Crises de ciúmes

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Emília

Tento bloquear qualquer tipo de pensamento de julgamento contra mim mesma, não quero ficar me sentindo como uma vítima ridícula quando eu mesma gritei feito louca de prazer nas mãos de Joe.

Olho para o lado e vejo ele se levantando, seu corpo nu me deixa sem jeito por tão ser másculo e grande. Sigo-o com meus olhos e observo quando ele se abaixa em uma série de gavetas pequenas de pura madeira, para pegar alguma coisa, tirando em seguida um envelope.

"Tome." Ele me entrega e eu o olho intrigada.

"O que é isso?" Indago confusa.

"Aí dentro tem um pouco de dinheiro, quero que compre um presente para você." Abro meus olhos com surpresa e inevitavelmente começa a passar vários tipos de pensamentos na minha cabeça.

Joe me dar dinheiro, muito por sinal, após ter feito sexo comigo, como eu posso não me sentir uma prostituta?

"Não, obrigada, eu não quero o seu dinheiro." Engulo em seco e respondo.

"Eu quero que compre alguma coisa para você, eu não tenho tempo para isso." Ele me fita fixamente.

"Para quê você quer que eu compre algo para mim?" O encaro pela primeira vez depois que fizemos sexo.

Olho dentro de seus olhos e sinto uma raiva imensurável dele nesse momento. Como ele pôde?

"Você quer me humilhar ao dar-me dinheiro e me compensando com presentes o que eu acabei de fazer?" Sinto meus olhos queimarem por conta das lágrimas presas. "Eu posso não estar sendo inteiramente obrigada a estar com você, mas..."

"Mas?" Ele me encoraja com olhar distante.

"Eu recuso qualquer coisa que você quiser me dá!" Exclamo e seu rosto fica furioso, assim ele se vira para a parede e dá um soco na mesma.

"Você vai usar o que eu quiser que você use para mim. Você não pode ficar com mais ninguém enquanto estiver comigo e isso significa que você é minha e aceitará o que eu quiser te dar, considere isso parte do nosso acordo!"

"E isso engloba só a mim?" Questiono furiosa mesmo sem querer ter feito essa pergunta. Mas eu preciso saber se sou apenas mais uma na cama de Joe, não que isso importe, mas...

"Isso não é importante agora." Sua expressão é dura e indecifrável.

Mesmo sem ele ter dito, consigo entender apenas uma coisa nessa resposta. Como sempre diz minha avó: para quem sabe ler, um pingo é uma letra. Ao mesmo tempo que sinto-me desapontada, sinto também como se tivesse recebido um golpe bem no meu coração. Joe não está disposto a ao menos ficar apenas comigo enquanto estivermos com essa droga de acordo?

"Então eu acredito que o que acabou de acontecer entre nós dois, foi apenas uma aventura de uma noite não é?" Indago e seu olhar é amargo.

"Não tenho aventuras de uma só noite." Ele diz somente.

"Claro, deve ser haver uma escala para cada dia uma diferente estar na sua cama cumprindo algum tipo de acordo." Minha voz sai ferida e eu me amaldiçoo por estar tendo uma ridícula crise de ciúmes.

"Condenação! Eu não devo nada a você e à ninguém!" Ele exclama e eu já não posso me sentir mais humilhada do que já estou.

Cada palavra que sai da boca de Joe, é mais uma garantia de como eu perdi o comando da minha própria vida. Já perdi muito, meus pais, minha dignidade, meus valores. A raiva que eu vinha contendo, não consigo mais segurar e solto tudo na cara desse filho da mãe.

A Lenda Joseph (Concluído)Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu