• eterno

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Oh céus, eu me vi tão perdida. Tão perdida quando percebi que minha salvação era você. Me vi arruinada, com medo de algo com medo de algo que eu não deveria correr contra, mas sim abraçar e aceitar com amor.

É que quando eu estava no fundamental, aprendi algumas coisas que hoje em dia não uso mais pra nada, literalmente. Mamãe me disse que era assim mesmo, as pessoas nos apresentam um conteúdo que pode até parecer interessante, nos fazem aprender sobre aquilo e gostar, mas depois nos separam do que gostamos e nos apresentam um conteúdo novo, como se o anterior não tivesse importância. E era disso que eu tinha medo: medo de te aprender. Aprender seus laços, suas formas, seu beijo, seu gosto Aprender a amar tudo o que vem de você. E então, depois disso, você ir embora, como se o que eu tivesse guardado de você em mim não servisse para nada além de perda de tempo — e perda de amor.

Droga, eu não queria. Eu tava cada vez mais transpassada entre essas linhas que viviam nos amarrando, dando um nó entre eu e você. E no fim de tudo, meu queixo sempre grudava em teu peito e teus lábios em minha testa. E eu amava isso mais do que à mim mesma. Mas o medo ainda era tanto, tanto...

Eu demorei. Céus, como demorei. Demorei muito para ver que você não iria embora. Demorei para perceber dentre seus pequenos detalhes que você se tatuou em mim, e que era eterno. Que dentro dos oceanos que tinham no meu corpo, você seria a calma da maré na minha alma, e eu simplesmente não sei como organizar as coisas aqui dentro pra te dizer o quanto isso significa pra mim.

Foi tudo muito rápido. Olhar os pequenos detalhes e sentir teu amor. Sentir que dentro dos meus olhos, o seu brilho achou morada. Sentir que à cada vez em que o sol nascer, você estaria aqui, me abraçando e vivendo comigo aquelas manhãs que tem aromas desconhecidos e sensações tão gostosas quanto estourar plásticos-bolha.

Me lembro de uma vez termos comido o miojo no mesmo prato. E naquela tarde dividimos o chiclete ao meio, mesmo que tivesse uma caixa cheinha deles em cima da mesa. E então você leu pra mim aquelas palavras bonitas para dormir. Caramba, eu amei aquilo. A forma em que você cuidou de mim, e que não me deixou abaixar a cabeça para nosso amor. O jeito em que, quando eu duvidei novamente, você veio com a voz branda, dançando comigo por alguma coisa aleatória que saía daquele som velho na sala.

Era tão natural a forma que você olhava para mim. Olhava dentro de meus olhos e sorria por eles, me acolhia com sua respiração no meu pescoço e falava por meio do seu abraço apertado. Pequenos gestos que me mantinham fixa a você.

E eu bem me lembro que quando a dúvida me batia forte de madrugada e eu acordava só pra te ver dormir. Pra te decorar e saber que você estava ali por mim. Por que de tantas, tantas pessoas nesse mundo infinito você resolveu cavar sua vivenda em mim? É nisso que não consigo parar de pensar.

E é por momentos únicos, como o qual estamos agora, onde você acorda e me vê te encarando. Como se pudesse ler a lágrima que descia no meu rosto, me envolveu em um abraço apertado e desengonçado. Me sussurra o quanto eu não preciso ficar preocupada com o mundo a fora, porque enquanto permanecermos ali, estamos bem. Diz que me ama e que vai estar aqui quando o sol voltar, e só aí eu consigo dormir.

Ai, anjo. Me perdoa viu? Me perdoa por duvidar às vezes. Me perdoa por ter medo da tua alma. Ela é tão bela, não me vejo digna disso. E quando olho por dentro de seus olhos, só me sinto ainda mais perdida dentre todo esse seu ser bonito. Sei que você detesta quando te digo isso, mas continuo achando que você vai embora.

Mas sei que tudo deu errado quando duvidei de mais do seu amor. Vi o problema quando, pela primeira vez, você não me abraçou quando eu chorei. Olhou no fundo dos meus olhos e perguntou se o que eu sentia era real. Não te julgo por isso Joon. Sei que deveria confiar em você. Mas é que já perdi tanto, e se eu perder você...

Notei você se afastar, aos poucos. E de repente, nem a caixa e chiclete compramos mais. E o pior: era minha culpa. Duvidar do seu amor, duvidar do que era concreto; eterno.

Então eu corri. Corri para a mais próxima mercearia e comprei caixas e caixas de chicletes, saquinhos de macarrão instantâneo, e carreguei a bateria do som. E naquela tarde, te li as histórias mais loucas nas quais eu já havia escrito pra você. E ao dormir, eu não precisei acordar a noite para chegar mais perto de você, porque senti você me abraçar primeiro pra sentir nossas peles juntas.

E em instantes, tudo o que vi foi aquela mesma cena: meu queixo grudado em teu peito e teus lábios em minha testa. E droga, como eu amo essa sua forma de ser eterno.

Meus cafés e letras por você • knjOnde as histórias ganham vida. Descobre agora