— Eles estão atirando! — percebeu Jean-Luc Picard pela imagem do pequeno monitor da cela. Por um momento ele esperou pelo impacto que não veio, então se lembrou da característica que tornava a classe Spiritus tão especial. A Enterprise não teria chances de vitória.
— Eles certamente descobriram que os Borgs comandam a nave... Só espero que eles não usem torpedos fotônicos. — disse o almirante Murak.
Aquilo poderia ser o fim da Enterprise, Picard concluiu quase em desespero.
No interior da nave da Federação, todos tentavam entender o que havia acontecido.
— Os fêiseres não penetram os escudos, senhor — reportou Worf com ar de desgosto.
— Danos? — quis saber Riker.
— Nenhum.
— Será que os Borgs estão modulando a frequência dos escudos para impedir a penetração ou teriam adquirido tolerância?
— Não numa nave terráquea, senhor.
— Tem razão, Worf. Vamos tentar alguma coisa mais eficaz... Dispare um torpedo fotônico nos motores!
O artefato bélico correu na direção da ré da Siegfried como um corisco, rebrilhando pelo espaço gelado.
— Não, Riker! — tentou avisar o capitão Picard numa atitude inconsciente e quase ignorante da incapacidade de seu imediato ouvir. Quando ele se deu conta do que havia feito, viu o torpedo penetrar na zona de teletransporte, desaparecer por uma fração imensurável de tempo e surgir de novo, rumando de volta para a Enterprise.
Willian Riker não teve tempo para entender o que estava acontecendo. Ele imaginou ver o torpedo explodindo na carenagem da Siegfried. Ele viu o brilho daquilo acontecendo. E ele ainda comemorava o sucesso de sua ação quando percebeu o clarão se aproximando.
O impacto no casco da Enterprise reverberou por toda a nave, quase jogando os oficiais e o próprio imediato ao piso. O alerta vermelho foi acionado, inundando a ponte de comando com a cor do sangue.
Depois do choque, Riker olhou para a tela na esperança de ver a Siegfried destruída. Ele maginava ter sido apanhado por uma espécie de onda de choque da explosão daquela nave, mas não entendeu como ela ainda poderia estar lá, intacta.
— Relatório! — ele pediu.
— Escudos em 53%, senhor! — respondeu Worf. — Danos sérios na estrutura dos compartimentos de carga.
— E a nave inimiga?
O klingon não sabia dizer. Os sensores nem ao menos notavam a presença dela. Tudo o que ele podia fazer era ver que a Siegfried continuava inteira e majestosa, parecendo desafiar a Enterprise a tentar de novo.
Riker percebeu que sua pergunta não tinha resposta, ao menos não a que gostaria de ouvir, mas ainda não estava entendendo a situação.
— O que nos atingiu?
— Nosso próprio torpedo, senhor! — reportou o klingon averiguando seu console, mas ainda assim não podendo crer no que via. — Parece que sua rota foi desviada... Como o torpedo emitia a frequência de onda igual à do nosso escudo, o que permite ao torpedo atravessá-lo durante seu lançamento, ele pôde atingir a Enterprise sem obstáculos.
— Eles nos atacaram com nosso próprio armamento? — disse Riker, perplexo. —Como isto é possível?
— Se tentarmos de novo — sentenciou Worf —, a Enterprise não resistirá.
— Vamos esperar — decidiu o imediato. — Desvie a energia para os escudos. Não quero ficar desprotegido perto da ameaça de uma invasão Borg.
— Senhor, ajudaria se nós soubéssemos com o que estamos lidando.
Outro impacto chacoalhou a ponte, apagando suas luzes por um momento. Riker sentiu a descompensação gravitacional quando a nave deu uma guinada no espaço, o que o jogou ao piso. O alferes novato que pilotava, por medo, não esperou uma ordem. Desviou a Enterprise e seguiu em velocidade máxima de impulso para longe da Siegfried.
Em meio à confusão e ao som de alerta, Willian Riker conseguiu escutar o klingon dizendo:
— Fomos atingidos por um fêiser! Escudos em 18%!
Enquanto se levantava, o imediato concluiu que os Borgs não queriam destruí-los, mas aniquilar os escudos da nave para invadi-la e assimilar seus tripulantes. Pelos seus cálculos, eles conseguiriam fazer aquilo em menos de cinco minutos, a menos que a Enterprise batesse em retirada imediatamente. Ele ia dar a ordem ao alferes quando viu que eles já estavam fugindo.
O piloto olhou para ele com ar de culpa por ter fugido sem um comando do imediato.
— Sinto muito, senhor! — ele disse. — Mas, se continuássemos ali...
— Você cometeu um erro, alferes — disse Riker, depois explicou: — É para acionar velocidade de dobra, não de impulso!
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STAR TREK: SÉRIE SPIRITUS - Ep. 1 - A Quarta Lei
Science FictionPara combater a coletividade borg, a Frota Estelar desenvolve uma classe especial de naves de guerra. Tais naves espaciais possuem um escudo intransponível baseado no teletransporte. Este escudo transforma as naves da classe Spiritus em armas invuln...