinha e aonde tinha chegado. Peguei meu celular enquanto me sentava em uma cafeteria em meio ao aeroporto, haviam milhares de mensagens da minha irmã mais nova perguntando sobre o meu voo e se eu estava bem porque nossos pais estavam preocupados.

Contive uma risada imaginando o quanto eles haviam perturbado ela para que enviasse as mensagens e a saudade de estar perto deles se instalou dentro do meu peito. Eu não os via a um bom tempo estava tão envolvida com meu trabalho que acabava não dedicando o devido tempo que eles mereciam para programar uma viagem e ir visita-los no Texas.

E me sentia extremamente grata por minha mãe ter engravidado de Tillie ela era a melhor companhia que eles poderiam ter, mas sempre me pegava preocupada com o fato de que minha irmã estava crescendo e os seus dias de ir para a faculdade estavam próximos e que logo eles não nenhuma de nós duas por perto.

Meu celular tocou, não era Tillie ou minha mãe.

- Alô – falei, enquanto a garçonete me trazia um cappuccino e alguns bolinhos.

- Tate, bom dia – disse a voz do outro lado da linha – É o Louis.

- Oh, bom dia Louis seu nome não apareceu na tela.

- Tive que trocar de numero essa noite, sem querer deixei que o meu celular caísse dentro do vaso sanitário – ele riu consigo mesmo – Então já chegou na cidade?

- Sim – respondi – Eu ainda estou no aeroporto na verdade.

- Eu enviei o número da reserva do hotel e o endereço em seu e-mail – disse ele – Se você precisar de alguma coisa sabe que pode me ligar a qualquer momento, certo?

- Certo, mas não precisa se incomodar – sorri. Louis sempre tinha aquele ar de proteção comigo desde que nos conhecemos, as vezes eu o considerava um segundo pai ou talvez um padrinho que eu não tive. – Quando chegar no hotel me certificarei de enviar uma mensagem avisando.

- Ótimo! – disse ele animado – E não se esqueça de chegar amanhã cedo na empresa, eu estarei a sua espera.

- Por acaso alguma vez me atrasei? – brinquei.

- Nunca, claro – ele riu – Mas é sempre bom relembrar.

- Certo. Eu estarei lá. – falei.

- Boa noite Tate, te vejo amanhã cedo – ele disse se despedindo e então desligou a ligação.

Louis era o que eu diria meu anjo da guarda, a luz no fim do túnel para minha família. Dias depois de eu ter posto um ponto final em minha fadada história com Josh minha mãe perdeu os dois empregos que mais rendiam dinheiro para nós porque Josh nunca foi do tipo de garoto que sai de uma relação sem causar estragos. Ele queria tirar o pouco do que me restava.

A situação na minha casa piorava cada vez mais, eu arrumei mais de um emprego e tentava conciliar com meus estudos para ajudar, mas as coisas não se resolviam. Meu pai continuava desempregado e a única solução que ele e minha mãe encontraram foi voltar para a cidade natal dela no Texas.

Eu pouco me importei com a mudança, na verdade eu estava de certa forma feliz em deixar tudo o que havia acontecido para trás embora as sombras sempre fossem estar ali comigo. Tive que entrar em uma escola no meio do ano letivo em que eu não conhecia ninguém e o que me restava era apenas estudar, não participei da formatura porque aquele era um sonho que tinha planejado com uma pessoa que nunca mais gostaria de me ver de volta, a magoei e me sentiria arrependida para sempre. Eu estava sozinha tentando ajudar minha família enquanto estudava e trabalhava em uma cidadezinha no interior, até que meu pai arrumou um emprego em uma fábrica de automóveis e conheceu Louis um dos chefes da empresa que começava a instalar seus meios de produção no estado.

Louis sabia das dificuldades que passávamos e acabou me oferecendo uma vaga como estagiaria em um dos escritórios da fábrica e quando aceitei simplesmente coloquei uma única coisa na minha mente, que precisava seguir frente e correr atrás do que realmente queria por mim e minha família.

Com o tempo acabei indo morar em Chicago, assim que terminei minha faculdade e passei a trabalhar como assistente pessoal da diretoria da filial do estado e a partir daí nunca mais parei de estudar e trabalhar.

Conheci alguns caras achando que as coisas poderiam ser diferentes, mas nunca eram e passei a pensar que talvez aquela coisa chamada de amor simplesmente não fosse para mim.

Aparentemente mulheres bem-sucedidas não podiam ter sorte com coisa do tipo e eu me sentia extremamente frustrada por isso. A vida era mesmo injusta.

Geralmente eu viajava para algumas cidades do país para resolver algumas coisas para Louis fossem eles nas fábricas dos veículos ou nos escritórios espalhados do país inteiro. Às vezes eu me sentia uma nômade moderna porque eu basicamente não tinha casa e agora ele precisava de mim em San Diego, na matriz de todo aquele império.

Paguei meu café e peguei um taxi do lado de fora do aeroporto.

Ao chegar no hotel, fui até a recepção onde checaram meus dados e me entregaram a chave do meu quarto. Ele não era muito grande assim como todos os outros quartos de hotel por quais eu havia passado, mas possuía todos os luxos que eu jamais pensara em ter um dia na vida, era confortável muito mais do que eu realmente merecia. Coloquei a única mala que eu havia trazido de Chicago, mas não a desfiz. Eu pretendia arrumar o mais rápido possível um lugar para morar que não fosse aquele quarto de hotel.

Tirei minhas sapatilhas e minha calça, puxei os lençóis e desabei na cama. Precisava descansar para o que me aguardava no dia seguinte.

INSTANT CRUSH (REESCREVENDO/REVISÃO)Where stories live. Discover now