Por Favor, Lembre-se de Mim

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Eu me dividia entre as aulas de canto, dança, apresentações e visitas ao Minho no hospital. O fato dele não se lembrar de mim intrigou um pouco os médicos, e fez com que ele tivesse que ficar um pouco mais de tempo no hospital. Eu ia todos os dias, praticamente. Levava bolos e comida, mas sempre que eu chegava ele fechava a cara, como se não gostasse da minha presença. Apesar disso, eu continuava a visitá-lo, mas isso estava acabando comigo aos poucos. Sem notar, eu comecei a comer pouco, o que logo refletiu nas minhas roupas de palco, que tinham que ser apertadas constantemente. Meus pais e minhas amigas se preocupavam, mas eu acabava dizendo que era do cansaço. Óbvio que eles não engoliam, mas aceitavam.

Enquanto estava me preparando para ir ao hospital, a Luna entrou correndo no quarto.

- Sulli, o Minho teve alta e está voltando! Nós vamos vê-lo no dormitório dos meninos, você quer ir?

- Claro! - me levantei e encontrei fora do nosso dormitório Krystal, Amber e Victoria. Fomos juntas para o dormitório dos meninos do SHINee. Enquanto esperávamos, conversamos com os meninos. Todos pareciam muito simpáticos. A Victoria e o Onew não paravam de rir e ficarem vermelhos um para o outro. Fiquei feliz ao vê-los, mas isso só me fez ter mais saudade do Minho. O meu oppa, que se lembrava de mim.

Quando dei por mim, o Minho apareceu na porta. Todos levantamos e batemos palmas para ele. Todos foram cumprimentá-lo, felizes por ele estar de volta. Saber que ele está bem é um alívio para todos nós. Mas eu sabia que ele não estava 100%. Pode ser egoísmo, mas eu ainda quero que ele se lembre de mim. Quando ele me viu, perguntou:

- O que você está fazendo aqui?

- Eu vim te dar as boas vindas - eu falei, dando um sorriso.

Ele me olhou confuso. Ficou em silêncio por um tempo, depois disse:

- Vem aqui.

Me puxando pela mão, ele estava me levando para fora do dormitório. Parou na porta e se virou para os outros, que o estavam encarando:

- Pessoal, eu já volto.

Ele me puxou até a sala de dança. Praticamente me empurrou para dentro e fechou a porta atrás de si. Fiquei no meio da sala, olhando para ele. Esperando. Ele me encarava de volta com olhos semicerrados. Havia algo nos olhos dele, mas eu não sabia dizer o quê.

- Por que você está me perseguindo? - ele perguntou, ainda me encarando.

- Eu não estou te perseguindo, Minho. E-eu... - fiquei sem palavras. Realmente, eu o estava perseguindo. Mesmo quando ele não me queria por perto, como no hospital, eu estava lá. Baixei os olhos e me virei para o espelho. Foi então que tive uma ideia. Ele teria que se lembrar, de alguma forma. Fiz o passo errado, do mesmo jeito daquele dia que ele veio atrás de mim, quando começamos a ensaiar juntos. Ele me olhou confuso, então eu fiz de novo.

- Não é assim - ele disse, e me mostrou o passo certo.

Eu sorri, e fiz errado de novo. Ele continuava me encarando como se eu fosse uma alienígena.

- O que foi? - eu perguntei.

- Você me deixa desconfortável - ele coloca as mãos no bolso, colocando os ombros um pouco para cima ao fazer isso.

