Capítulo 25

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— E como vocês ficaram resolvidos? — perguntou Mathew. Ele e Pitter tomavam o café da manhã. O mais velho mastigava uma maçã enquanto olhava o menor com interesse. Cotovelos apoiados sobre a bancada de marmore que separava sala e cozinha.

— Eu dei um tempo para ele, como te falei irmão, mas no fundo eu sei que ele já fez a escolha, e não sou eu. — Pitter mexeu o seu cereal que boiava no leite em sua tigela. Fome não era algo que ele vinha sentindo muito ultimamente.

— Eu já disse que vou quebrar a cara desse infeliz! — Mathew apertou a fruta na mão e ela espirrou seu suco por seu rosto. Pitter riu com a cena psicótica que seu irmão estava fazendo. Pelo menos algo o divertia. Suspirou.

— E eu já lhe falei que não é pra fazer nada com o Anthony, você mesmo conhece a história dele e sabe como ele sofreu com o desaparecimento do outro rapaz, aliás, você devia ter me contado... bom, você mais que ninguém devia entender e apoiar seu amigo. Não digo pra ficar do lado dele dizendo que ele fez a escola certa, mas para ficar do lado emocionalmente porque eu tenho certeza que a cabeça dele está uma bagunça — suspirou.
Mas agora me deixe ir para escola. Bom dia pra você, irmão. — Beijou a cabeça do maior que ainda estava viajando em suas palavras e se dirigiu à porta do apartamento. Riu ao ver que mais velho falava com sigo mesmo fazendo gestos com as mãos. Fechou a porta atrás de si e seguiu rumo ao colégio.

Pitter fazia o trajeto para escola a pé, não ficava muito longe do apartamento que os garotos dividiam e o vento frio da manhã em conjunto com o sol tímido que formava uma luz pálida e mórbida o ajudava a pensar. Pensava em Anthony e em toda aquela história que parecia coisa de livros de romance; sentiu pena do outro rapaz, que era bonito, devia concordar. Os pais deles meio que se assemelhavam, porém o do menor preferiu o ver longe e não ter mais nenhum contato com sigo, e por isso Pitter agradecia, não sabe se suportaria tudo aquilo que o outro suportou.

No seu íntimo ele sabia que eles precisam viver aquilo que não conseguiram, eles precisavam dar continuidade ou colocar um ponto final em toda essa história. Riu com a ironia que lhe foi colocada sobre as vistas.

"E quanto a mim e Henry? Também não precisamos colocar um ponto final em nossa história? A diferença é que o rapaz que se envolveu com Anthony não tem culpa do que aconteceu, já o Henry... bom".

— Deus! Por que pensar tanto nisso? — falou em voz alta para ninguém. — Eu estava livre desses pensamentos, ou pensava que estava... A verdade Pitter, é que esse maldito nunca saiu dos seus pensamentos, vai ver é a hora de dar um basta nessa história. Argh, para de pensar nisso.

Chacoalhou com força a cabeça para espantar os pensamentos e arrumou a mochila em suas costas, apertou com força as alças em suas mãos, tanto que os nós dos seus dedos ficaram brancos, e por um momento se permitiu pensar apenas nisso, na dor que suas unhas faziam na palma de sua mão.

Isso o distraiu até chegar ao colégio que estava um caos de alunos entrando e jogando conversa fora em frente ao prédio. Não dando tanta atenção foi para a sala onde teria sua primeira aula do dia. Aula essa que Marc fazia junto a ele, e por falar no garoto...

— E aí parceiro! Tudo tranquilo? — perguntou jogando um braço por cima do ombro do outro que estava meio cabisbaixo. Eles dividiam a mesma carteira nesta disciplina.

— É... sim, tudo tranquilo. — Pitter sorriu amarelo.

— Ih, não senti confiança. Precisando estou aqui, você sabe! Agora anima porque a professora dos peitões tá vindo aí. — Marc sorriu malicioso e esfregou as mãos uma nas outras em expectativa. Pitter o olhou com olhos cerrados.

— Ah é, você não gosta disso, é menos concorrência! — e riu dando de ombros. Pelo menos tinha seu amigo para lhe divertir e fazer esquecer um pouco dos problemas.

Essência ProvadaDove le storie prendono vita. Scoprilo ora