capítulo 49

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  Três semanas depois|

Mariana📌

Mariana: O que que você tá me dizendo, mãe? — Falo com os olhos carregados em lágrimas.

Luciana: Filha, eu quero que você entenda que...

Mariana: Você não quer que eu entenda nada! — falo alterada —  Quer que eu sorria pra você e diga "nossa mãe, que maravilha! Meu pai que sumiu durante quase 15 anos, que não deu um único sinal de vida, agora está de volta. Que coisa linda!" E ainda me diz que quer por ele dentro da nossa casa? Quer uma família feliz de volta, mãe? Por que eu não me lembro de momentos felizes. — Falo nervosa.

Luciana: Mariana, por favor. Tudo que ele fez foi para o nosso bem. Ele não nos deixou por que quis. Nos deixou pra não nos colocar em risco. Ele é o teu pai, Mariana! Teu pai!

Nego com a cabeça chorando.

Mariana: Burra. É isso que você é. Burra.

Cristina: Mari..!

Mariana: Acha que ele voltou só agora porque? Por que com certeza ele tá sem grana, sem ter pra onde ir, a outra família dele deve ter dado um pé nele... se tiver só mais uma família ainda tá bom né. Deixou você na mão por anos. Te abandonou com filha nos braços e não deu nunca mais um único telefonema. Você é burra,mãe! Burra.

Luciana: Mariana não fala assim comigo, filha.— Diz chorando.

Mariana: Eu não pedi por isso, mãe.— falo chorando—  Eu não pedi por isso. A gente viveu muito bem até agora, não precisa mudar. Eu já sei que não tenho pai, nunca tive e não é agora que eu vou ter.

Luciana: Você querendo ou não querendo, nós vamos recebê-lo aqui em casa. Tudo que ele fez foi pra nos proteger, se não voltou antes foi porque não conseguiu.

Mariana: Logo você,mãe! — grito nervosa—  Logo você que sempre quis me ver longe da favela, longe de bandido, longe dessa vida! Belo exemplo o seu, que casou com um presidiário, que por amor colocou você em risco, que viveu na favela e nunca, NUNCA, me disse isso. Além de tudo ainda é cercada de mentiras.

Cristina: Mari, minha querida. Sua mãe está nervosa.

Mariana: Tem que estar mesmo, tia. Tem que estar por que ela vai ter que pensar em um jeito de resolver isso. Eu tô avisando, se esse homem entrar por uma porta, eu saio pela outra.

Vou falar mais algumas coisas, mas meu estômago embrulha e alguma coisa ruim vem pra minha garganta.Corro pro banheiro do corredor e abro a patente, em seguida jogo lá minha última refeição.

Luciana: Filha, tudo bem? O que aconteceu?

Cristina: Mari, quer que a tia te ajude?

Mariana: Sai daqui! — Falo nervosa e chorando, fecho a tampa e dou descarga.

Lavo a boca e escovo os dentes, me sento no chão chorando.

Mariana: Por que que esse inferno tem que acontecer agora? Em? Tava tudo tão bem! Por que que esse homem tem que voltar?—Falo chorando.A porta do banheiro abre e eu vejo minha tia.

Mariana: Tia, por favor.. — Falo entre lágrimas.

Cristina: Não, amor. Deixa esse assunto pra lá. Eu quero falar é de você.—Olho pra ela sem entender.

Cristina: Já é a terceira vez essa semana...

Mariana: Não, tia, não. Fora de cogitação.—Me levanto e vou pro quarto.

Pego o celular e ligo pro Dudu, conto tudo pra ele, tudo o que minha mãe me disse, eu mais choro do que conto mas ele me entende, e diz que está passando aqui pra me buscar.

Ligação.|

Dudu: Vou te levar pra comer e depois tu dorme aqui em casa. Já avisei a Nina.

Mariana: Tá.— Falo com voz de choro.

Fim da ligação.|

Pego uma mochila e coloco uma roupa dentro. Me arrumo rapidinho e meu celular toca.

Ligação.|

Mariana: Oi.

Rômulo: Mari, aquele dia tu ficou com o meu carregador na tua bolsa, posso passar aí pra pegar? To precisando.—Ri

Mariana: Eu levo aí.

Rômulo: Tá, o que aconteceu. Cê tá chorando?

Mariana: Não.— Falo já começando chorar-

Rômulo: Mari que que foi, anjo? O que aconteceu?

Mariana: Nada, eu levo aí teu carregador daqui a pouco.

Rômulo: Tá mas tu quer que eu vá aí? Você tá bem?

Mariana: Não eu não tô.— falo chorando—  O Dudu tá vindo me buscar, depois eu vou aí.

Rômulo: Ah o Eduardo. Então ele é a solução dos teus problemas?

Mariana: Não começa, não agora.

Ouço ele respirar fundo.

Rômulo: Tô te esperando.

Fim da ligação.|

Saio de casa e só aviso minha tia , segundo ela minha mãe chorava muito no quarto.Vou de encontro com o abraço do Dudu.

Dudu: Ô, minha princesa.— me abraça fazendo carinho nos meus cabelos.

Começo a chorar no abraço dele e ele limpa meu rosto.

Dudu: Olha pra mim. Vai ficar tudo bem, eu tô contigo. Tá bom? — Beija meu rosto.

Depois que ele me acalma, ele me leva pra uma pizzaria.Eu estava com muita fome, ultimamente eu tenho vontade de comer de meia em meia hora parece, e eu como muito.

Me acabei em uma pizza de calabresa e na coca cola. Enquanto isso, a gente ficou conversando.

Mariana: Posso te pedir um favor?

Dudu: Pede.

Mariana: Me leva na casa do Porto. Eu preciso entregar o carregador dele.— Ele revira os olhos mas concorda.

Dudu: Só não vai ficar lá. Minha irmã já arrumou tudo pra tu dormir lá.

Mariana: Tá.

Dividimos a conta e saímos da pizzaria. Ele sobe o morro e para em frente à casa do Porto.

Bato na porta e espero ele abrir.Ele abre e eu o encaro, então ele me puxa pra dentro.Tiro o carregador da bolsa e entrego pra ele.

Rômulo: Ae, obrigado. Meu outro quebrou.

Mariana: Tá, eu to indo. — Me viro.

Rômulo: Mari.. que que tá acontecendo?

De novo me dá aquela vontade de jogar tudo pra fora, um mal estar.

Mariana: Da licença.—Corro pro primeiro banheiro e abro a patente...

Rômulo: Eita, porra. — ergue meu cabelo — Mano...

Mariana: Cala a boca.— Falo com tontura.

Me levanto e lavo a boca. Pego um chiclete do meu bolso e coloco na língua, em seguida respiro fundo. 

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𝐀𝐓𝐄́ 𝐎 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐋Where stories live. Discover now