A Cidade de Sânge: O Colégio Lunar [Concluído]

Capítulo 25

Eva

Me chamo Eva Lunar, nasci e moro em Sânge, Romênia. Uma pequena aldeia perto da digníssima e maravilhosa cidade da Transilvânia. Eu sou uma vampira, na verdade, uma vampira e meia. Minha mãe é humana e meu pai um vampiro. Sou filha de Salazar Lunar e Diana Lunar, uma das poucas humanas que sabe sobre o segredo da cidade e seus moradores, sou neta da Matriarca da nossa família também, Eda Lunar, líder do nosso clã, os Înțelepciune, somos considerados os mais sábios e justos de toda a aldeia, por isso cuidamos da parte jurídica e educacional de Sânge.

Aqui na nossa aldeia as coisas funcionam de um modo diferente das outras cidades da România. As familias dos vampiros mais antigos da aldeia são todas divididas em clãs, somos três clãs no total, os Pură, as famílias mais nobres e donas de quase tudo na aldeia, os Înțelepciune, do qual eu faço parte com minha família, os sábios e justos, e por último, os Umbră, são a ovelha negra das famílias, todos ou famílias pertencentes a esse clã, são pessoas ruins e extremamente desequilibradas, nunca tiveram uma excesão nesse requisito. Mas eu diferente de todos, acredito em milagres, quem sabe um dia alguém dos Umbră possa fazer algum bem a nossa sociedade. Cada clã tem seus ofícios sociais na aldeia. Mas porém existem aqueles que não fazem parte de clã algum, esses são os "fără geneză", como nós os chamamos. Eles são moradores recentes, ou aqueles que não são portadores de nossa genética vampiresca ou não foram transformados, então são considerados pessoas normais, assim por dizer. Eles são alheios a tudo que ocorre na aldeia referente aos clãs, na verdade muitos deles nem imaginam que nós nos dividimos assim, esses não fazem a mínima ideia da existência de vampiros em Sânge, apenas das lendas que circulam sobre nós. Mas essas lendas são o bastante para deixar algumas pessoas da aldeia com medo dos vampiros modernos que supostamente vivem entre eles. Esse é o grande segredo monstruoso que guardamos à milênios. Aqueles que nos temem vivem em uma parte da cidade separada das demais casas e fazendas, fora dos muros que cercam nossa pequena aldeia, poderia dizer que nem fazem parte da sociedade de Sânge, eles são os humanos supersticiosos e religiosos, mas não possuem provas contra a gente, porém vivem fazendo passeatas e protestos na frente da prefeitura, para chamar a atenção do prefeito para as causas deles, alegam que a cidade precisa de uma purificação divina para expulsar os vampiros das terras. Então é ai que sabemos que eles apenas acreditam nas lendas e não sabem a verdade, pois nem imaginam que o próprio prefeito é um de nós. O resto dos moradores nem acreditam 100% nessas histórias de criaturas malignas. Eu pelo menos no lugar deles, também iria preferir negar sobre a existência de vampiros a todo custo.

Porém todos vivemos em paz na aldeia, eu estaria mentido se dissesse isso. Fora dos campos, das casas e propriedades modernas da aldeia e além das fazendas antigas, temos as Florestas do Norte, nas quais foram invadidas por um tipinho de gente maltrapilha, não que eu seja preconceituosa, mas eles são sem dúvidas repugnantes ao meu olfato, eles são os lobos. A muito tempo atrás, antes deu nascer, uma tribo de lobos nômades se programaram donos das florestas que um dia pertenceu a minha família e a família Petran, as mais antigas em Sânge, na verdade foram as duas famílias que fundaram a aldeia, isso antes dos humanos também decidirem se estalar por aqui o que foi bom para os vampiros que se alimentam de sangue. Essa tribo se achou no direito de invadir nossas terras e construir casas para eles bem no meio das nossas florestas sagradas. E isso foi o gatilho para que as famílias dos clãs de vampiros se revoltasse contra a tribo, e uma longa guerra fosse travada, repleta de muitas mortes, de ambos os lados, perdas imensuráveis, famílias destruídas, e um ódio mortal nasceu em meio as duas raças. Eramos muito mais do que hoje em dia, eles também tinham mais famílias e pessoas em sua tribo.

O tempo passou, e mesmo depois do cessar fogo dos dois lados, o ódio apenas continuou crescendo, ódio vindo dos lobos. Eles acreditam que se vigando de nós trará algum conforto a eles, eu sinto em dizer, que não. As pessoas mortas da tribo deles, pela nossa raça, não irão voltar dos mortos, e não haverá recompensa nenhuma com mais mortes do nosso lado também, pois a tribo não foi a única a perder famílias inteiras e pessoas queridas como eu disse. Mas o lado egoísta dos lobos fala mais alto que a verdade e a sensatez. Minha família foi uma das poucas que não se envolveram na guerra, minha avó não achou corretor os expulsar dessa maneira, ela disse naquela época e continua repetindo que eles apenas queriam um lugar para chamar de seu e conseguiram, disse também que as florestas podiam ser deles, mas os lideres dos outros dois clãs não concordaram, principalmente Tibery Petran, antigo líder dos Pură, ele decretou guerra a tribo, que revidou da melhor maneira.

