Dislexia

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TREZE ANOS ATRÁS.


Seu bebê ter nascido saudável e em um ambiente confortável, foi tudo o que ela esperou durante sua gestação. E agora, o vendo com seus três anos, sorrindo e correndo sapeca como toda criança nessa idade é, fazia seu coração encher-se de felicidade e alívio. Alívio por ter conseguido permanecer com o seu bebê na casa que passou a considerar um lar.

— Aí não, meu amor — disse indo atrás de seu filho, que agora tentava esconder-se atrás do sofá.

— Não! — o garoto revidou com a única palavra, depois de "omma", que conseguiu aprender.

— Jeon, não pode ficar aí — sussurrou, tentando puxar a criança que se mantinha estancada no lugar.

— Não! — bateu as perninhas, fazendo birra para sua mãe o deixar.

— Kookie-ah! — gritou Jimin, o outro garotinho.

Park Jimin, o único filho de seus patrões e o único motivo para ainda estar morando naquela mansão. Era babá de Jimin desde que o menino nascera. Surpreendia-se toda vez que parava para observar os dois pequenos brincando juntos. Jimin era um ano mais velho que seu bebê e mesmo assim eles brincavam em perfeita harmonia. E ela os amava, mesmo que Jimin não fosse seu filho de verdade. Ela o amava quase na mesma intensidade em que amava o próprio filho. E não era só isso, os três tinham um amor fraternal recíproco. Ela os amava, eles a amavam de volta e Jimin e Jungkook se amavam como verdadeiros irmãos que eram.

— Onde está? — Jimin perguntou a ela, que tentou apontar o paradeiro de seu filho com os olhos — Achei! — ele exclamou, puxando o outro e, em seguida, atacando-lhe com cócegas. Ela definitivamente os amava.

De repente, sentiu uma mão familiar apertar seu pulso com força e a arrastar para outro cômodo vazio onde os dois tivessem privacidade.

— Já pedi para não deixar Jimin e Jeon se aproximarem — disse o homem, passando as mãos pelos cabelos em visível desconforto.

— Eu não posso fazer isso — ela suspirou, encarando a expressão impassível do homem à sua frente.

— Pode sim. Você pode e deve! — revidou furioso.

— Isso é uma ameaça? — ela ergueu uma das sobrancelhas, em desafio.

— Não... Só tente parar eles dois por um tempo. Minha mulher não gosta.

— Você está com medo? — encarou-o seriamente.

— Não. Só não quero que minha mulher desconfie.

E com isso, ela se perguntou outra vez: "Como pude amar um homem tão frio assim?", porque foi com esse sentimento chamado "amor", que ela resolveu se entregar ao seu patrão de corpo e alma, enquanto a mulher deste ainda estava na maternidade, cuidando de seu filho Jimin, que havia nascido há pouco tempo. Se ela se arrependia? Sim. Arrependia-se todos os dias ao acordar no quarto dos fundos, na famosa ala dos empregados, mas não se arrependia de ter ficado grávida de seu filho. Só se arrependia de que era filho de um homem errado em sua vida e se sentia ainda mais culpada por ainda viver na mesma casa que ele e sua mulher, como se nada tivesse acontecido. E, com esse pensamento, ela decidiu que não queria mais isso para si e nem para o seu filho.

— Ela nunca irá descobrir.

E aquela foi a última vez que viu o rosto de seu patrão e pai de seu bebê. Também foi a última vez que viu o rosto de Jimin, o rosto que tanto amava e que agora faria parte de seu passado.



Ω Ω Ω


Oito anos atrás.

Dead Inside || jikookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora