Gamer - amor em jogo

Capítulo 6

No momento que soltou a pergunta, Lena parou de andar e tinha certeza que seu rosto estava pegando fogo. Nunca tinha tido muitas inibições, essa não tinha sido nem a primeira vez que tomava a iniciativa de beijar um cara. Ela sempre achou besteira a ideia de uma mulher ter medo de fazer sexo na primeira saída com outra pessoa e ser considerada puta, e não tinha paciência pra personagens da ficção que disseminavam essa ideia besta. Uma vez ela tentou assistir Sex and the City, mas não conseguiu passar da primeira temporada porque parecia que todas as mulheres ali eram doidas. Lena odiava o "não pode", sempre acreditou que mulher pode tudo, desde que não faça mal a ninguém, e botava essa crença em prática todas as vezes que queria transar com um cara que não tomava a iniciativa (casos raros, é preciso dizer). Com Rodrigo não seria diferente, ela não podia imaginar terminar o carnaval e deixar que ele fosse embora sem saber como seria sentir seu corpo contra o dela, ele parecia tão bom de cama...

Só que alguma coisa naquela situação deixava Lena com receio. De que ela não sabia dizer. Talvez fosse porque ela temia que Rodrigo não fosse tão bom quanto parecia, talvez fosse isso... A questão é que fazia muito tempo que ela não se sentia tão atraída por alguém. Ela sentia que os dois se entendiam e se misturavam, era uma pena que logo ele iria embora. Por isso mesmo o momento era aquele, agora ou nunca, não podia ir embora sem aquela sensação e aquela lembrança, guardaria pra quando tivesse saudades do carnaval. E de Rodrigo.

Ele tinha parado também. A cabeça baixa, por um momento Lena pensou que tinha deixado o garoto envergonhado, mas quando venceu a vergonha e olhou para seu rosto viu que o sorriso nascia no canto da boca dele, uma covinha aparecendo discretamente.

- Que garota direta! - ele disse abrindo o sorriso de vez e olhando diretamente pra ela. - Você não deixou nem eu me fazer de esperto. Difícil resistir agora...

- Ei, YOLO*! - Lena soltou, aliviada de não ter sido rejeitada educadamente e ainda mais excitada pela expectativa.

- Então vamos - ele pegou a mão da garota e os dois foram na direção no hotel, do outro lado da rua.

Rodrigo abriu a porta e deixou que Lena entrasse. Depois de fechar a porta ele mostrou seu quarto temporário com entusiasmo. O quarto era compartilhado com Alex, seu amigo e companheiro de equipe. Em outro quarto estavam os outros dois amigos que viajaram com ele, Bruno e Lucas. Duas camas de casal com roupa de cama branca ocupavam um dos lados do quarto, do outro, uma minicozinha completa e duas poltronas viradas para uma TV de 40''. Uma porta levava a um banheiro, que Lena ainda não tinha visto, e outra, para uma sacada com vista para a praia. A porta de vidro estava aberta e um vento balançava as cortinas, também brancas, a única iluminação vinha de uma luminária acesa em um canto do quarto. Ela se dirigiu direto para a sacada, mesmo sabendo que não conseguiria ver o mar de noite. Apoiou as mãos na grade e contemplou a vista por um instante, Rodrigo estava ao seu lado e não disse nada, como se soubesse que aquele era um momento que não precisava de palavras. Sem cerimônia, ele passou o braço pela cintura de Lena e beijou seu pescoço. A garota perdeu o fôlego por alguns segundos, mas seu corpo sabia o que fazer. Se virou e procurou a boca do garoto, que correspondeu o beijo e a abraçou apertado. Uma mão de Rodrigo foi para os cabelos de Lena, puxando de leve e ela poderia ter morrido ali mesmo com aquele toque. Chegou ainda mais perto dele, os beijos eram ávidos e urgentes. As mãos de Rodrigo deslizavam pelo corpo dela, enquanto Lena tentava tê-lo mais e mais perto. Ela estava ciente de cada pedacinho de pele dos seus corpos, o suor deixava a pele escorregadia e o calor da cidade só tornava as coisas mais quentes. Se separando de Rodrigo, ela disse - Você se importa se eu tomar um banho? - e entrou no quarto, tímida novamente.

Rodrigo demorou um tempo para voltar à Terra e assimilar o que ela dizia, entrou também e passando a língua pelo lábios, respondeu - Pode... pode. Fica a vontade. Eu vou tomar um banho também, tô todo grudento, levei um banho de cerveja de uns doidos hoje a tarde.

