Capitulo 16

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Pov - Amanda

Não olha pra baixo...

Não olha pra baixo...

Não olha pra baixo...

Digo assim que alcanço o beiral da janela.

Seguro com cuidado e me preparo para atravessá-la. Passo primeiramente minha perna direita, seguro-me pelo lado de dentro para ter um melhor equilíbrio.

Despencar e cair não é uma opção.

Respiro fundo e passo a outra perna entrando de vez no quarto. Olho para baixo e vejo Andreus piscando pra mim e tirando a escada.

Observo o quarto e constato de vez que se trata do quarto de Eduardo. A cama completamente desarrumada, o que me faz revirar os olhos.

Adolescentes...

Escuto o som do chuveiro e me sento em sua cama esperando que o mesmo saia. Mal se passa um minuto e eu já estou arrumando sua cama. Não aguento ver bagunça.

Aproveito também para jogar o lixo do chão na pequena lixeira que tem ao lado de sua mesa - que continha vários livros jogados. Pego suas meias e roupas e jogo em um sexto.

Oh menino bagunceiro.

Empilho seus livros um em cima do outro, alguns coloco em sua estante. Arrumo sua mesa decentemente, colocando suas canetas e lápis em um pote. Ótimo! Agora sim dá pra estudar.

Coloco seu notebook em cima da mesa e seus fones também.

Olho para as paredes e vejo alguns de seus desenhos em alguns quadros. Realmente ele era muito talentoso. Sabia desenhar uma pessoa muito bem. Enquanto eu desenhava para as crianças um círculo como cabeça e alguns rabiscos como o resto do corpo.

Ao menos um porquinho eu sei desenhar. Uso a letra E para fazer focinho, um O para o olho, um S para o rabinho e dois W's para as patinhas.

E pronto! Ligue os pontos e teremos o porquinho mais bonitinho do mundo.

Assim que termino voltou a me sentar em sua cama, mas antes pego seu caderno de desenhos e começo a folhea-lo. Tiro minha sandália e coloco meus pés sobre sua cama.

Não sou obrigada a nada.

Vejo as paisagens que ele desenhou. Suas irmãs brincando. Seu irmão. Seu primo. Seus pais. E acabo descobrindo de onde vem sua inspiração. Continuo a folhear e vejo um desenho meu também, eu sorrindo comendo um bolo. Parecia uma fotografia de tão detalhada.

Os fios do meu coque soltos, alguns em meu rosto. Eu sentada na bancada com um pedaço de bolo na mão e sorrindo para alguém. Acho que era para Jô, um pouco antes do piquenique.

E foi então que percebi que eu também era especial para ele, e isso de certa forma me ajudou a vê-lo melhor. Ele preferia se expressar através de seus desenhos, detalhando tudo o que via e sentia.

Ele estava se tornando um homenzinho e não sabia lidar com isso. O que me deixou ainda mais emotiva foi ver que havia outro desenho meu, dessa vez brincando com suas irmãs.

Eu amo esse menino meu Deus.

Fecho seu caderno e o coloco ao meu lado. Cruzo os braços e escuto a porta do banheiro ser destrancada e um Edu completamente surpreso passando por ela.

Eduardo: o que faz aqui? - pergunta confuso passando a toalha em seus cabelos.

Que fofo meu Deus!

Amanda: você não saia do quarto e nem atendida ninguém que batia na porta, então pulei a janela - dei de ombros e ele começa a me olhar como se eu fosse uma maluca.

Uma Babá de Outro MundoWhere stories live. Discover now