Parte 14

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Junto com o outono, se aproximava o dia de ação de graças, meu segundo feriado favorito. Nessa época, as familias começavam a preparar as decorações de natal, e as cidades ficavam todas iluminadas. 

Eu lembro que, lá em casa, mamãe sempre assava um peru e um frango bem grande, fazia sua famosa salada tropical, e a torta de abóbora, que era a atração principal de quase todas as festas. Vovó e vovô iam lá pra casa, sempre com um presente em mãos pra mim e pro Josh. 

Lembro da vez que vovô deu uma bicicleta pro Josh, e passamos o resto do feriado escutando ele gritar com a perna toda ralada. Josh nunca deu muita sorte em brincadeiras de rua: sempre voltava machucado e com a cara inchada de tanto chorar. Isso quando não quebrava alguma parte do corpo, o que aconteceu mais de uma vez. Já eu, sempre fui mais esperta: quando pequena, subia em todas as árvores que via, e mamãe costumava me chamar de macacaquinha. 

Naquele dia eu estava de folga, e animada pois Rebecca teria de vir pra Mainy acertar o pagamento de Jerry. Tirei metade do dia para resolver algumas coisas no centro, e aproveitei para comprar uma roupa, pois na outra semana, eu iria ir para casa passar o feriado com minha familia, e esse era outro assunto que estava me deixando sem dormir.

Naquele dia que recebi a mensagem de Josh, fiquei intrigada sobre como ele teria descoberto meu namoro, sendo que o jornal nem estava mais em circulação. Mas na internet, como nada passa batido, ja estava em praticamente todos os sites de fofoca sobre o nosso namoro, e Treena teria visto em um deles a nossa foto. Por um lado até que era bom, pois agora não fazíamos nem questão de nos esconder mais: andávamos de mãos dadas pela rua e atualizávamos nossas redes com fotos apaixonadas. Eu nunca fui uma pessoa muito romântica, mas Klaus provocava esse efeito em mim. 

Eu estava preocupada com a reação da minha familia, especialmente de papai. Mas, segundo Josh, mamãe estava muito animada para conhecer Klaus, e papai estava menos, mas também estava. Mamãe convidou a gente pra jantar la no dia de ação de graças, e como na casa dele não tinha ninguém mesmo, ele decidiu ir. Nós insistimos em ficar em um hotel, mas mamãe insistiu para que dormissemos lá aquela noite para voltarmos para Mainy no outro dia.

Rebecca chegou era umas cinco horas da tarde, e nós decidimos dar uma volta na cidade. Passamos no shopping para tomar um café, e voltamos para a casa. Decidimos assistir a um filme e tomar um vinho, e eu estava com tanta saudades disso! 

Quando o vinho deu uma subida pra cabeça, Rebecca começou:

- E, então, namorando Klaus Jones... Qual é a sensação? Temos uma nova milionária em Mainytown?

- Não, milionário é ele, eu continuo na mesma... mas, sabe, ele é tão lindo e carinhoso. Se eu estou rica, é de amor...

- Ai meu deus, gente apaixonada é tão brega! Mas vamos para a parte mais interessante - naquele momento, Becca abre as duas mãos e afasta elas, fazendo um gesto sugestivo.

-Becca! Pelo amor de deus... - eu disse, quase cuspindo o vinho que estava na boca - não tenho o que reclamar sobre isso. 

As horas se passavam e o álcool subia cada vez mais, e junto dele, o fogo de Rebecca para terminar a noite em alguma boate. Eu relutei no início, mas ela me convenceu, e nós fomos numa boate no centro. 

A boate que fomos era LGBT, e eu entendia cada vez mais porque Rebecca gostava desses lugares. As pessoas eram divertidas, respeitosas, não tinham vergonha de dançar como quisessem, beijar quem quisessem e se divertiam sem limitações. Nós bebemos bastante, e como da outra vez, fizemos amizade com o bartender. Raul trabalhava no bar há 4 anos, e seu namorado era dançarino na boate. 

Sinceramente, eu nunca fui a pessoa mais ciumenta do mundo, mas não sei se conseguiria conviver com o fato do meu namorado ficar dançando semi nu em uma boate para várias outras pessoas.

Mr. Stupid JonesWhere stories live. Discover now