Capítulo 50

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Eva

Fico o resto do intervalo todo conversando com Clemente, quando o sino toca anunciando o retorno das aulas Clemente se levanta e vai embora se despedindo com um sorriso tímido ao sair da biblioteca. Eu demoro mais um pouco para subir para aula, ponho a chave no lugar e digito a senha logo em seguida depois giro a chave na porta da sessão restrita e entro fechando a porta atrás de mim ao entrar. Vou atrás de um livro que já li inúmeras vezes antes, mas nunca me canso de reler. Ao pega-lo saio da sessão com ele nas mãos, pronta para coloca-lo na mochila quando ouço passos lentos se aproximando, a princípio penso que se trata de Malaia, mas ao levantar o olhos, vejo Kora parada à uma mesa de distância de mim.

- É a sessão restrita não? - ela aponta para a porta ao se encostar na mesa. - Não sabia que tinha a senha. Claro que tem, sua avó é a diretora, que inocência minha.

Está sendo debochada.

- O que foi pegar lá dentro? - me pergunta curiosa. - Afinal, que livros possuem aí dentro? Fiquei curiosa.

- São enciclopédias raras e únicas. De escritores milenários. - eu respondo. - Apenas algumas pessoas na cidade tem autorização de vê-las. Algumas são bem frágeis e precisar ter cuidado para manuseá-las.

- É mesmo? - levanta a sobrancelha e o canto da boca. - E quem escreveu esse que você pegou?

Eu seguro o livro com força logo o colocando dentro da mochila e a fechando. Não era para ela estar aqui.

- É apenas um livro velho que minha avó insiste em manter aqui. - digo inventando quakqur coisa. - Eu agora mesmo estava indo...

Sou interrompida por ela.

- Estava indo o jogar fora imagino? Pensei que gostasse de livros antigos, não foi o que me disse? - Kora da uma risada breve e forçada. - Cadê seu apresso pelas antiguidades? Mas deixando de lado isso, Eva, querida. Só quero ser bem clara e realista com você, eu sei o que é um grimório. E com certeza esse que pegou aí é bem velho mesmo. Diria que tem uns dois ou três séculos. Acertei?

Engulo em seco. Como ela pode saber disso?

- Que foi? - ela se desencosta da mesa e ficando de frente para mim. - Ficou surpresa que não sou tão ignorante quanto os outros dessa cidade estúpida?

Não falo nada. Não sei o que dizer. Só preciso sair dessa biblioteca e ficar longe da Kora. Algo nela está diferente, assim como as meninas disseram, ela não é a mesma desde aquela festa do Omenadiel, quando Átila decidiu apagar a memória dela. Tem algo enigmático e muito obscuro na forma que ela fala e age, algo que não estava ali antes, e agora está, que me assusta muito. Eu não sei o que Átila fez, mas ele dispertou algo nela e precisa dar um jeito.

- Eu sei que a cidade esconde segredos, alguns piores que outros. Principalmente as Famílias que moram nas fazendas. - ela argumenta já que permaneço em silêncio. - Qualquer um no meu lugar ignoraria as desconfianças e pressentimentos, talvez com uma ajudinha de hipnose. Mas eu não sou qualquer uma, e quando ponho algo na cabeça, não descanso até descobrir.

A Cidade de Sânge: O Colégio Lunar [Concluído]Where stories live. Discover now