dois.

3K 121 41
                                    

- Que achas de irmos ao Centro Colombo? Estava mesmo a precisar de uma tarde de compras. O stress das frequências anda a trazer ao de cima a minha vontade imensa de gastar dinheiro. E isso não é nada bom. - Matilde dramatizou e não pude deixar de rir com o seu discurso.

- Adorava mas já tenho coisas combinadas. Mas podemos sempre remarcar para amanhã. Esperar mais um dia, certamente, não te fará mal algum. Pode ser que sempre mudes de ideias e guardes o dinheiro. - ri e ela bufou, não evitando acompanhar-me.

- Mas conta-me lá, quais são estes planos misteriosos que não contas a ninguém e que te têm feito sorrir o dia todo? - a minha melhor amiga insistiu enquanto deixávamos a sala de aula em direção a saída da universidade.

- Nada de especial. - tentei desviar o assunto. Não é que não confiasse em Matilde. Muito pelo contrário. Se hoje, não odiava o país que me obrigara a deixar o meu refúgio também se devia à rapariga ao meu lado. Apenas tinha a vontade de deixar o assunto do Rúben apenas para mim. Podia parecer estúpido, mas não o queria partilhar com ninguém. Era como se fosse apenas meu. Quando na realidade, isso estava longe de acontecer. Mas mais ninguém sabia disso. Não precisavam.

- Muito bem, não pressiono mais. Quando estiveres à vontade para falar, sabes que eu estou aqui.

- Obrigado. Não é que eu queira contar. Aliás, nem sei se há alguma coisa para contar. - tentei fazer-me entender.

- Eu percebo. Já estive, várias vezes, nessa situação. Apenas tem cuidado. O que quer que esteja a acontecer. - avisou e sorri com a sua preocupação.

Despedimo-nos e segui até ao local que combinara com Rúben.
Quando cheguei ao estabelecimento a nossa mesa encontrava-se vazia. Olhei para o relógio de pulso vendo que faltava cinco minutos para a hora marcada. Instalei-me e decidi entreter-me com o telemóvel enquanto esperava pelo jogador.

Cerca de vinte minutos passara e já não tinha a certeza se o jovem iria aparecer. Suspirei derrotada e peguei as minhas coisas. Não queria acreditar que Rúben tinha-me deixando pendurada depois da promessa que fizera. Tentava ao máximo evitar os piores cenários na minha cabeça. Talvez, tivesse tido um contratempo. Tentava convencer-me disso.

Abri a porta da padaria para chocar com um corpo. Não caí ao chão, exatamente, porque dois braços rodearam o meu tronco.

- Temos de parar de nos encontrar desta forma. - a voz disse ao meu ouvido e sorri ao reconhecer a mesma.

Afastou-se e com isso pude apreciar melhor o jovem. Encontrava-se de cabelo molhado e bastante bem apresentado. Com isso, quero dizer, bastante bonito.

Mordi o lábio, afastando os pensamentos menos inocentes que, por segundos, preencheram a minha mente.

- Já ias embora? - Rúben perguntou-me e quando ia responder, o rapaz não deixou. - Eu sei que estou muito atrasado. Mas hoje o treino foi bastante puxado e ficámos até depois da hora. Desculpa. - explicou-se e dei de ombros, desvalorizando a situação.

- Não há qualquer mal. Aposto que tens fome. - disse e ele acenou, dirigindo-me até à fila dos pedidos.

- Queres que vá guardar lugar para a nossa mesa? - perguntei e o jovem negou.

- Não vamos comer aqui. - disse simplesmente e franzi sobrancelha em confusão. Ao ver a minha reação, ele riu. - Portugal não é só isto. - explicou, apontando para a pastelaria e sorri ao lembrar-me da nossa conversa de ontem.

Chegada a nossa vez, pedimos os lanches para levar e desta vez conseguira convencer Rúben que eu pagaria pela comida.

Ele pegou nos sacos com uma mão e a outra pousou na minha, entrelaçando os nossos dedos. Ficara surpresa com a ação mas não me pronunciara até porque aquele gesto embora fosse novo, já me parecia bastante familiar. E eu gostava (muito) dessa sensação.

Girls Like You | Rúben Dias Onde as histórias ganham vida. Descobre agora