- Dr. Leonardo pediu que fossemos agora. - Diz Gustavo.

- Quem é esse cara? Por que tanta segurança assim? É estranho. - diz Douglas.

- Ele é deputado. Leonardo Portinari. - digo.

- Sei. Está explicado. Você tem alguma coisa com ele? - Douglas pergunta.

- Não Douglas. Ele namora minha irmã. Terminaram, mas acho que voltam. - digo.

- Ok! Vamos que te acompanho até o carro. - fala pegando em minha cintura.

Gustavo segue com cara de poucos amigos. Vou me importar porque se nem o conheço? Ele abre a porta e me espera. Viro para me despedir do Douglas.

- Obrigada Douglas. A noite foi maravilhosa. - digo.

- Se não fosse essa interrupção, teria sido melhor ainda. - diz

- Certamente. Me ligue. Marcamos um outro dia. - falo.

- Amanhã quem sabe. O que você preferir. - diz se aproximando.

- Então, tchau. Até mais. - falo.

Ele me puxa pelo braço e me beija. Foi muito rápido e sem emoção. Uma despedida mesmo. Fiquei muito sem graça. Entrei no carro e fingi que estava me teletransportando para outro lugar.

Vou o caminho inteiro calada e pensativa. Só tem um motivo para esse cara ter me seguido. Théo certamente rastreou meu celular mais uma vez e ao ver que eu estava com o Douglas, protagonizou essa ceninha.

Vejo Gustavo a cada parada no sinal digitar algo no celular. Recebeu uma ligação e só ouvi monossilabos. Sem duvidas era o Théo.

Tudo tem limites. Não achei graça nenhuma em ser obrigada a sair do restaurante e retornar para casa com um completo desconhecido para mim. Tentei passar tranquilidade para o Douglas porque não queria uma cena. Mas não gostei.

Assim que chegar em sua casa vou falar tudo o que está engasgado. Nem que isso signifique sair de lá com minhas coisas e dormir na recepção do hospital. Também, posso apelar para Bella. Acho que alguns dias ela não me negará.

Entro e caminho em direção a sala para acender a luz. A parede humana atrás de mim.

- Pode ir. Sua encomenda já foi entregue. - digo irônica.

- Ficará bem sozinha? - pergunta.

- O Théo saiu?

- Dr. Théo está em São Paulo. - diz.

Sério que ele saiu da própria casa e me deixou aqui? Que confiança. Será que foi a trabalho? Não pode ser, ele estava de férias ou algo assim.

- Pode ir. Ficarei bem. Ele disse que dia volta? - pergunto ansiosa.

- Não senhora. Mas não deve demorar já que levou as gêmeas. - diz.

- Certo Gustavo. Pode ir. - ele sai.

Me bate uma tristeza. Se ele foi com as gêmeas devem ter ido passear. Não me falou nada. Estamos nos comportando com dois estranho. Não queria que tivesse chegado a esse ponto. Só me resta esperar ele chegar e resolvemos nossa situação.

Depois que tomo um banho, sento na cama e fico olhando uma foto dele que fica no criado mudo. Tão lindo e tão frio. Se ele gostasse de mim da mesma forma que eu dele, seria tudo diferente.

As lágrimas caem e eu não me importo. Minha vida está de cabeça para baixo desde o dia em que aquela mulher cruzou meu caminho. Também se não fosse por isso não teria conhecido o Théo. E ele tem me ajudado tanto.

Segundas Intenções. (Série Família Portinari)Where stories live. Discover now