02- LEMBRANÇAS 💭

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E Sarah se sentiu pressionada, a ponto de não saber o que dizer. Apenas ficou mais uma vez irritada por seus amigos ficarem ao lado de Antony.

Então foi até a mesa aonde estavam suas coisas e pegou sua mochila. Quando voltou ao seus amigos indagou:

— Querem saber se uma coisa? Preciso ir pra casa, tomar um bom banho e descansar… tchau…

Falou abrindo a porta e saindo.

Nem ela mesma entendia o motivo de qualquer  assunto relacionado a Antony lhe deixar contrariada. Sabia que não se tratava de ciúmes como Mary já havia dito. Mas não podia negar que talvez algumas questões pessoais do passado fossem as principais responsáveis por tanto ranço.

Após a saída de Sarah, Breno e Mary continuaram se entreolharando e após um tempo caíram na risada.

Mary foi a primeira a falar:

— Isso ainda não terá fim.

Breno completou convicto:

— Talvez seja uma mistura de amor e ódio.

*

Sarah voltou para seu apartamento ainda irritada. Maryene sabia muito bem que ela nutria profunda antipatia por Antony e ainda insistia naqueles comentários.

Ela jogou a mochila no sofá bufando e foi até a cozinha, colocou água para ferver, sabia que um bom chá cairia bem para relaxar. A fim de se esquecer do que seus amigos haviam feito, recolheu as correspondências de debaixo da porta. Seu semblante não foi dos melhores quando abriu cada uma. O preço das contas de água, luz e gás, estavam muito altos.

Então se jogou no sofá completamente aflita e preocupada. Não sabia o que faria da sua vida. Sempre foi independente e dona de si mesma. Há exatamente quatro anos, havia saído da casa de seus pais em meio aos prantos de sua mãe. Eles nunca se conformaram com sua saída, na verdade Sarah não precisava mesmo ter ido embora, sempre se relacionou bem com eles. Seus pais tinham boas condições de ajudá-la, apenas não poderiam lhe dar muitos luxos, mas com certeza não lhe faltaria nada. Porém, Sarah queria mais. Sentia uma necessidade de criar asas, ser livre e dona de sua própria vida.

Se lembrou que no último sábado seus pais a visitaram em seu apartamento. Depois de uma minuciosa inspeção de Meire sob o olhar de repreensão de Tonny, seu pai. Meire exigiu que Sarah voltasse para casa, pois segundo, ela aquele apartamento era pequeno demais e nada aconchegante. Também  reclamou da localidade, somente porque havia passado na tv uma notícia sobre um arrombamento a um apartamento próximo dali. Essa preocupação toda, eram coisa de mãe.  Então apenas ignorou.

Mas agora precisava decidir se continuaria com o aperto financeiro ou engolia seu orgulho e voltava pra casa de seus pais. Sabia que lá seria sempre bem recebida e seus eles ficariam muito contentes.

Após respirar fundo, decidiu deixar a nostalgia de lado. Precisava de um bom banho, descansaria um pouco e mais tarde daria continuidade a seu trabalho de pesquisa da faculdade, estava empenhada naquilo há meses, era o que amava fazer, se enfiar nos livros e estudar. Se dedicava ao máximo, desejava. Se formar e atuar neste campo de pesquisas. Sabia que era boa nisso, só precisava de uma oportunidade.

*

Faltavam poucas horas para o início da cerimônia. Sarah acabava de chegar do salão de beleza.

Estava furiosa, pois havia marcado horário, mas o responsável pelo estabelecimento havia passado outra cliente em sua frente, uma mais frequentadora do ambiente que ela.

Não pôde fazer nada, caso ela não esperasse, não conseguiria dar um jeito em seu cabelo sozinha. No entanto, toda espera ttinha valido a pena, afinal seu cabelo havia ficado maravilhoso. Fizeram um penteado moderno, jogando seus longos cabelos para o lado em uma cascata de cachos. Sua maquiagem era marcante, definindo bem seus grandes olhos verdes. Não gostava muito de se maquiar, raramente passava um rímel ou um brilho labial, Mary sempre insistia para experimentar seus cosméticos e maquiagens, mas ela nunca se interessou. Porém havia decidido que no dia do casamento de sua amiga estaria impecável, por isso escolheu cada detalhe, Já que precisaria estar diante de Antony, estava decidida a não se sentir inferior, ele certamente seria o assunto da cidade e corria risco de sair em algum noticiário, então nada poderia dar errado,

O seu vestido estava em cima do sofá, Enfim, ela respirou fundo. Seus nervos estavam à flor da pele. Antes de ir para o quarto ela se distraiu em frente a uma fotografia na estante,

se tratava de uma uma imagem sua de quando ainda usava aqueles aparelhos horríveis. Sarah se aproximou, pegou o porta retrato e se recordou de uma cena da sua adolescência .

Sarah tinha 16 anos…

"Ela observava os rapazes na quadra da escola que estavam treinando para um campeonato importante. Entre eles estava Antony, com seus cabelos escuros encharcados de suor. Ele fazia altos dribles deixando todos vidrados com seu talento. Algumas garotas estavam na arquibancada, torcendo e se oferecendo com todo o seu libido adolescente.

Os garotos estavam tão empolgados com as belas moças que não notaram a presença de Sarah. Mas talvez assim fosse melhor. Muitas das vezes ela queria mesmo era ser invisível, preferia continuar no anonimato.

De repente uma pancada forte lhe atingiu. Antony havia chutado a bola lançando ela para fora lhe acertando em cheio.

Sarah se desequilibrou e caiu no chão, seus óculos voaram para longe e ainda teve seu cotovelo arranhado, mas o leve ferimento não era tão doloroso quanto ver todos ao redor a observando e rindo daquela cena, havia se tornando o centro das atenções.

Ainda no chão, suja e ferida, percebeu que era o próprio Antony quem corria em sua direção, a cena pareceu acontecer em câmera lenta. Seus cabelos balançavam na medida em que ele corria, enquanto seus olhos verdes brilhavam feito duas esmeraldas se destacando em contraste com o sol.

Quando se aproximou, Antony a ignorou por completo, parecia simplesmente não enxergá-la. Ele recolheu a bola e voltou ao campo rapidamente.

Um semblante de decepção se formou no rosto da jovem de cabelos cacheados e um par de olhos também verdes.

Sarah limpou sua roupa dando tapinhas a fim de expulsar a poeira enquanto procurava por seus óculos, então o colocou de volta no rosto sentindo um leve ardor no cotovelo direito.

— Babaca! Podia pelo menos ter pedido desculpa!— exclamou bufando."

Por este motivo, ninguém lhe convenceria de que Antony Sillve não passava de um metido. Mas ela sabia muito bem que jamais a entenderiam, principalmente seus fãs como Mary, Breno e toda sua família. Até mesmo seus próprios pais o admiravam. No outro dia Tonny, seu pai, estava assistindo a um comentário esportivo na TV, quando o jornalista criticou Antony, seu pai logo reagiu e saiu em defesa do "Senhor perfeitinho". Sarah sabia que esta era uma batalha difícil de vencer. Por isso respirou fundo e foi para seu quarto, se aprontar para não se atrasar.

TORCENDO POR NÓS (Completo e Reescrito)Where stories live. Discover now