Capítulo 9

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Pitter acordou como se estivesse passado uma noite de bebedeira, por alguns segundos não sabia onde estava nem quem era, mas bastou-lhe apenas um instante para a torrente de lembranças lhe atingir a mente.

Lembrou-se do dia de ontem e seus olhos ficaram marejados, tentou esquecer ocupando a mente com filmes e músicas que gostava. Ele suspirou resoluto de que não iria conseguir o feito de se esquecer. Ele virou a cabeça para o lado viu o jovem quem lhe atropelou dormindo desconfortavelmente em uma cadeira para acompanhantes. Permitiu-se sorrir, o rapaz tinha um jeito cativante que lhe fazia ficar a vontade mesmo sem conhecê-lo. Ele velou seu sono durante a noite. Ele ficou olhando para o rapaz que nem sabia o nome, “Nossa, nem lhe perguntei seu nome”, passados alguns minutos Anthony acordou assustado com alguma coisa, talvez tivesse tido um pesadelo, Pitter o olhou com um meio sorriso, que quebrou imediatamente o jovem de cabelos castanhos, e de repente tudo aquilo que sentiu no dia anterior tornou-se ainda mais forte, sim. Anthony estava se apaixonando, e podia dizer que essa paixão só cresceria com o tempo.

**

Haley acordou desorientada, Troy dormia ao seu lado visivelmente cansado. O Juiz Wayne gostava bastante de Troy, o tinha como um filho; o filho homem que não teve e até influenciou o garoto a fazer uma faculdade de direito, qual Troy já se preparava para ingressar.

— Troy? Amor acorda! — ela chacoalhou os ombros do garoto.

— Haley, me deixa dormir mais um pouco.

— Não, Troy! Temos que ir ao colégio ver se temos alguma pista de Pitter. Como será que ele passou a noite? — a garota voltou a chorar. Troy logo a confortou. Levantaram-se e foram se arrumar, ambos puseram óculos escuros para disfarçar as olheiras, tomaram café sozinhos, já que o pai da garota ainda não havia voltado de uma viagem que havia feito há alguns dias. Pegaram o carro e foram para o colégio.

Chegaram ao Colégio um pouco abatidos. Estavam cansados, sim, mas não era apenas isso, muitos olhos os seguiam. Eles eram bonitos e chamavam atenção de muitos ali, eram invejados por outros.

Haley conversou com alguns funcionários em busca de pistas de Pitter; falhou. Troy já sabia que procurar no colégio não daria em nada, mas resolveu não desestimular a namorada.

Mais tarde assistiram as aulas um tanto desanimados, o que era estranho já que eram bastante divertidos, mas alguns ali sabiam que eram amigos do garoto que teve a intimidade exposta para todos do colégio, eram do terceiro ano, a mesma sala de Henry, que ficou com a língua “coçando” para perguntar sobre o “seu” pequeno.

No intervalo Haley sentou mais afastada, junto a Troy, dos outros. Ela chorava em seu ombro, Henry notou isso assim como muitos ali e resolveu saber o que acontecia. Engoliu seu medo e foi.

— Haley. Tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

-— Ohh, tudo ótimo! Seus amiguinhos babacas humilham o Pitter, ele é expulso de casa sem nada pra levar, aí escuto freio de carro enquanto falo com ele por telefone e depois não sei de mais nada. Não sei nem se Pitter está vivo. Tudo ótimo sim, Henry. — Haley falou tudo isso no tom mais irônico que conseguiu. Henry escutou com um nó na garganta, sabia que a culpa de tudo que aconteceu com Pitter era sua e nunca se perdoaria se alguma coisa mais grave acontecesse ao seu pequeno amado. Saiu apressado, Troy estranhou tal fato e começou a ligar alguns pontos, “Não, não pode ser possível, seria muita canalhice até mesmo pro Henry”.

Resolveu investigar, ainda assim. Deixou Haley sentada em um banco e disse que ia ao banheiro, seguiu o outro com os olhos e viu quando o garoto entrou no banheiro masculino. Ao entrar no local ouviu um choro baixo vindo de uma das cabines, era Henry que chorava, seu coração estava apertado, ele amava de verdade a Pitter, mas era tarde para dizer isso, talvez tenha perdido o garoto para sempre, “Ele não pode ter morrido, não o meu Pitt” pensava enquanto lágrimas se desprendiam de seus olhos. Passou não sei quanto tempo na cabine, mas sabia que já tinha tocado para voltar para as salas, abriu a porta enxugando o rosto e deu de cara com Troy, que o olhava com fúria nos olhos.

— Foi você seu desgraçado! — Troy avançou em Henry que nem teve tempo de se defender. Socou o rosto do garoto e quando ele caiuele o levantou pelo colarinho e o prensou na parede fazendo ele bater com as costas e a cabeça.

— Você tá louco? O que você tá falando? — perguntou Henry assustado.

— Não se finja de idiota, não pra mim! Eu liguei os pontos, é você quem está no vídeo junto com Pitter, e agora a gente nem sabe como ele está. Você é um doente, sabia? Eu tenho nojo de você! — Troy o largou no chão com tudo. Henry não tentaria se defender, ele achava justo sofrer alguma consequência do que tinha feito, mas Troy achava que não valia mais a pena. Agora Henry chorava copiosamente no chão, encolhido, o que daria pena em Troy, caso a raiva que ele sentia do mesmo não ofuscasse todos os outros sentimentos.

— Eu não sabia! Eu juro que não sabia que eles iam espalhar o vídeo, eu amo o Pitter. Eu o amo! — Troy fez sinal de negação com a cabeça.

— Que tipo de amor é esse que machuca? Você é um nada Henry. Pitter é um garoto incrível, já sofreu tanto com a família que tem, o mínimo que ele mereceria era alguém que lhe amasse inteiramente. Você não ama, Henry, isso não é amor. Quem ama cuida, já ouviu essa frase antes? Tenho pena de você. — com essa palavras saiu sem olhar para o garoto no chão, que agora parecia tão pequeno ao seu ver. E era, era pequeno de alma.

 E era, era pequeno de alma

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Essência ProvadaWhere stories live. Discover now