Capítulo 5

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Mais tarde naquela noite, após a sequencia de sessões, o grupo de amigos foi a uma boate comemorar o sucesso do espetáculo e relaxar afinal havia sido uma sequência cansativa. No bar, alguns dos amigos tentavam conversar.
- Foi ótimo! - disse Antonella a Daniel, quase gritando por causa do volume do som.
- Que bom que você gostou - disse ele .
- O quê?
- Eu falei - disse ele aproximando o rosto ao ouvido dela - que bom que você gostou.
Ela sentiu um leve arrepio ao sentir o hálito tocar sua pele.
- Esse whisky sours já tá fazendo efeito e olha quem nem é tão forte, hein? - disse ela gritando novamente. Ele sorriu.
- Eu não gosto muito de beber, mas esse drink parece bom - disse ele novamente ao pé do ouvido.
- Experimenta - ofereceu lhe dando o copo.
- Nossa - comentou após um gole - é um pouco forte.
- Nada! Só esquenta um pouco. - disse enquanto se levantava para a pista de dança onde Anderson mostrava seus passos inusitados.
Daniel terminou de beber o drink e observou a nova amiga arriscar alguns passos entre as pessoas.
- Mais um desse, por favor - pediu e logo se lembrou do sonho que tivera.
Isso o deixou pensativo e calado. Não costumava ter sonhos assim, muito menos que ficassem presos em sua cabeça. Quem seria aquela mulher? Lembrou-se de Karina e sentiu sua falta. Pediu mais uma dose ao barman e foi surpreendido pela mão em seu ombro.
- Cara - disse Anderson que acabara de chegar ao lado de Antonella - essa mulher é uma figura!
Ambos gargalhavam devido aos passos ridículos que faziam há pouco.
- Acho melhor você ir com calma - disse ela - você disse que não é de beber...
- Não tem problema - disse ele levantando-se - só esquenta um pouco.
Daniel saiu e se perdeu por entre as pessoas.
- O que deu nele? - quis saber a amiga.
- Dor de cotovelo - respondeu Anderson - você é demais sabia?
- Ah, nem vem! Hoje eu só quero curtir.
- Ué, eu também. Só te fiz um elogio - conversavam sob as luzes dançantes e o som da eletrônica que animava a noite.
- Eu sei bem aonde você quer chegar, gigante, mas você não esqueça que é comprometido. Não sou dessas.
- Comprometido? Eu? Com meu trabalho, sim.
- Você não me falou que tinha um filho?
- Tenho. Mas sou pai solteiro.
- Pai moderno. Tenho pena do seu filho. Deve estar em casa enquanto o pai ta tentando pegar a amiga do amigo.
- Hahaha... Ok então. Se você pensa isso eu respeito. Desce um pra mim, garçom, vou curar esse fora cheio de argumentos.
Ambos riram e beberam mais um pouco. A noite ia aprofundando e os amigos dançavam, bebiam e flertavam.
Em um momento Antonella avista Daniel sozinho, declinado em uma mesa ao fundo. Ela se aproxima e senta ao seu lado.
- Ta tudo bem?
- Oi? - diz ele recompondo a postura - Ah, é você. To meio enjoado. Não gosto muito desse barulho todo.
- Entendi. Quer ir lá fora um pouco tomar um ar?
Ele não respondeu nada, apenas levantou e seguiu a amiga até a saída. Caminharam calmamente pela calçada enquanto conversavam.
- Eu falei pra você beber com mais calma - disse ela num tom de brincadeira.
- Eu sei, mas não é isso.
- O que é então?
- Eu só tô um pouco pensativo.
- Hmm. E esse pensamento tem nome?
- Isso que eu não sei. Tenho pensado no sonho que tive e tô meio perplexo com aquela mulher.
- A Karina.
- Não sei se era ela. Não lembro! Lembro de todos os detalhes menos do rosto! Isso que me deixa louco.
- Eu acho que você exagerou mesmo na dose. Tá parecendo que se apaixonou pelo sonho - disse ela com deboche.
-É, acho que exagerei.
- Ou... Essa mulher é uma lembrança que você quer apagar e a sua mente insiste em te lembrar. Você pode ter apagado a imagem, mas o sentimento ainda é o mesmo.
Ele permaneceu calado e caminharam assim, em silencio, por alguns minutos.
- Lembra que eu te falei que podia contar comigo pra o que precisasse?
- Obrigado.
- Vem cá - disse enquanto o abraçava - agora vamos voltar lá pra dentro e comemorar esse sucesso, esquecer tudo isso e curtir a noite!
Ambos deram meia volta e seguiram o percurso de volta.
- Obrigado de novo. Você é uma pessoa incrível! - disse ele colocando seu braço sobre os ombros de Antonella.
- Se alguém vir a gente assim vai achar que fugimos para nos pegar.
- Até que não seria má ideia - disse ele aproveitando a deixa.
Ela também havia gostado da ideia, mas ele já estava um pouco bêbado e visivelmente carente, ela sabia que ambos iriam se arrepender disso depois.
- Cala a boca! - disse ela empurrando Daniel que se desequilibrou e quase levou um tombo, mas foi segurado por Antonella que caiu na gargalhada.

***

Era manhã de segunda feira e Antonella hesitava em levantar, apesar de já ter ativado o modo soneca do despertador duas vezes. Mas o peso da responsabilidade era maior que seu sono e ela se viu obrigada a despertar. Acordou as meninas e foi preparar o café.
- Você tá com muita preguiça, Antonella - disse Laura com toda fofura, sentada à mesa ao lado de sua irmã Alice.
- Tô mesmo. Quando vocês saírem eu vou cair na cama de volta!
- Até parece que a minha mãe vai deixar - disse Alice rindo.
- Iiiiih menina, tua mãe é outra que não vai levantar tão cedo.
- Vambora? Que quero dormir até a hora do almoço!
Antonella acompanhou as meninas até a perua e ao voltar pro quarto se deparou com uma mensagem de Daniel:
"Estou a caminho do aeroporto agora. Não queria ir embora sem te agradecer por tudo. Obrigado de verdade. Bjs"
Ela deixou escapar um sorriso involuntário ao ler a mensagem e se lembrou da noite passada. Então adormeceu sem desmanchar o sorriso do rosto.

Em Breves PalavrasWhere stories live. Discover now