30° - Suco de maçã, chiciletes de morango e holofotes.

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"Como um coração como o seu pode gostar de um coração como o meu? Como pude ser tão cego? Você abriu os meus olhos."

Heart Like Yours – Willamatte Stone

(Capítulo Extra-Grande! – 11615 palavras)

(Aconselho lerem esse capítulo com a internet ligada!)

(Apertem o play quando eu pedir - a música está no multimídia- e boa leitura!)

                       [...]

O barulho que a colher fazia contra a xícara de Shawn era reconfortante. O mesmo gostava de chá com uma quantidade relativa de açúcar, mas pareceu colocar mais do que o costume para surtir o efeito de calmante. Suas mãos ainda tremiam, e não era só por causa do frio que fazia naquela madrugada.

Bebiam o que o senhor Sam trouxera: Chá de Hortelã. Ninguém é acostumado e por tanto açúcar num chá como esse, por isso McGraw conseguia ver de longe que Mendes estava nervoso. Coraline e Shawn estavam sentados frente a frente, nos sofás da recepção do apartamento dela, mas não se encaravam. A menina não quis subir para sua própria casa, até porque precisaria poupar toneladas de burocracia para aquilo e a ansiedade não deixaria.

A posição que tinham para si mesmos parecia levemente que ambos iriam se interrogar a qualquer hora, tipo aquelas séries criminais onde o que dividem as pessoas é apenas uma imensa mesa com pastas e provas. No caso deles, era só uma mesa de centro antiga com um bocado de flores artificiais enfiadas num vaso nada charmoso. Bem típico do Brooklyn. Cora amava aquele vaso.

Tom observava ambos enquanto se mantinha recostado no balcão de Sam. O bom senhor ainda se encontrava por ali, junto do cabeludo, e parecia o mais tranquilo de todos os que se mantinham no local. Talvez fosse pela surpresa de ter alguém com Coraline que não fosse bichinhos ou a própria Abby. Era um homem. E aquele olhava para ela de forma afetiva.

Sam parecia, na verdade (e novamente), um vovô coruja. Já imaginava o que poderiam ter feito um com o outro e se as chegadas de McGraw de madrugada tinham uma origem vinda dele. O garoto tinha cara daqueles galãs de novela da época que tal senhor era mais jovem, tinha um bom comportamento aparente, cabelo aparado e não parecia mal intencionado.

E não tinha como ser. Shawn ainda sentia como se estivesse com resquícios de álcool no corpo, mas nada que o fizesse perder o controle e segurar os pés de Cora como um agarradinho de brinquedo. Talvez se tudo estivesse acontecendo em mínimos 40 minutos atrás essa cena poderia ser bem possível, mas Tom o enfiou debaixo de uma ducha morna que o mesmo nomeou de "vai, nosso táxi vai chegar logo e você precisa tomar vergonha na cara".

McGraw segurava a xicara com as duas mãos e subiu os dois pés para o sofá quando, finalmente, decidiu falar algo:

— O quê aconteceu? — foi a coisa mais convincente que suas cordas vocais mentoladas deixaram-na perguntar.

Shawn finalmente ergueu o olhar e bateu os dedos levemente na porcelana da xicara:

— Precisa acontecer algo para eu querer te visitar, Cora? — aquela pergunta saiu ridícula e afrontosa. Coraline ergueu uma sobrancelha que a poupou de dizer "Sim?", obrigando-o a se corrigir mais rápido do que previa — Eu queria falar com você, tipo... Pessoalmente.

Coraline não sabia lidar com esse suspense todo. Se isso não poderia ser dito em uma ligação ou em uma simples mensagem de texto queria dizer que lá vinha informação demais para ela digerir. E qual é, sabe? São quase três e meia da madrugada e os neurônios dela não funcionavam direito com esse tipo de coisa, nem de manhã.

coraline • shawn mendes (não finalizada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora