Capítulo 12

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Naquela noite Mathew e Anthony chegaram a faculdade com sentimentos totalmente diferentes um do outro, embora a causa deles fosse a mesma: Pitter. Anthony estava feliz por ter encontrado alguém tão especial e meigo como Pitter, mas também triste pelas circunstâncias em que se conheceram; ele poderia dizer que se sentiu (e sente) atração pelo garoto, mas não sabia se ele iria querer algo com ele. A única certeza que tinha era de que iria o manter próximo para o resto da vida; mesmo que fosse como amigo, já estava de bom tamanho.

Já Mathew estava triste por perder uma pessoa tão importante, seu adorado irmão. Digo perder porque era isso que tinha acontecido, Mathew não sabia do paradeiro de Pitter, falou com seus poucos amigos, que também estavam preocupados com seu sumiço; foi a hospitais, procurou saber em delegacias, tudo isso em uma noite e um meio dia. Ele até chegou ao hospital onde Pitter esteve horas antes e infelizmente se desencontraram, não havia nenhum registro de um paciente internado chamado Pitter, pois ele já tinha ganhado alta. Mathew não iria parar até encontrá-lo, mas ele precisava estudar.

Mundo pequeno, porém grande. É tudo um grande mistério, estamos todos ligados de uma forma inimaginável, chega a ser engraçado como a vida nos prega peças.

Eles estudavam em cursos diferentes, porém se conheciam de festas organizadas pelos calouros da faculdade anos atrás, agora eles eram os calouros. Mathew se lembra de dar forças ao amigo que perdeu os pais e o namorado em épocas muito próximas.

No intervalo Mathew sentou-se sozinho, recluso de tudo. Sua tristeza era perceptível e nenhum de seus colegas teve coragem de lhe perguntar que mal lhe afligia. Porém Anthony não era assim, se sentia na obrigação de ajudar o amigo que foi tão presente em uma época obscura de sua vida. Anthony se aproximou devagar do cabisbaixo Mathew e sentou-se a seu lado.

— Math, o que há de errado?

— Ah! Oi Anthony. Problemas pessoais.

— Mathew, você me ajudou quando eu precisei. Conversa comigo, quem sabe eu não posso te ajudar? Vamos lá cara, se abra com seu amigo. — Mathew deu um sorriso fraco e resolveu se abrir, seria bom.

— É que meu irmão foi expulso de casa por ser gay. Meu pai não o deixou levar nada, desde ontem que procuro por ele e não sei onde ele pode está, se está com frio, fome... (deu uma pausa e começou a chorar) Eu tenho medo de que algo de ruim tenha lhe acontecido, eu o amo mais que a mim mesmo Anthony. Meus pais sempre nos comparavam e não viam que isso só fazia mal a ele. Acho que durante muito tempo só eu dei amor pra ele e eu odeio meus pais por isso. — ele fungou e secou as lágrimas. Fitou o vazio e esperou que Anthony falasse.

— Eu sinto muito por seu irmão Mathew, tenho certeza que vai encontrá-lo bem. Eu também posso te ajudar a procurar, quantos anos ele tem, e o nome? — Pitter havia contado o porquê de ser expulso de casa para Anthony, mas esse não havia ligado os fatos, até aquela hora.

— Ele tem 17, se chama Pitter, é bem branquinho, quase pálido (deu um sorriso ao lembrar-se da pele alva de Pitter) e tem os cabelos negros e lisos. — Anthony começou a encaixar as peças como se tivesse um quebra cabeças em sua frente e então se deu conta de que o seu Pitter era o mesmo Pitter de Mathew. Ele sentiu o coração disparar, não acreditou na coincidência e deu um sorriso de alegria, chamando a atenção de Mathew.

— O quê?

— Você não vai acreditar quando ver.

— Como assim? Do quê você tá falando? — perguntou Mathew curioso.

— Mathew, você tem alguma aula importante agora? — Anthony perguntou quase eufórico.

— Bom, não muito, só vim mesmo hoje pra me distrair, por quê?

— Vem comigo agora, você vai adorar o que eu vou te mostrar! — ele pediu levantando-se.

— Como assim, Anthony? Eu não tô afim de curtição, não é a hora.

— Mathew, não discute e vem! — disse Anthony dando uma ordem ao amigo que meio contrariado levantou-se e o seguiu até o estacionamento. Anthony pediu-lhe que o seguisse em seu carro e assim fizeram. Mathew já tinha ido outras vezes a casa de Anthony e conhecia o caminho, estranhou tal fato, “O que será que esse desvairado vai me mostrar?” pensou assim que estacionaram o carro, Mathew na vaga de visitantes.

— Você já vai saber! Calma! — disse Anthony tentando acalmar a Mathew que não parava de perguntar.

Anthony abriu a porta de seu apartamento com sua chave, Pitter estava assistindo TV e estranhou, pois Anthony havia lhe dito que chegaria após as onze.

Anthony deu passagem para que Mathew entrasse primeiro, que não se deu conta de que havia alguém no sofá lhe olhando com cara de assustado e espanto.

— Vamos Anthony, me diz logo o que queria me mostrar. — pediu Mathew impaciente de costas ainda para Pitter.

— Mathew, presta atenção, olha para trás! — Anthony pegou em seus ombros e o fez virar. Mathew não acreditou no que seus olhos lhe mostraram, era seu pequeno irmão que estava ali bem em sua frente, tão surpreso quanto ele.

— Pitt? Pitt é você irmão! — e já chorando correu de encontro ao seu irmão lhe abraçando com força. Pitter também chorava, escondendo seu rosto no peito do mais velho, estavam felizes e surpresos, Mathew aliviado.

 Pitter também chorava, escondendo seu rosto no peito do mais velho, estavam felizes e surpresos, Mathew aliviado

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