— Deixe de brincadeiras e vá lavar as mãos, o jantar está pronto — Me deu as costas.

— Mãe, eu estou falando sério. — persisti.

— Ande logo filho! — Falhando em controlar o estresse, ela me empurrou até as escadas.

A minha mente já estava um caos, e como um combo, toda essa evitação de minha mãe, me fez misturar mais ainda, tudo o que havia ali. O ódio, o estresse, as inseguranças. Um inferno.

Levado pela maldita confusão, fui em passos arrastados até o banheiro.

Encarei o azulejo esverdeado, o box, o chão, e infelizmente subi o olhar até o espelho.

Ele ainda estava ali.

A maldita aparência masculina.

E sim, eu estava determinado a cabar com tudo aqulio. De uma maneira estranha, desesperada e um tanto assustadora.

Aquele era o momento.

Então eu corri, simplesmente corri e arrastei a cama do lugar, puxando o piso de madeira falso que revelara uma caixa que continha minha peruca favorita, cola (para segurá-la) e minhas preciosas langeries, gargantilhas e maquiagens.

Me apressei em vestir uma langerie preta (que no caso é a minha favorita) e por cima uma meia arrastão preta acompanhada de uma calça rasgada. Fiz questão de vestir uma camiseta branca um pouco apertada para que realçasse meus "seios" (mas não de uma manera vulgar e sim para que ficasse aparente que eu tenho) e colei bem a peruca para que ela não caísse.

E bem, estava na hora de encarar a fera.

Por um momento eu pude se sentir calma, mas tudo aquilo acabou quando eu desci um por um daqueles malditos degrais e a chamei.

— Mamãe.

Nada saía de sua boca, percebi que ela estava se controlando para não desmaiar ali mesmo. — Yoongi — Sussurrou — Tire isso — Ainda conseguiu falar de maneira serena.

— É o que eu sou mãe! — Tentei não desabar — Eu tentei te falar, milhares de vezes! Mas você parecia não me escutar e...

— ACONTECE QUE VOCÊ NÃO É MAIS CRIANÇA! — Finalmente soltou sua fúria — Yoongi, você já é um homem, não pode fazer essas coisas, e... isso não é uma simples fase! Você tem vinte e cinco anos, não quinze. — chorava e falava.

— EU SOU UMA MENINA! — E como uma bomba relógio eu explodi —  E eu me sinto tão fodidamente bem assim mãe! Por mais que seja difícil de compreender, É ISSO O QUE EU SOU. Eu me sinto tão bem! Perfeita, eu me sinto eu!

— Por favor, saía da minha casa e só volte quando isso passar. — Sussurou alto o suficiente para que eu escutasse.

Ela conseguiu proferir as palavras que mais me machucaram em toda a minha vida.

— Você pode não aceitar, ou me odiar pelo resto da vida mãe, mas acredite, eu jamais irei te odiar, apenas ficar triste por você não ter aceitado o meu eu. — Me afastei — Eu sempre fui a sua filha, e não é por isso que eu vou deixar de ser.

— SAÍA LOGO! — Gritou — Você não é o meu filho, você não é o MEU YOONGI.

— Espero que você saiba que isso não é uma fase — Fui até a porta e a abri — E que enquanto você não aceitar, nunca mais irá me ver.

Dolorosamente, eu fechei a porta, e deixei para trás a casa que um dia foi de um garoto chamado Min Yoongi. Um garoto ele nunca foi, apenas as pessoas o faziam acreditar ser.

DOMINATE | hiatusWhere stories live. Discover now