- Merda, desculpa, Bella. É que eu estou acostumado a sentar aqui, então.. -

- Não, tudo bem. - o parei quando ele tentou levantar e me sentei ao seu lado, sobre o tapete felpudo. - Assim é melhor mesmo. - assegurei-lhe e sorri levemente.

Não demorei a destampar a caixa da pizza e a pegar uma fatia, voltando a me escorar no sofá. Harry enchia os copos com o suco enquanto isso, com um sorriso que deveria ser mais discreto do que realmente era.

A distância dos nossos corpos era aceitável, comparado a situação que nos encontramos e que eu necessito para segurar meus impulsos, porém a fragrância suave e memorável do seu perfume, que eu facilmente reconheceria em qualquer lugar que fosse, estava mais presente em mim do que meus próprios desejos reprimidos esta noite.

Pensando bem, esse momento é comodamente triste se parar para pensar; porque costumávamos ficar assim, perto um do outro no sofá, muito perto, jogando videogame, assistindo tv ou apenas conversando. E esses momentos, simples e singelos eram os que eu mais apreciava. Onde mais me sentia próximo dele. Onde eu mais queria estar.

E agora, agora queremos distância um do outro, precisamos do maldito tempo e da maldita distância, porque é o certo, é menos tóxico assim. Esse pensamento me causa náuseas.

- Pode tirar os saltos se quiser. Devem estar te machucando. - Harry sugeriu, de repente.

- Não, tudo bem.

Assim que peguei o copo com suco em cima da mesinha e fui tomar o primeiro gole, Harry já estava puxando meus pés para perto e retirando meus saltos, sem qualquer mínima permissão.

- Harry?

A vermelhidão era pouco perceptível nos meus pés mas ainda estava lá, assim como o alívio que senti quando ele pousou meus pés no tapete macio. Era uma sensação mais que bem-vinda mas mesmo assim, ainda continuava encarando-o, esperando uma explicação.

- Pronto. Agora sim podemos comer ambos confortáveis, de verdade.

- Você é maluco.

- Melhor do que ser teimosa como você.

- E quem disse que você não é?

- Eu.

- Doido. - revirei os olhos, apesar de estar me divertindo com isso.

Harry sorriu, e ligou a tv, baixando o volume para que as vozes dos famosos personagens de Friends ficassem em segundo plano. A partir dali, começamos a conversar sobre tudo enquanto comiamos a pizza e assistiamos de relance algumas cenas de Friends. Harry me contou que ficou por um tempo no apartamento de Louis antes de conseguir esse, alegando que Louis é um bom amigo mas um péssimo companheiro de apartamento. E claro, ele queria um lugar só dele, porque assim não precisava atrapalhar Louis e nem continuar a dormir no sofá da sala.  

Harry também contou que falou com Anne por telefone um dia desses e disse que ela quer vê-lo para que os dois possam conversar melhor. Ele aceitou depois que Gemma ligou para ele no dia seguinte e o forçou a encontra-las na semana que vem, ameaçando-o de todas as formas cabíveis que um irmão pode ameaçar outro. Sorri para ele, dizendo o quanto bom de ouvir aquilo era.

Porém, minha curiosidade não parou por aí.

- Eu sei que nunca falamos sobre isso, por tudo que aconteceu, mas, sobre seu pai, você... Nunca sentiu curiosidade em conhecê-lo durante esse tempo? - perguntei, do jeito menos invasivo que consegui.

Era difícil falar sobre isso pra ele e eu sabia disso, mas apenas queria poder fazer o que não fiz quando deveria. Eu sei que deveria ter me importado mais do que pareci me importar.

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