- Desculpe - eu baixo os olhos, segurando as lágrimas - não vou mais incomodar você - pronto. É isso. Ele nunca vai se lembrar de mim. Me dirijo para a porta. Ainda não consigo acreditar que vamos acabar sendo só conhecidos. Conhecidos nada, ele nem se lembra de mim, afinal de contas. Quando estou saindo, sinto meu braço direito sendo puxado. Com o puxão, nós dois ficamos perto demais. Ele pousa minha mão no coração dele. Nossa, está batendo muito rápido. Levanto meus olhos para olhar seu rosto. Ele me encara:

- Você entende porque me deixa desconfortável? Sempre que eu vejo você, meu coração dispara dessa forma. Minha cabeça começa a girar. Eu sinto como se estivesse faltando algo - ele se afasta e se vira de costas, enquanto passa a mão no cabelo - sempre que você me visitava no hospital, eu achava que eu estava piorando, porque eu sentia todas essas coisas, por isso fechava a cara quando você ia lá. Eu sentia mais raiva porque eu sonhava com você toda vez eu dormia. Eu me sinto muito mal, porque tudo me diz que eu deveria me lembrar de você, mas... eu. Simplesmente. Não. Consigo! - as mãos dele caem do lado do seu corpo, como se sentisse derrotado - eu já perguntei pra minha omma quem você é, ela conhece você, mas ela disse que eu tenho que descobrir - ele se vira e vem na minha direção novamente - então, quem é você? - ele pergunta, olhando para meu rosto como se estivesse me analisando.

Eu fiquei paralisada, olhando para os olhos dele de volta. Quem sou eu?

- Meu nome é Sulli - eu falei, com uma voz rouca.

- Sulli, o seu nome não é estranho para mim, mas não consigo me lembrar de nada... Que tipo de relação nós temos?

Que tipo de relação nós temos? Hmmm.. deixa eu ver. Nós ensaiávamos juntos, até que um dia você me pediu para eu te chamar de oppa. Foi então que, cada vez mais, eu descobri que você é o amor da minha vida. Então, uma menina do meu grupo te beijou na minha frente. Eu não quis mais te ver e terminei com você. Então você veio atrás de mim várias vezes, mas eu sempre recusei. A Victoria me contou que te beijar na minha frente era um plano da Krystal. Então, quando eu fui te procurar pra pedir desculpas para você, você já não se lembrava mais de mim. Que simples, não é? É claro que eu não podia falar isso para ele. Ele ia achar que eu estava inventando tudo, e provavelmente iria se afastar de mim... De novo. E eu não iria conseguir suportar.

- N-nós somos amigos - falei, com uma voz rouca. Me olhei de relance no espelho e notei que fiquei vermelha. Ele sorriu.

- Sulli-ah.

Assim que ele falou isso, vi que ele fechou a cara e franziu a testa imediatamente. Eu olhei nos olhos dele e pude ver uma mistura de sentimentos: confusão, frustração... amor? Provavelmente isso era coisa da minha imaginação. Ele deu um gemido frustrado e se virou:

- Parece que as coisas fogem da minha cabeça. É como se eu me lembrasse de você e, no segundo seguinte, tudo fugisse. É como se fosse um grande quebra-cabeça.

Eu peguei na mão dele. Ele ficou olhando para nossas mãos entrelaçadas. A expressão confusa no rosto dele era visível. Levantei minha mão livre e fiz um carinho no rosto dele. Minho fechou os olhos por um momento, depois os abriu, só para ficar me encarando. Eu sorri e o beijei.

As pessoas dizem que vemos fogos de artifício quando beijamos a pessoa de quem gostamos. É exatamente isso que eu sinto sempre que eu o beijo. É sempre como se fosse a primeira vez. Os lábios dele têm um gosto único e incomparável. Eu sei que ele ainda não se lembra de mim, mas eu ainda estou com muita saudade dele. Do meu oppa. De poder abraçá-lo, beijá-lo. De poder dizer para ele o quanto eu o amo, apesar de tudo. Eu falei isso só uma vez para ele, e na ocasião, eu ainda estava muito machucada. Quando o beijo terminou, eu fiz mais um carinho no rosto dele. Sorrindo, eu falei.

- Você vai se lembrar.

E saí da sala, sem dar tempo à ele de responder qualquer coisa.

Sulli's DiariesWhere stories live. Discover now