Lena riu e depois fechou a cara, como se lembrasse de alguma coisa - Ok, mas não é pra fazer igual nos filmes e me surpreender em baixo do chuveiro. A hora do banho é um momento íntimo e pessoal.

Ele sentou derrotado na cama - Droga! Era exatamente isso que eu ia fazer... - riu.

Lena mandou um beijo para ele e entrou no banheiro. Ela nunca tinha se hospedado em um hotel com banheira e ali estava uma bem grande ocupando o espaço quase por completo. Seu queixo quase caiu com a maravilhosidade do cômodo. Uma pia dupla com um espelho gigante e muitas miniaturas de produtos de higiene tomava uma parede, o vaso era normal, mas parecia extremamente limpo e toalhas macias estavam dobradas num armário de canto, perto de um chuveiro onde caberiam umas quatro pessoas juntas. A iluminação era perfeita para tirar uma selfie no espelho, infelizmente ela tinha deixado seu celular em cima do balcão da cozinha. Lena tirou a fantasia de Cleópatra e tirou a maquiagem com os lenços umedecidos que tinha encontrado na pia. Depois ligou o chuveiro e ajustou a temperatura da água, mesmo no calor ela não conseguia tomar banho frio, não importa o quanto dissessem que fazia mal pra pele. Foi um alívio entrar debaixo da água e se sentir limpa depois de passar o dia no sol escaldante e dançar, pular e andar sem descanso. Ela tomou o cuidado de prender os cabelos porque tinha certeza que as miniaturas de condicionador não dariam conta dos seus cachos bem cuidados.
Quando sentiu que estava limpa e cheirosa, desligou o chuveiro e pegou uma das toalhas, que eram realmente macias. Se enrolou e ficou em dúvida se colocava as roupas de novo ou saía assim. Só então percebeu um cabide atrás da porta com um roupão. Não importava de quem era, ela tinha que usar um roupão.

O quarto estava gelado agora. Rodrigo tinha ligado o ar condicionado e bebia água de uma garrafa quando ela saiu.
- Peguei isso aqui, não resisti.
- Sem problema... - ele respondeu botando a água de volta no frigobar. - Agora é minha vez, não vou demorar. - E passando por ela, puxou a garota para um beijo.
Ainda tonta quando ele a largou, Lena aproveitou o tempo sozinha para mandar uma mensagem para o grupo das amigas. Parecia que Tata tinha se perdido do grupo, mas agora estava tudo bem. Lena tirou uma selfie mostrando o roupão com a legenda "não me esperem acordadas". As meninas responderam com emojis de duplo sentido e Vivi escreveu "SAFADAAAA". A garota riu e saiu da conversa. Mal teve tempo de rolar o feed do Instagram quando Rodrigo saiu do banheiro com a toalha enrolada na cintura. Lena, que estava deitada na cama, se sentou e observou aquela pintura da natureza, com o perdão da breguice. Fingiu que se abanava e Rodrigo riu e se aproximou. Ele baixou o roupão de seus ombros e também parou para olhar o corpo de Lena, que olhava para ele com orgulho de si mesma e os olhos brilhando de desejo.
- Você é linda. - disse o garoto enquanto desamarrava a faixa de tecido que segurava o roupão e abria lentamente um dos lados da peça, revelando mais um pedaço do mistério que os dois iam desvendar ali. O coração de Lena batia descontrolado. Ela queria que aquele momento durasse para sempre, mas necessitava de muito mais, era um dilema facilmente solucionável. Ela mesma tirou o resto do roupão e também a toalha de Rodrigo. Encorajado pelo gesto, ele também não esperou mais, beijou a garota e os dois deitaram na cama descobrindo cada parte do corpo um do outro. Não podiam perder tempo e a noite estava apenas começando.

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*You only live once (Só se vive uma vez, em inglês)

Eitaaaaa! Que cena divertida de escrever! O que vocês acharam desses dois safadinhos? Eu já sei o que vai acontecer até o final da história, mas queria saber se alguém tem alguma sugestão, quem sabe eu não mudo tudo...

Espero que vocês estejam gostando, não deixem de votar e conversar comigo. Essa história só foi pra frente porque quem leu me incentivou a continuar. Obrigada camposjhenifer por me reanimar!

Até o próximo capítulo.