Capítulo 18

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— Eles estão atirando! — percebeu Jean-Luc Picard pela imagem do pequeno monitor da cela. Por um momento ele esperou pelo impacto que não veio, então se lembrou da característica que tornava a classe Spiritus tão especial. A Enterprise não teria chances de vitória.

— Eles certamente descobriram que os Borgs comandam a nave... Só espero que eles não usem torpedos fotônicos. — disse o almirante Murak.

Aquilo poderia ser o fim da Enterprise, Picard concluiu quase em desespero.

No interior da nave da Federação, todos tentavam entender o que havia acontecido.

— Os fêiseres não penetram os escudos, senhor — reportou Worf com ar de desgosto.

— Danos? — quis saber Riker.

— Nenhum.

— Será que os Borgs estão modulando a frequência dos escudos para impedir a penetração ou teriam adquirido tolerância?

— Não numa nave terráquea, senhor.

— Tem razão, Worf. Vamos tentar alguma coisa mais eficaz... Dispare um torpedo fotônico nos motores!

O artefato bélico correu na direção da ré da Siegfried como um corisco, rebrilhando pelo espaço gelado.

— Não, Riker! — tentou avisar o capitão Picard numa atitude inconsciente e quase ignorante da incapacidade de seu imediato ouvir. Quando ele se deu conta do que havia feito, viu o torpedo penetrar na zona de teletransporte, desaparecer por uma fração imensurável de tempo e surgir de novo, rumando de volta para a Enterprise.

Willian Riker não teve tempo para entender o que estava acontecendo. Ele imaginou ver o torpedo explodindo na carenagem da Siegfried. Ele viu o brilho daquilo acontecendo. E ele ainda comemorava o sucesso de sua ação quando percebeu o clarão se aproximando.

O impacto no casco da Enterprise reverberou por toda a nave, quase jogando os oficiais e o próprio imediato ao piso. O alerta vermelho foi acionado, inundando a ponte de comando com a cor do sangue.

Depois do choque, Riker olhou para a tela na esperança de ver a Siegfried destruída. Ele maginava ter sido apanhado por uma espécie de onda de choque da explosão daquela nave, mas não entendeu como ela ainda poderia estar lá, intacta.

— Relatório! — ele pediu.

— Escudos em 53%, senhor! — respondeu Worf. — Danos sérios na estrutura dos compartimentos de carga.

— E a nave inimiga?

O klingon não sabia dizer. Os sensores nem ao menos notavam a presença dela. Tudo o que ele podia fazer era ver que a Siegfried continuava inteira e majestosa, parecendo desafiar a Enterprise a tentar de novo.

Riker percebeu que sua pergunta não tinha resposta, ao menos não a que gostaria de ouvir, mas ainda não estava entendendo a situação.

— O que nos atingiu?

— Nosso próprio torpedo, senhor! — reportou o klingon averiguando seu console, mas ainda assim não podendo crer no que via. — Parece que sua rota foi desviada... Como o torpedo emitia a frequência de onda igual à do nosso escudo, o que permite ao torpedo atravessá-lo durante seu lançamento, ele pôde atingir a Enterprise sem obstáculos.

— Eles nos atacaram com nosso próprio armamento? — disse Riker, perplexo. —Como isto é possível?

— Se tentarmos de novo — sentenciou Worf —, a Enterprise não resistirá.

— Vamos esperar — decidiu o imediato. — Desvie a energia para os escudos. Não quero ficar desprotegido perto da ameaça de uma invasão Borg.

— Senhor, ajudaria se nós soubéssemos com o que estamos lidando.

Outro impacto chacoalhou a ponte, apagando suas luzes por um momento. Riker sentiu a descompensação gravitacional quando a nave deu uma guinada no espaço, o que o jogou ao piso. O alferes novato que pilotava, por medo, não esperou uma ordem. Desviou a Enterprise e seguiu em velocidade máxima de impulso para longe da Siegfried.

Em meio à confusão e ao som de alerta, Willian Riker conseguiu escutar o klingon dizendo:

— Fomos atingidos por um fêiser! Escudos em 18%!

Enquanto se levantava, o imediato concluiu que os Borgs não queriam destruí-los, mas aniquilar os escudos da nave para invadi-la e assimilar seus tripulantes. Pelos seus cálculos, eles conseguiriam fazer aquilo em menos de cinco minutos, a menos que a Enterprise batesse em retirada imediatamente. Ele ia dar a ordem ao alferes quando viu que eles já estavam fugindo.

O piloto olhou para ele com ar de culpa por ter fugido sem um comando do imediato.

— Sinto muito, senhor! — ele disse. — Mas, se continuássemos ali...

— Você cometeu um erro, alferes — disse Riker, depois explicou: — É para acionar velocidade de dobra, não de impulso!

STAR TREK: SÉRIE SPIRITUS - Ep. 1 - A Quarta LeiWhere stories live. Discover now