A Lenda Joseph (Concluído)

Sou sua!

Emília 

Acordo de um cochilo com meu pulso doendo. Como eu pude um dia me apaixonar por Joe? Olho para a algema em meu braço e penso se sou alguma criminosa para viver assim. Só de lembrar que eu poderia morrer se ele não sobrevivesse, que eu viveria deprimida e infeliz, condeno-me por isso.

Eu já entendi o seu jeito, ele gosta de estar no controle o tempo todo, gosta de saber e sentir que ele é quem manda, que coloca o terror. Joe quer que todos o temam, ele gosta de ser ruim e pessoas assim não tem jeito, não existe uma solução para ele. E penso que se talvez ele não fosse assim, eu teria me apaixonado?

Eu sou uma masoquista que se apaixona por assassinos que gostam de ser malvados?

Se eu fosse uma pessoa totalmente normal, eu não o amaria, eu ainda não sei se algum dia poderei perdoá-lo pela forma como me tomou, através de um maldito acordo. Mas meu coração idiota grita a todo momento que se ele me chamar eu vou, se ele me pedir para ficar eu fico, entretanto Joe não pede, ele manda e prende, assim como fez comigo agora.

Mas eu acredito no poder do amor, eu não consigo mais imaginar a minha vida sem ele por perto, me odeio por isso. Mas também não irei demonstrar em palavras, ele não precisa saber o que sinto, apenas precisa saber que eu o odeio, assim como ele quer que seja, quer ser odiado. Isso de amor é tão complicado, é algo que não te deixa encarar uma vida feliz sem a pessoa amada, é algo que lhe toma a liberdade de escolha, seu coração manda e não a mente.

Depois de algumas horas, alguém deixa várias roupas dobradas encima da cama e a chave das algemas, rapidamente pego e me livro dessa coisa que machuca, pego algumas roupas e vou para um banheiro, sinto dores no corpo mas nada dói mais do que minha alma e coração.

Joe foi tão ingrato comigo, antes de Franco aparecer ele parecia tão amável, disse que eu salvei sua vida, depois surtou feito um louco. Vai entender.

Tomo um banho longo, lavo bem meu corpo, lavo meus cabelos com um shampoo não usado que encontrei no banheiro e saio, encontro uma toalha e me seco, visto a roupa que peguei antes e olho pela janela do quarto. Não tem grades, estou sem algemas, posso ir embora, tola sou de pensar isso, Joe nunca deixaria.

Me deito na cama e fico olhando para o teto, totalmente entediada. Minutos depois, alguém aparece na porta dizendo que ele está me chamando, reviro os olhos a contragosto mas mesmo assim acato sua ordem.

Quando entro no quarto, vejo seu semblante bronzeado e bonito, merda, Joe é tão bonito e grande que eu me sinto uma idiota por babar assim. Ele com certeza deve notar, ele sabe de tudo.

"Vem aqui." Ele diz quando percebe minha presença.

"O que quer?" Pergunto chateada.

"Conversar um pouco." Diz e eu sorrio de escárnio.

"Desde quando o dono da prisão conversa com o prisioneiro?" Debocho.

"Você não é uma prisioneira, só pedi que te algemassem para você se acalmar, após isso mandei deixarem a chave lá para que se soltasse, eu sabia que não iria fugir como disse."

"Ah, é? E como pode advinhar o que se passa na cabeça das pessoas?" Pergunto.

"Essa foi fácil. Não havia nenhum homem com ordens para te impedir de ir embora, o caminho estava livre o tempo todo e você simplesmente nem tentou ir."

Olho para ele indgnada e com vontade de gritar por eu ser tão idiota.

"Eu tenho mais essa habilidade extra. Na verdade não são com todas as pessoas, e com você, posso dizer que temos uma conexão especial, posso sentir até o arrepio que você está sentindo agora por estar em minha presença." Arregalo meus olhos, como ele pode saber disso?