17º - Três dias, três palcos.

2.5K 209 475
                                    

         (Capítulo Extra-Grande)
                    (7626 palavras). 

                      (CORALINE)

— Prometo que não irá acontecer mais, foi só um... — puxo a porta do carro, batendo-a com cuidado — Imprevisto...

Olho para Una, e ela apenas tinha um sorriso tranquilo, com um óculos escuros no rosto. Nem sequer estava sol. Acho que eles chamavam de manter a classe.

Acabei por perder o ônibus que me leva até o Barclays todo dia. Consequência de ter dormido um pouquinho mais tarde que o costume. Mas tive uma boa justificativa, ontem foi legal demais. Até cogitei não ter sido real. Mas foi. Trouxe um guardanapo do local comigo na bolsa, só pra ter certeza no dia seguinte. O hoje. E gente, aconteceu mesmo.

Abby já tinha ido trabalhar, e a editora é um pouco longe daqui. Pedir que ela me buscasse seria atrapalhar seu dia inteiro, e sua chefe era duas vezes mais intolerante do que o comum dos chefes num geral. E eu não preciso bagunçar mais nada. Então me sobrava uma única pessoa disponível... Una.

Mas eu não liguei pra ela. Ela meio que me encontrou mesmo. Acho que era caminho dela. Eu estava indo a pé mesmo. Quem sabe lá na frente não existisse um ponto de ônibus que eu ainda não conhecia?

Mas ela apareceu. Tinha uma Hilux SW4 na cor preta. Enorme. Por minutos eu achei que ia ser sequestrada por uma máfia. Mas quem sequestra alguém que usa protetores de orelha peludos?

Ela só abaixou a janela e me desejou bom dia. Para assimilar confesso que demorei. E também morri de vergonha. Porque era meio que provável (e óbvio) que eu chegaria atrasada hoje. Então por que não dar carona pra ela e impedir mais uma marcação na ficha da garota?

— Não tem problema. – ela comenta, olhando pelo retrovisor e voltando para a pista — Você está bem, querida?

— Uhum... — afirmo com a cabeça — E a senhorita?

Ainda sentia pela forma na qual eu a confrontei. Confrontei não... Me mantive. Isso...

— Precisando urgentemente de um café.

Seria levado em consideração? Tipo, ponto negativo?

— Tem a cafeteria onde eu geralmente compro o café do pessoal... — comento, olhando para a janela— Posso passar por lá assim que chegarmos...

— Ah, enjoei daquele café. Tem alguma cafeteria por aqui, sei disso. Eu já vim. — ela afirma e me abre um sorriso, certificando os estabelecimentos da rua.

Ela iria parar. E eu também, literalmente. Tomaríamos café juntas? Ou ela tomaria sozinha e eu ficaria no carro? Ou eu sairia para buscar e ela permaneceria no carro? Ou ela mudaria de ideia porque estamos com um prazo apertado para chegarmos? Ou qualquer coisa que não envolvesse jogar conversa fora enquanto tiro um muffins de blueberry do papel.

Gente, isso era estranho. E meio imprevisto. Pensei que seria tipo, direto para o Barclays, hip-hip-urra!

O carro começou a entrar em uma das vagas livres de uma zona azul. Ela puxa o freio e volta a sorrir. Permaneço intacta contra o banco, e ela abria a porta. Eu precisava sair, ou...

— Você é minha convidada, Coraline. Fique tranquila. — o corpo dela se volta contra o carro e ela abre a porta de trás, pegando a bolsa de couro na cor creme, sendo atrapalhada pelo vento, que lhe bagunçava os cabelos, que pela primeira vez estavam totalmente soltos.

Ela põe a bolsa no braço e faz um gesto para irmos. Tiro o cinto e saio do carro, ajeitando meu protetor de orelhas. Após travar o veiculo, ela me espera para que possamos atravessar a avenida juntas.

coraline • shawn mendes (não finalizada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora