TORCENDO POR NÓS (Completo e Reescrito)

19 - SAUDADES E TEMPESTADES⛈️

Felizmente ninguém havia se machucado, mas certamente seriam lembranças traumáticas para os noivos. Além dos prejuízos.

Não havia nada a se fazer. Sarah apenas se protegeu da chuva e assistiu aos fortes raios e relâmpagos que atravessavam a imensidão acinzentada entre os céus e o mar em uma fúria assustadora.

Não pôde voltar para casa, passou a madrugada auxiliando na organização do buffet e contabilizando alguns prejuízos. Ao amanhecer viram o quanto a tempestade afetou a cidade, os postes estavam caídos pela rua e muitas árvores quebradas. Felizmente não houve vítimas, mas estavam sem energia elétrica, nenhum sinal de telefone ou internet. 

Sarah teve dificuldades de chegar em casa. O transporte público estava impossibilitado de funcionar e mesmo
conseguindo carona com alguns amigos ela ainda precisou caminhar cerca de quatro quilômetros a pé. Ficou completamente assustada com os rastros de destruição pelo caminho. Várias casas destelhadas, pessoas retirando lama de suas casas e se desfazendo de móveis encharcados de água.

Seus pais estavam preocupados sem notícias dela e ainda abalados com a tempestade. Duas árvores enormes haviam caído em seu quintal, mas felizmente ninguém se machucou. Após se deitar um pouco, ela começou a refletir sobre o enorme problema que tinha naquele momento. Estar sem energia e sinal de internet significava ficar em uma terrível angústia, pois além de estar há dias sem ver Antony, agora ficaria até sabe se lá quando sem qualquer tipo de contato com ele.

23 de Outubro - Canal 7 - 8:00h

"A tempestade que arrasou o litoral norte na sexta feira, deixou famílias desabrigadas, e a Cruz vermelha já anunciou que estão recebendo doações de roupas, alimentos e cobertores. A população continua sem eletricidade e sinal de internet. Mais informações, estaremos comunicando em uma chamada de emergência a qualquer momento."

Aquela era a terceira vez em que Antony assistia ao noticiário na TV naquele dia, estavam se apresentando na recepção do hotel, teriam um jogo importante naquela cidade, a notícia da tempestade no norte passava a todo momento. Uma angústia lhe deixava perturbado, já faziam dois dias que não conseguia se comunicar com Sarah, ele temia que algo estivesse acontecendo com ela e tal ideia estava lhe atormentando.

— Ela deve estar bem. Se tranquilize. Vamos conseguir algum contato, estamos próximos da cidade — Clair, sua mãe, se aproximou e tentou acalmá-lo.

— Espero que sim, mamãe — respondeu com sua voz angustiada.

Para Antony seria difícil jogar se não conseguisse alguma notícia de Sarah. Pois não conseguia se concentrar e isso certamente iria refletir em seu desempenho em campo, e aquilo também o preocupava pois se tratava de um jogo muito importante para fechar com o Nacional.

*

Sarah estava se arrumando não sabia que tipo de roupa deveria usar para ir ao estádio, nunca tinha ido a este tipo de lugar. Planejava fazer uma surpresa para Antony. Com toda a confusão da tempestade, ainda não haviam conseguido se falar. Breno teve a brilhante ideia de irem assistir um dos jogos que ele disputaria. Se tratavam cerca de trezentos quilômetros de distância, mas não importava, ela queria vê-lo e poder matar a saudade que tanto lhe sufocava.

Já estava pronta e logo seus amigos passaram para buscá-la. Ainda tinham muito chão pela frente e provavelmente chegariam no horário do jogo. Breno havia conseguido lugares privilegiados. Ela estava ansiosa, imaginava que Antony provavelmente estivesse aflito com toda história da tempestade e pelos dias sem comunicação.