Capítulo 5 - Autoestima

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Me sinto perdido, sem direção. Meu desejo de vingança é incontrolável. Por culpa de Elton não poderei fazer o que mais amo na vida. A dança tira todo o meu estresse, desconheço um remédio melhor para mim. Sinto uma necessidade de liberdade, Edi, Suellen e Rud estão me deixando careca de tão descontrolado que tô nesse momento. Preciso pensar em algo urgentemente.

A gincana já deu início, e todos estavam mega preocupados com as tarefas e obrigações.

Livrar-me de toda negatividade era vidente. Deixei de focar em mim para me desgastar num altar que só me pisou.

Conheceram meu lado rebelde mas nunca meu lado ruim, meu lado podre como ser humano errante. Me esforcei, tirei leite de pedra para poder fazer o que nenhum jovem ou cristão daquele lugar fazia.

Minha autoestima se foi, mas esse meu desejo ainda pulsava como o coração de Davy Jones dentro do baú da morte.

Viver é para insistentes e aqueles que nunca perdem são covardes por nunca darem cara a tapa pelo o que almejam.

Reconheço não ser o único gay no mundo ao sofrer bullying na escola por conta da orientação sexual, entretanto, em minha escola eu era. O que me deixava ainda mais irritado era a coordenadoria, professores e diretor que nada fazia, e por conta disso, o silêncio para eles era como se nada disso existisse.

Essa escola é um lugar que não perco meu tempo falando sobre, este lugar não me serve. Chego, sento em meu lugar, não faço amigos, mas sempre há um inimigo.

Chegar na Universo era para ser aconchegante, sempre quis me sentir nas nuvens, mas sempre sugam um pouco mais de minha alma e espiritualidade. Afinal, é cansativo ser lembrado todos os dias que, se eu não mudar, serei jogado no fogo eterno do inferno e queimarei por toda a eternidade ouvindo gritos e ranger de dentes.

Cresci acreditando numa cura. Hoje reconheço quem sou e está fora de meus planos uma mudança, ainda que exista uma maldita voz que tenta ganhar forças pela manhã e antes que eu durma me dizendo que devo "me curar. Ainda machuca mas não como antes.

Medo de que um dia essa tristeza me consuma por completo.

Numa reunião de quarta-feira a noite em meio a uma oração deixei escapar uma lágrima que acorrentei pela tarde quando um garoto jogou em mim raspas de borracha no intervalo enquanto estava escrevendo na sala de aula. Tiveram que lavar meus olhos com soro. E mesmo sem conseguir enxergar direito, fiquei até a última aula do dia.

Tantas besteiras nadavam em minha mente enquanto encarava aquele espelho do banheiro masculino daquela igreja. Por que nada de bom acontece comigo? Sou um fruto podre mesmo!

Tento me amar, vou contra a tanto ódio do cotidiano e tudo só piora. O erro só pode está em mim, não há outra desculpa!

Após quase surtar, respirei fundo, sentindo vergonha de mim mesmo, comecei a me preparar para voltar ao meu lugar e não repararem que estava chorando escondido.

Deixe pensarem que está mal, e mesmo se realmente estiver, jamais deixe suas lágrimas à vista.

Rud entrou quando já secava meu rosto com papel toalha. Aquele banheiro estava quase sempre vazio e logo me aparece ele para me ver nesse estado.

- Você tá bem? - Rud pergunta aparentemente preocupado.

Inesperado, não?

A cor de meu rosto e olhos não mentiam, a tristeza era visível.

- Eu tô ótimo! - respondi.

- Não parece. - ele insiste - Pode confiar em mim uma única vez? Só preciso que me dê essa chance.

Meu PastorWhere stories live. Discover now