Capítulo 45

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Neste capítulo:

" - Tu és cigana, eu sou cigano. E nós protegemos os nossos.- ele me respondeu com convicção."


Vida

Andei pelas estradas escuras iluminadas apenas pelos relâmpagos e pelos faróis do carro. Decidida a chegar viva à pousada diminui um pouco a velocidade. Mas, diminuindo a velocidade, a raiva passou e a dor me atingiu. As lágrimas inundaram meus olhos quando as lembranças me assaltaram.

Dirigia como um autômato pela estrada escorregadia, ainda chocada com o que eu vira. Como ele pode ser tão falso? Tao mesquinho? Ele não tinha nenhum amor por mim. Desejo talvez. Mas Alex não me amava. Eu era para ele apenas uma forma de atingir um objetivo. Como Seamus  tentara me alertar e eu cega não lhe dera ouvidos. Até parece que, em três dias, um homem como ele desenvolveria um amor profundo e incondicional. Eu era mesmo muito ingênua!

-Burra! Burra! Burra! – gritei esmurrando o volante.

Passei a mão sobre o rosto tentando limpar as lágrimas. Então notei pelo retrovisor os faróis de um carro que vinha atrás mim. A estrada era estreita naquele trecho. Ele não conseguiria me ultrapassar. Restava apenas que ele tivesse paciência e esperasse por um trecho que permitisse isso.

Mas ele não queria esperar e começou a jogar o farol alto em mim me cegando. Filho da mãe apressado!

Então algo aterrorizante aconteceu. O outro carro começou a acelerar e abater em mim empurrando-me pela estrada escorregadia.

-Pare com isso, seu idiota! - gritei. Não sei se ele me ouviu, mas ele continuava. Eu pisava nos freios tentando fazer o carro parar,mas sem sucesso. Os pneus deslizavam na lama.

-Santa Sarah, valei-me! - gritei quando senti que o carro deslizava na direção de um terreno acidentado. Eu despencaria morro abaixo.

O carro inclinou-se para a frente e eu vi o precipício iluminado pelos faróis. O carro desceu pelo barranco levando tudo a sua frente. O air-bag explodiu na minha frente e eu senti um forte impacto. Cobri meu rosto com os braços. Então tudo girou como um carrossel desgovernado. Tarde demais eu me lembrei do cinto de segurança.Senti algo gelado no corpo e apaguei após uma forte pancada na cabeça.

Não sei se fiquei desmaiada por minutos ou se por segundos. Recobrei a consciência e senti um cheiro forte de combustível. De algum lugar profundo da minha mente uma voz me dizia para me afastar. Me arrastei para longe do carro quando o mesmo explodiu, espalhando pedaços para todo o lado.

Ainda tonta, comecei a andar entre as árvores, molhada até os ossos. Todo meu corpo doía, sabia que os arranhões em minhas mãos sangravam,que possivelmente tinha escoriações, arroxeados em todo o corpo,mas isso não importava. Queria distancia daquele lugar. A dor ameaçava me sufocar. As lágrimas corriam pelo meu rosto misturando-se as gotas de chuva.

Numa clareira avistei um grupo de motorhomes. Suspirei aliviada. Encontraria a cura do meu coração partido entre meus irmãos.

Claro que assim que me avistaram, dois homens vieram ao meu encontro.Armados.

-Sou Vida Ivanovitch e preciso... - não cheguei a terminar a frase. Desmaiei os braços do homem mais velho.


***


Abri os olhos lentamente e vi um teto onde uma luminária estava pendurada. Movi minha cabeça e uma mulher estava sentada tricotando.Por um segundo fiquei com medo de estar de volta ao castelo.

A Condessa CiganaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora