Capítulo 20

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Os primeiros raios de luz do dia chegaram à Greenhills, o alvorecer havia chegado.
Rhons caminhou até a carruagem cheia de explosivos, em um armazém nos subúrbios da cidade, que determinaria o início do ataque.
Sangue seria derramado. Rhons tinha certeza de que ambos os lados perderiam uma quantidade enorme de vida. Com isso em mente ele acendeu o pavio, mas era necessário, não havia outra maneira.
O líder rebelde correu quando a corda começou a diminuir rapidamente em direção aos barris, prestes a explodir.
Rhons virou a esquina e entrou em um prédio quando um grande BOOM! Soou. O líder rebelde escutou os gritos eufóricos e sanguinários de seus homens atacando os guardas da cidade. O ataque havia começado.
Rhons sacou à velha – porém eficiente – espada e saiu do prédio. As ruas da cidade estavam um caos, pessoas corriam e se chocavam umas contra as outras para evitarem o grande confronto na Rua Principal. Rhons gritou, mais alto que a multidão que corria desesperadamente.
- Vão para a Rua das Laranjeiras! – a rua no canto oeste da cidade, onde certamente estariam em segurança. – Lá ficarão seguros!
O líder rebelde não esperou para ver se os cidadãos cumpriram sua ordem. Ele partiu, de telhado em telhado em direção à Rua Principal.
No topo dos telhados, Rhons conseguia ver a confusão generalizada nas ruas da cidade, ele sacou o arco que mantinha nas costas e fez questão de acertar alguns guardas antes de voltar a correr e pular entre os telhados.
Ele desceu em uma rua próxima e correu, evitando habilidosamente o confronto entre alguns guardas e rebeldes até a esquina que se ligava na rua principal.  O líder rebelde sacou a espada e seguiu para a rua, que era um caos de sangue e construções destruídas.
Um guarda, completamente ensanguentado avançou de encontro a Rhons, que desviou com uma graciosidade mortal. Rhons se virou rapidamente, acertando uma joelhada brutal no estômago do guarda, que recuou e ofegou pela falta de ar.
Agindo instintivamente Rhons atirou uma de suas adagas, que acertou perfeitamente a testa do guarda.
O líder rebelde avaliou mais uma vez a situação da Rua Principal. O plano havia funcionado perfeitamente, os guardas, tentavam formar uma linha – completamente desorganizada, devido ao ataque inesperado. Rhons embainhou a espada e sacou o arco. A mira do jovem não era perfeita, mas, tomado pela adrenalina e sede de sangue, Rhons acertou alguns outros arqueiros antes de prosseguir, para ajudar a tomar a Rua Principal de Greenhills.

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Martin foi acordado às pressas. O alvorecer mal havia chegado quando levantou-se e saiu correndo dos próprios aposentos para acordar também, os irmãos Havenblade. A cidade estava em caos. De uma pequena ponte que ligava a ala dos guardas com a dos convidados, Martin conseguiu ver toda a confusão sangrenta que Greenhills estava se tornando.
O jovem mago bateu na porta dos aposentos e Keeran, logo atendeu.
- A cidade está sendo atacada por rebeldes. Pegue seu cajado e uma espada, provavelmente aquela criatura irá aparecer para o banho de sangue.
- Certo... Ajudaremos nas muralhas então? – perguntou Keeran.
- Provavelmente, mas apenas Sor e Morrison irão dizer o que é melhor fazer. – respondeu Martin, apreensivo – Acorde Cerridwen e diga a ela que se esconda nos fundos do castelo.
Keeran assentiu e acordou a irmã, que cambaleou ao se levantar. Martin pegou uma maçã que estava em cima da mesa e a entregou.
- Nós voltaremos, se esconda nos fundos do castelo até voltarmos.
Cerridwen pegou a maçã e deu um possível último abraço em Keeran, que engoliu em seco.
- Cuide bem do meu irmão - disse ela à Martin que assentiu em concordância.
Assim que Cerridwen saiu do quarto de hóspedes do castelo, Martin e Keeran correram o mais rápido que podiam, para o pátio principal, onde Sor os convocara.
Sor começou a falar no exato momento em que os jovens adentraram o pátio e se reuniram entre os guardas presentes.
- Guardas! Tenho uma notícia decepcionante para contá-los. Morrison foi brutalmente assassinado por algo... Terrível, provavelmente tenha alguma ligação com o ataque dos rebeldes que está acontecendo agora. Não podemos perder a cidade para aqueles marginais. Eu necessito que dois pelotões de vinte guardas reforcem a segurança nas muralhas. Também preciso de dois pelotões para fazer a segurança total do castelo. – Sor apontou para Martin e Keeran. – Vi os dois treinando, usem sua magia para proteger a cidade, o que assassinou Morrison não era humano e muito menos animal.
Martin engoliu em seco e assentiu. Morrison provavelmente foi assassinado pela criatura, eles teriam que dar um fim nisso. O monstro provavelmente adorava alguma carnificina, então era extremamente provável que aparecesse durante o ataque.
Antes de sair da sala, como um relance de memória, Martin se lembrou.
- Onde está Lady Nymeria? – perguntou a Sor.
- Desaparecida, embora seja a maior suspeita pelo assassinato de Morrison, já que ela foi à última pessoa que ele viu.
Choque e terror tomaram os olhos do jovem mago. A mulher que se apaixonara... Que salvou sua vida naquele ataque...
- Vá, meu filho, e acabe com isso – murmurou Sor.
Martin assentiu andou até Keeran, os olhos lívidos pela raiva e pelo ódio da criatura que assassinou seus pais, sua irmã.
Os dois magos correram até as muralhas do castelo e as subiram pela grande escada de madeira, que os guardas usavam para vigiar.
Martin sacou o cajado. Keeran fez o mesmo e sacou o cajado simples.
Eles fizeram questão de olhar para a cidade em caos uma vez, pessoas desesperadas gritavam, guardas e rebeldes caíam e sangue escorria nas ruas.
Martin concentrou a magia e usou Caminhante de Mundos como receptáculo. A pedra vermelha brilhou conforme aquela grande presença, como a mão de um deus, fez o jovem mago sentir o véu no qual era feito o mundo se distorcer quando ele lançou a grande onda de magia.
A onda avançou por todos os limites da cidade, fazendo com que muitas construções de pedra se abalassem com o ataque. Alguns guardas e rebeldes caíram no chão. O ataque havia sido bem-sucedido, Martin chamara atenção o suficiente, a criatura viria.

A Cidade da EscuridãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora