Apenas apareceu como o método mais fácil de acabar com todo esse sofrimento, com toda a dor.

Mas mandei a ideia para longe quando pensei que poderia ser bom ajudar minha mãe na loja, e passar um tempo em um lugar diferente. Ficar trancada no quarto pareceu muito eficaz naquelas semanas mas no momento, precisava me desfazer desse receio porque não queria mais me sentir prisioneira na minha própria casa.

Pude ver claramente surpresa no rosto da minha mãe, quando pedi para acompanhá-la naquela manhã. Obviamente não era algo que eu fazia ou que aparentava querer, por ter ficado praticamente o mês inteiro trancada no meu quarto e basicamente ignorando o resto a minha volta.

Mesmo surpresa, minha mãe concordou em me deixar ir, o que foi um verdadeiro alívio. Não demoramos a sair de casa e a pegar o ônibus vermelho, demorando mais de meia hora para chegarmos.

Eu vestia roupas adequadas para um fim de inverno. O tempo não estava tão congelante como antes mas ainda sim, estava frio e sei que era por causa do quanto congelante tinha sido o inverno. O céu estava nublado, o vento gelado mas já não havia mais neve nas calçadas e ruas. Apenas ficou o frio.

A loja onde minha mãe trabalhava, sendo a gerente, ficava em uma rua movimentada, cercada por outros estabelecimentos.

A fachada da loja era grande e destacada, com letras douradas e muito bem escritas, chamando a atenção da freguesia. O piso era de porcelanato branco e reluzente, porém as paredes tinham um charme elegante, cinzento, dando o contraste à loja mediana. Eu já tinha ido à loja antes, mas fazia muito tempo que eu não vinha, e sabia que era porque me sentia desconfortável.

Via inúmeras mulheres entrando na loja, comprando sapatos, vestidos e tudo que uma mulher feminina gosta de comprar. Era realmente torturante para mim ver a facilidade de fazer algo assim para elas. Diferentemente de mim. Mas não queria pensar nisso, apenas tentaria ignorar isso o suficiente para não me incomodar. Naquela momento, aquilo era a última coisa que eu poderia estar preocupada.

Encontrei um lugar para mim atrás da bancada, enquanto observava as atendentes da loja chegarem e a loja abrir. Forcei um sorriso para as três mulheres, Ruth, Margareth, e Charlotte, uma jovem mulher que por algum razão, me parecia familiar. Talvez pelos olhos azuis e o sorriso radiante, não entendia exatamente o porquê dela me parecer familiar quando nunca a vi.

As três eram gentis e lindas, porém, era visível a diferença na personalidade de cada uma. Ruth aparentava ser mais madura e responsável, Margareth sorria tanto que era até de se estranhar, porém era invejável sua beleza jovial e disposição, e Lottie, como ela se apresentou para mim, mesmo que seu nome completo estava sendo revelado no crachá, era uma mulher um tanto persuasiva, direta e determinada. Uma certa semelhança entre ela e Mary, cooperou para que eu gostasse instantemente dela.

As horas passaram arrastadas. Não tinha realmente muito para mim fazer, ao não ser observar os clientes entrando, comprando, e indo embora. Quase perto do meio dia, minha mãe deixou que eu ficasse no caixa. Uma responsabilidade grande mas bem-vinda, já que eu fazia simplesmente nada.

Enquanto eu estava alí, me sentindo ocupada, fazendo algo responsável, mesmo que fácil, me imaginei trabalhando em algum lugar. Tendo responsabilidades e ficando ocupada fazendo algo maduro. Eu estava alogando aquilo há muito tempo e sabia que não poderia mais continuar fazendo.

Minha mente estava gritando que era o certo, que era o momento certo e eu não podia simplesmente ignorar isso. Eu sabia que era uma das poucas possibilidades de eu me ocupar o suficiente para esquecer dos problemas, esquecer dele, se possível.

Então enquanto caminhava com minha mãe até o Starbucks da esquina, no horário do seu expediente, ia formando maneiras certas de convencê-la sobre minha decisão. Minha mãe sempre foi contra sobre Mary e eu trabalhar. Dizendo que era algo desnecessário e o melhor que temos a fazer era entrar na faculdade de uma vez e eu até concordava com ela antes, mas sabia que entrar para uma faculdade naquele momento seria muita pressão e eu precisava de um tempo, para tentar ajeitar as coisas na minha cabeça.

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