Mas como eu disse, houve um apaziguar das disputas pelas florestas do norte. E lamentavelmente líderes foram mortos e famílias tiveram grandes perdas. Mas tudo serviu para mostra-lhes que nada daquilo mudaria o futuro, como minha avó havia dito. A tribo continua morando nas florestas do norte, como de se esperar, e nossa raça continua vivendo da mesma maneira de antes, mesmo que agora com mais cautela, afinal não podemos deixar que os humanos normais saibam o que somos de verdade, é uma lei entre os vampiros mais antigos da Romênia, pois há outros espelhados pelo país e quem sabe pelo mundo, mas os Umbră não ajudam muito nisso, e vivam quebrando as ordens de Tobias Petran, o novo líder dos Pură, e nosso queridíssimo prefeito. Isso atrapalha um pouco o prefeito e as outras famílias a ganhar a confiança dos humanos que acreditam nas lendas. O líder dos supersticiosos e religiosos, é o pastor James, o fundador da igreja crista alem dos muros da aldeia, que já desconfia demais de nós, principalmente das três famílias principiais, a minha, Família Petran e a Família Lungu.

Eu sempre digo que sou feliz por não ter feito parte disso, no caso digo a disputa pelas floresta do norte, pois eu odiaria fazer parte de uma guerra na qual eu não fiz nada para morrer em meio a ela, pois minha família, como eu havia dito, não participou dessa guerra estúpida que travaram sem razão alguma. Minha família se dá muito bem com as famílias da tribo, na verdade, as três famílias do meu clã, Lunar, Yoiw e Ardelean, se dá bem com a tribo. Até porque os filhos deles estudam na escola de minha avó, a única escola da aldeia por sinal, apenas as crianças dos cristões que moram além do muro que não estudam lá. Mas os pais das crianças da tribo não tiveram receio de colocar seus filhos lá, pois desde o princípio Eda Lunar deixou claro sua opinião sobre a tribo, e o antigo líder do clã deles ficou grato a minha avó por apoiarem.

É claro que isso foi algo que Tibery, não aceitou, então por achar que os Înțelepciune estavam indo contra suas ordens, os puniu por um longo tempo, os mantendo sem alimentação, as três famílias foram proibidas de caçar e se fossem vistas se alimentando seriam executadas. Quando ele veio a falecer junto com seu irmão, foi um alívio para as três famílias, seu filho, Tobias, tomou seu posto como líder e deu fim a punição. E eu agradeço até hoje por não ter nascido naquela época, pois além de minha avó, meus pais também pegaram essa época obscura para meu clã. Durante o tempo da seca, como essa época foi chamada, os filhos de Giovana Yoiw morreram, deixando apenas ela e sua neta, que ainda era apenas um ser sendo moldado no ventre de sua mãe, que por sorte conseguiu dar a luz antes de se juntar ao marido. A família Ardelean também perdeu o seu Patriarca, durante a seca. Um vampiro que não se alimenta regularmente de sangue, acaba ficando fraco e se desfaz, simplesmente assim, vira pó. Tobias Petran, deu um novo rumo a história, ele é um líder sem igual, depois que assumiu o posto decretou paz entre as raças. Pelo menos essa paz está sendo mantida por um tempo, e eu me surpreende que ainda esteja durando bastante. Apenas algumas richinhas ainda são travadas, mais por falta de visão dos adolescentes, e descendentes das antigas famílias que acham que sabem o que houve entre seus pais antigamente. Na escola vejo as viradas de olhos, briguinhas, intrigas e deboches vindo dos dois lados, sejam dos Pură, um dos nosso ou dos Lupi, um dos clãs da tribo.

Os Lupei, do clã Lupi, odeia a Família Petran, pois foi o antigo patriarca da família, o temido Tibery, no qual eu também odeio, quem matou o líder dos Lupi, pai de três jovens, Makenna, Clemente, que moram na aldeia, e Dário que foi embora à muito tempo. Makenna vive ameaçando os dois irmãos Petran de se vingar pela morte do pai. Átila Petran, o irmão mais velho da família, adora provocar a menina dizendo que ela será a próxima se continuar no caminho dele, da família e do clã Pură. É assim quase todos os dias, chega a ser repetitivo os insultos e as briguinhas dos dois. A maioria já está cansada daquilo, eu nem falo nada.

Makenna é uma menina de personalidade forte e voraz. Está sempre pronta para atacar ou se defender, ela acha que a vingança é o único caminho, diferente de seu irmão, Clemente, que é um menino doce e na dele, não gosta de confusão e de brigas, eu o vejo raramente nos corredores de Lunar, pois vive na biblioteca da escola, onde por coincidência ultimamente tenho passado a maior parte dos meus tempos livres, supervisionando Malaia Demetris, que é nossa mais nova bibliotecária. A senhora Deler, se aposentou no final do ano passado, ela era humana, uma senhorinha muito gentil e amigável.

Os irmãos Petran são os garotos mais populares da escola. Vivem desfilando com seus carrões de luxo e seus rostos bonitos, sorrisos que dizem: sabemos que somos os melhores. Não são nem um pingo humildes e gentis com absolutamente ninguém. Nem mesmo com aqueles que fazem parte da nobreza que nem eles, e que são amigos deles, todos ao redor dos dois são motivos para deboche e brincadeiras de mal gosto.