Capítulo 10

565 125 22
                                    

Pitter agora saía do hospital acompanhado de Anthony, que tinha uma mão em sua cintura. Sua perna ainda doía um pouco por causa da pancada. Eles foram até o estacionamento e lá Anthony abriu a porta do passageiro para Pitter e ele mesmo colocou o cinto de segurança no jovem garoto, entrou no lado do motorista e seguiu viagem rumo a sua casa.

— Anthony, eu não quero mesmo atrapalhar, eu me viro. — eles já haviam se apresentado no hospital.

— Você tem outros parentes? — Anthony perguntou.

— Bom, tenho um irmão mais velho. Mas não sei o endereço dele, nem se ele me aceitaria. — cochichou a última parte. Ambos ficaram em silencioso alguns minutos.

— Então não tem discussão. Não vou te deixar sozinho. Seria muita idiotice minha, vou cuidar de você como merece. E depois é depois. — deu um sorriso lindo para Pitter que o olhava com gratidão.

Pitter não mais discutiu, só queria descansar, talvez esquecer de tudo o que lhe aconteceu na vida, mas de uma coisa tinha certeza, se tornaria outro agora. Doce já não era mais, amargo se encaixaria melhor no novo Pitter.

**

À tarde, na casa dos pais de Pitter, Mathew chegava para visitá-los, principalmente a Pitter, que não fazia questão de lhe “babar os ovos”. Gostava do seu irmão justamente por isso, sabia que Pitter gostava de si, porém não ficava tentando de todas as formas lhe agradar, apenas um abraço e um beijo no rosto no mais velho demonstrava seus sentimentos de amor e carinho para com ele, e Mathew admirava isso nele, além da força que ele tinha por sofrer com pais tão severos e autoritários. Já havia lhe chamado para morar com sigo outras vezes, porém Pitter recusava todas às vezes, “Não quero tirar a privacidade de sua casa Math, me tranco no meu quarto e tudo fica bem” Dizia Pitter ao mais velho o fazendo ficar com um nó na garganta. Vinha a casa dos pais poucas vezes e estava morrendo de saudades do seu irmão.

— Mãe, Pai! Cadê todo mundo?! — os gêmeos vieram correndo da cozinha e se jogaram nos braços de Mathew, que beijou cada um.

— O que trouxe pra nós? — perguntou Alice.

— Não trouxe nada, pequena. — disse Mathew esvaziando os bolsos, os gêmeos fizeram “ahhh” e se foram para o quintal. Mathew riu e foi até a cozinha ver os pais, era dia de folga deles e ele sabia que estariam em casa.

— Boa tarde pai, mãe! — deu um beijo em cada um que responderam com sorrisos nos rostos. Mathew era o orgulho dos pais.

— Boa Tarde, Mirtes, como vai? Algum problema? — perguntou à empregada que estava visivelmente abatida com os olhos inchados.

— Problema nenhum, Mathew! — tratou de cortar a mãe dele. — Como vai no emprego querido? — perguntou ao filho.

— Bem. Vou ver o Pitt, ele já está em casa não é? — Mathew perguntou desconfiado com o estado em que Mirtes se encontrava. Foi indo em direção a sala para tomar as escadas, seu pai se adiantou.

— Math, não! — disse segurando o braço do filho, que o olhou com desdém e puxou seu braço.

— Como não? Vou ver, sim, meu irmão. Me impeça! — desafiou já subindo as escadas, o coração aos pulos pelo que poderia ter acontecido. Entrou no quarto e viu roupas espalhadas por todo o lugar.

— Mathew, Pitter não mora mais aqui!

Ele estava atônito ainda, tentando compreender o que havia saído da boca de seu pai. — Como? Que idiotice é essa? Como Pitter não mora mais aqui?

— Pitter é viado. Eu o pus pra fora de casa ontem a noite, aqui ele não pisa mais! — Mathew tentou absorver todas aquelas informações engolindo difícil. Sabia que Pitter era gay, não porque esse havia o contado, mas sabia, apenas sabia e não o julgava por isso. Só esperava o dia em que o mais jovem fosse lhe contar e o apoiaria com todas as forças, porque era seu pequeno e adorado irmão, e lhe protegeria com a vida se fosse preciso.

— Está me dizendo que Pitter pode ter passado perigo sozinho a noite no meio da rua? Que pode ter passado frio? Que tipos de pais são vocês? Vocês deviam o apoiar, não o expulsar! — falou transtornado com as mãos na cabeça. — Estou avisando, se alguma coisa acontecer ao meu irmão, vocês vão se arrepender pelo resto da vida. — ele começou a juntar tudo que era de Pitter nas sacolas e bolsas que encontrava, sem dar a mínima atenção para os pais que o olhavam atentos.

— O que você está fazendo? — perguntou seu pai.

— Estou levando as coisas de Pitter para minha casa. Não se preocupe, aqui realmente ele não pisa mais, NEM EU! — sua mãe se assustou.

— Você não vai levar nada daqui, nós pagamos por essas coisas! — disse o pai de Mathew tentando lhe impedir.

— Ah papai, vai mesmo querer me impedir? Você não é homem o bastante para fazer isso! SAIAM! — gritou aos pais e trancou a porta com força fazendo um estrondo. Sentou na cama de Pitter pegou uma foto em que estavam os dois abraçados, Pitter ainda uma criança de 2 anos e Mathew com 9. Eram felizes, eram inocentes ainda. Mathew chorou.

 Mathew chorou

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
Essência ProvadaWhere stories live. Discover now