3°- capítulo.

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O domingo é um dos meus dias favoritos, apesar de ser meio tedioso. Mas poder ficar deitada até tarde, olhando séries, lendo livros, dormindo ou apenas pensando na vida é maravilhoso pra uma pessoa bastante sedentária como eu.

Passamos o dia de ontem terminando de arrumar as coisas. Foi bem cansativo mas felizmente rápido. Meu quarto já está prontinho, arrumado do jeito que eu queria.

Estou nele aliais, terminando de escolher uma roupa para por depois do banho. O almoço ainda vai demorar então vou tomar um banho e esperar. Mary ainda está dormindo, aquela preguiçosa.

Eu costumo dormir quase sempre até às onze, e depois fico assistindo algumas séries, ou fico vendo alguns filmes. Deve ser por causa da casa que acordei um pouquinho mais cedo do que o habitual.

Hoje apenas quero esfriar minha cabeça e não pensar em nada. Porque amanhã tenho certeza que não vai ser fácil. Nunca consigo ficar tão tranquila quanto gostaria, sempre fico nervosa em conhecer pessoas.

Depois de escolher minha roupa; uma blusinha de manga cumprida e um shortinho de uma malha macia e confortável, saio do quarto e vou em direção ao banheiro. Tiro a roupa e entro para baixo do chuveiro.

Às vezes me pego pensando em algumas coisas. Uma das realidades na minha vida é que me sinto invisível às vezes. Bem, na maioria das vezes. As pessoas simplesmente cagam pra mim, elas nem olham direito pra mim, isso dói de verdade, enquanto para Mary as pessoas só faltam beijar os pés dela. Não sinto inveja dela, não mesmo, me sinto inferior a ela, essa é a grande verdade.

Ela é sempre uma pessoa tão legal, de cara as pessoas já simpatizam com ela, mas eu... Bem, sou sempre simpática com todos, tento pelo menos mas esse problema em me comunicar às vezes atrapalha. Na verdade, isso atrapalhe sempre. Sinceramente não é só esse problema que faz as pessoas não se interessarem por mim, e para ser sincera eu também não sei qual é o problema.

É realmente humilhante quando você se sente ruim, quando você se sente desinteressante, quando fazem você ser assim. Quando você passa despercebida pelas pessoas.

Eu sou tão ruim assim?

É mesmo frustante eu estar pensando nisso. Eu sei que não deveria, mas não é tão simples assim. As pessoas geralmente não me entendem mas não as julgo, eu também não me entendo. Talvez seja por isso que eu me pergunte tanto o que tenho de errado, realmente.

Eu só queria poder ser normal. Ter facilidade em me comunicar melhor, poder dizer o que quero, sem pensar muito, ser mais interessante, ser exatamente, quem eu não sou.

Assim que me enxuguei e me vesti, voltei para o quarto. Peguei minha escova de cabelo e comecei a penteia-lo. O meu computador está ligado, mas eu não mexi nele ainda, faz algum tempinho aliais. Com o celular que eu ganhei no último aniversário, ele não tem tanta utilidade, mas às vezes eu me sento ali pra ver algumas coisas que eu escrevi, lembranças que guardei nele.

Suspirei assim que terminei de pentear meu cabelo, desviando o olhar para a janela do meu quarto. Meu corpo congelou assim que vi aquele garoto. Para piorar me olhando de volta, e para piorar mais ainda, ele estava sem camisa e com uma cara de quem recém acordou. Não é que seja algo ruim, mas.. apenas íntimo, e esse tipo de coisa, sempre fazem minhas bochechas ganharem alguns tons.

Tudo me faz corar na verdade.

Vejo mesmo de longe o seu tronco tatuado, diversas tatuagens parecendo aleatórias no ombro e nos braços, não consigo vê-los muito bem daqui, mas tudo que consigo pensar é;

Quantos anos será que ele tem? Porque é possivelmente preocupante que sua mãe tenha deixado ele cobrir o corpo desse jeito, com tantas tatuagens, tão novo assim. Quer dizer, talvez eu esteja sendo um pouco preconceituosa porém nasci em uma família em que coisas desse tipo não são vistas com bons olhos. Pelo menos agora meus pais estão perdendo essa caretice aos poucos, principalmente depois que Mary colocou piercing no nariz.

Simply Happens [H.S] Where stories live. Discover now