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Jungkook sempre se considerou uma pessoa ansiosa. Como nunca conseguiu um certo cuidado do pai, ansiava por isso dia após dia. Ansiava para tirar notas melhores, ansiava para alguém tomar iniciativa e falar consigo, ansiava pela revelação tosca de um programa de televisão de fim de tarde.

Ansiava por uma boa guinada em sua vida, mas ela nunca veio.

Porém, pensou que toda essa guinada seria posta nesse show, o que só fez com que sua ansiedade prosperasse em uma velocidade gritante.

Não sabia qual roupa usar, simplesmente retirou todas do guarda-roupas, até no final escolher o primeiro conjunto que experimentou.

E repetiu o processo com o perfume, o pente de cabelo, o hidratante labial incolor, o texto – mais de um – que fez mostrando tamanha admiração por Lee Ji-eun.

Não é como se fosse um sasaeng, de fato não era, nem tinha tal capacidade. A amava tanto, que no fundo, sentia um extremo respeito por ela e seu trabalho. Sabia o quanto privacidade deve ser importante já que é uma figura pública, então nunca ousou a privar disso, só pra ser lembrado depois.

Por Deus, só queria dar uma boa primeira e última impressão pra mais velha, queria ser lembrado de forma genuína, já que mais ninguém foi capaz disso.

Escolheu três tipos diferentes de pinça, pra consertar o que já estava perfeito em suas sobrancelhas.

Passou a lâmina 10 vezes em seu rosto, pra retirar pelos que não mais existiam ali há tempos, havia retirado os míseros tufos isolados em suas bochechas no dia anterior.

Além de que checou sua aparência três vezes, alinhando cada fio de cabelo.

Até fechar a porta de seu kitnet, conferindo mais duas vezes depois do processo pra ver se estava devidamente trancada.

Do resto, já havia feito tudo: pegou seus documentos, seu ingresso e seu crachá indicando que tinha acesso a artista depois do evento, para fotos e autógrafos.

Não chegaria a ser um fansing, seria melhor, teria 15 minutos cronometrados com ela e seria mais que suficiente.

Afinal, havia planejado cada mísero passo, tinha esse senso de organização um pouco excessivo.

Porém, não programou que o táxi demoraria 20 minutos depois do programado.

— Uh, me desculpe garoto – o senhor se curvou precariamente, por conta de estar sentado – o trânsito não está bom, além de que realmente saí mais tarde, sinto muito.

— Tudo bem – Jeon murmurou, não tendo capacidade de falar mais nada.

Tinha uma sensação estranha, as coisas não estavam saindo dos conformes e ele não se sentia bem com isso.

Céus, se ele programou algo, deve sair exatamente como a todas as possibilidades que calculou.

Mas não calculou um engarrafamento, infelizmente.

Ficou em exatos 43 minutos dentro do carro, já que fez a contagem enquanto tentava controlar a respiração e falhar miseravelmente. Não sabia mais o que fazer, só sabia que teria que correr muito pra conseguir chegar a tempo.

Entrou no local, mostrando o ingresso, indicando que ficaria na primeira fileira, no centro. Depois de mostrar seus documentos, explorou mais do espaço, distraindo-se para esfriar a cabeça.

Qual é? Poderia ter dito para o taxista acelerar quando poderia mas de que iria adiantar? De qualquer forma chegaria atrasado e Jeongguk abominava atrasos. Além de que não era bom com relações pessoais, apenas ficava calado, era melhor, sempre morria de medo de tentar falar e se arrepender depois, tanto da fala em si, quanto do timbre, dizendo que deveria ser ou mais alto ou mais baixo. Estava surtando.

Estava tão imerso em suas própias paranóias que não percebeu onde parou. Deu uma boa olhada no todo, vendo pessoas apressadas com pranchetas, conferindo iluminação, som, filmagem e algo a mais que Jeon não pode identificar. Estava no back stage, e cara, amava aquilo. Sempre gostou de assistir o processo de algo, além dele pronto, sempre teve interesse em fotografia, dos poucos filmes que assistia, sempre reparava nisso.

Porém, não sabia como havia parado ali, nem como voltar. Iria pedir informação até que foi abordado:

— Kim Taehyung até que enfim te achei – ouviu uma moça, que em seguida o puxou pelos ombros – onde estava ein? Te pedi aquele holofote há 30 minutos! Nosso tempo está contado e eu não quero lidar com sua irresponsabilidade agora.

Não sabia o que fazer. Nunca gostou que gritassem consigo dessa forma, era um tanto sensível a gritos por conta de seu pai, então naquele momento provavelmente estava em estado de choque.

Mas afinal, quem diabos é Kim Taehyung?

Talvez fosse uma pessoa parecida com ele, já que aquela moça era ocidental, e geralmente ocidentais demoram a assimilar rostos orientais. Resumindo: é tudo igual mesmo, foda-se.

Portanto, a mulher o puxou mais forte pelo braço, alertando-o — Quero pra ontem a luz e as baquetas do Kang, não quero perder mais tempo por sua conta.

Ótimo, mais responsabilidades para seus ombros. Devia dizer que o tal Taehyung estava te devendo, mas sabia que não conseguiria, por conta de sua timidez monstruosa, então resolveu só pegar a luz e as baquetas logo, antes que o show começasse e sentisse na consciência que era culpa sua que a iluminação estava incorreta.

Seguiu as informações até chegar em uma porta que dizia "armário reserva". Talvez fosse lá, certo?

Girou a maçaneta, mas estava emperrada. Tentou mais duas vezes, até forçar abertura com os ombros pressionando-a, depois de várias tentativas conseguiu abrir a mesma.

Estava escuro, então na tentativa falha de achar o interruptor, a porta se fechou.

Sim, fechou, além de emperrada, a bonita ainda tem sistema de fechamento. Não só isso, como tranca por fora.

Estava preso, realmente as coisas podem piorar.

Porém as luzes automaticamente se acenderam.

Não, esperem, foi alguém, que também estava dentro do recinto.

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'locked' » kth+jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora