Cap. 74

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CHELSEA POV

"Segundas oportunidades," Mr. Montegomery tagarela á medida que passeia de um lado para o outro na sala de aula. Ele olha para cima, para a turma, e depois volta a desviar o olhar para os seus sapatos pretos perfeitamente engraixados, fazendo o mesmo trajeto de á segundos atrás.

"Chelsea," Ele volta-se para mim numa voz grossa, apanhando-me desprevenida. Eu salto sobre a cadeira e foco o meu olhar no homem de barbas grandes á minha frente. Mas desde quando é que ele chegou assim tão perto de mim? 

"Sim professor." Eu assinto com a cabeça, escondendo o telemóvel debaixo das minhas coxas. Olho de relance para o relógio, dando-me a entender que faltam apenas 5 minutos para tocar e eu imeditamente suspiro de alívio. 

"Você acredita que as pessoas são mercedoras de segundas oportinudades?" Mr. Montegomery olha atentamente na minha direção e eu tenho vontade de rir com o tema que ele escolhera para terminar esta aula.

"Eu acredito." Respondo simplesmente. O professor lança-me o típico olhar do 'fundamente a sua resposta' e eu suspiro, contando mentalmente os minutos que faltam para que a campainha se faça ouvir. Sendo que isso ainda vai demorar algum tempo, eu decido fazer a vontade ao homem á minha frente que até tem um ar simpático. "Se as pessoas se mostrarem arrependidas por terem errado, porque não?" Eu encolho os ombros. Sentindo os olhares todos postos em mim, as minhas bochechas ganham um pequeno tom rosado e eu mexo-me desconfortávelmente sobre a cadeira de madeira. Detesto ser o centro das atenções.

"Então quer dizer que se as pessoas se mostrarem arrependidas sempre que fizerem asneiras, elas merecem uma nova oportunidade? Uma quinta oportunidade? Uma décima oportunidade?" Mr. Montegomery pressiona. Eu deixo escapar uma gargalhada pequena assim que as últimas palavras são pronúnciadas da sua boca para fora. "Qual é a piada?" O professor olha-me confuso e eu volto á minha expressão séria.

Ele parece ter escolhido o tema de acordo com a minha vida nos últimos tempos.

"Nenhuma." Eu balanço a cabeça, olhando involuntariamente para Zayn. "Eu acho que as pessoas merecem uma segunda oportunidade, talvez até uma terceira... Mas se as pessoas não forem capazes de aprender com os erros, uma quinta oportunidade já é demais." Respondo sériamente e um pequeno riso sem graça escapa dos meus lábios quando eu me lembro de todas as vezes que já perdoei o Zayn. Ele já excedeu o limite.

Zayn levanta a cabeça e é como se ele tivesse aterrado agora nesta aula. Os seus olhos despertam e a sua boca abre-se, como se ele fosse falar, mas a sua voz não se faz acompanhar pelos lábios.

"Então é pr -"

"O ser humano é imperfeito. Ele tem o direito de errar várias vezes. Não quer dizer que tenha sido propositado, mas se ele se mostrar realmente arrependido, eu acho que é merecedor até de uma vigésima oportunidade." Zayn interrompe a minha linha de racíocinio, deixando todos, até mesmo o professor, com o queixo caído no chão.

Desde quando é que ele virou psicólogo?

"As novas oportunidades servem para corrigir as coisas e, se depois de três ou quatro a pessoa ainda não aprendeu nada, dificilmente o fará com uma vigésima oportunidade." Eu inclino-me sobre a cadeira sobressaltada, olhando na direção do meu ex namorado.

Ele quer mesmo discutir isto no meio de uma aula?

"Quando o sentimento é verdadeiro, não há erro nenhum no mundo capaz de o destruir." Zayn desabafa, encarando-me com olhos de súplica. Os murmúrios de fundo fazem-se ouvir quase de imediato e eu tenho vontade de me esconder ao sentir todos os olhares postos em nós. As coisas acabaram de se tornar demasiado óbvias.

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