1. A Descoberta.

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Eu estava ofegante. Só conseguia sentir a terra entre os meus dedos. Meus ouvidos zumbiam e a sensação de que tinha batido de frente com um caminhão preenchia meu corpo.

- CAMILA. – Ouvia alguém gritar por mim. Uma voz familiar, mas que eu não conseguia lembrar de quem era. – LEVANTA! – Tossindo, tento me levantar. – CAMILA. – Levanto o pescoço e percebo o caos a minha volta. Corpos caídos ao meu lado, pessoa dobrando elementos e atacando umas as outras. O que estava acontecendo?

Tento me levantar uma vez mais, e com certa dificuldade consigo. O gosto metálico impregnava meu paladar. Minhas costelas doíam a medida que eu tentava buscar ar para respirar. Minha cabeça latejava e eu sentia que minhas forças estavam se esvaindo. Eu iria desmaiar a qualquer momento.

- Você não deveria ter se metido em meu caminho, Cabello. Agora, eu terei o prazer de ver a vida se esvair de seus olhos. – Outra voz me chama atenção e eu olho para detrás de mim, vendo um homem vestido em uma armadura de vibranium. Ele era mais alto que eu e apenas seus olhos apareciam em meio a brecha do elmo que ele usava. Seus olhos eram castanhos escuros com leves fios vermelhos em sua íris. Ele manipulava fogo.

- E o que você vai fazer? Já não basta ter destruído toda a nossa nação com suas necessidades supérfluas e sua corrupção nojenta dentro dos muros dos castelos em que você e sua corja de ladrões vivem? Eu não tenho medo de você Ridley! E irei fazer o que estiver ao meu alcance para tirar todos vocês desse governo imundo. – O vejo cerrar os punhos e com um rugido brutal ele avança sobre mim, dobrando o fogo e o lançando em minha direção.

Mesmo machucada, ainda consegui me desviar das chamas lançadas. Fixei meus pés no chão e com as mãos em punhos, puxo um muro de terra debaixo dos pés de Ridley, o lançando a uns metros na frente.

- Pessoas como vocês que deveriam ser executadas. Não o meu povo por ser diferente. Você matou muitos de nós, Ridley. Mas hoje, quem vai morrer vai ser você. – Antes que eu consiga me mover sinto alguém me segurar por trás, me prendendo em algemas de vibranium. Em segundos ele estava de pé, sacando uma espada do mesmo material. Ele envolve a lâmina com fogo, a empunhando.

- Não, querida Camila. Hoje, quem vai morrer, vão ser vocês. Aberrações. – Ele ergue a espada e desfere um golpe duro em direção ao meu pescoço. Fecho os olhos.

Segundos se passam e um silêncio mortal se instala no campo onde lutávamos. Abro os meus olhos e me deparo com a cena que eu nunca me esqueceria. Lauren, a dona da voz que, no primeiro momento eu não reconheci, estava a minha frente. A espada de vibranium destinada a mim, agora estava enfiada em seu abdome.

- Lauren. – Sussurro. Era irreal. Tinha que ser. – LAUREN! NÃO! – Eu gritava tentando me afastar do homem que me prendia com os braços para trás. A dor era descomunal. Ela ajoelha em frente a Ridley, sem forças. O vejo retirar a espada de seu corpo e seu sangue escorrer pela lâmina.

- Espero que nunca se esqueça dessa cena, querida Camila. Até mesmo no lugar obscuro em que você vai parar depois de morta. – Ele chuta o corpo de Lauren e ergue novamente a espada, desferindo o golpe final.

- NÃO. – Acordo ofegante. Não era a primeira vez que tinha esse sonho. Suspiro. Era tão real. As pessoas, os cheiros, os sons. Tudo. Eu não sabia quem eram aquelas pessoas, por mais que no sonho eu parecesse conhecer. Mas mesmo assim a dor que ficava em meu coração, sempre que acordava, era dilacerante. Como se minha alma ou algo em mim reconhecesse quem era aquela garota que dava a vida por mim.

Ainda olhando para o teto branco descascado do meu quarto, em uma tentativa de esquecer aquele sonho, eu repassava tudo que tinha para fazer naquele dia. Depois de terminar os estudos primordiais, que antigamente eram conhecidos como ensino fundamental e médio, a única alternativa que pessoas como eu encontravam era trabalhar nas fabricas das multinacionais do nosso distrito, ou ser policial. Eu trabalhava na fábrica de automóveis dos Sato's. Era uma empresa chinesa que se instalou no nosso distrito a alguns anos. Suspiro mais uma vez.

Sui Generis - O Preço do Equilíbrio.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora