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POV Christian

Eu sei que o caso é diferente mas não consigo deixar de pensar no Ray. O que lhe terá passado pela cabeça todos estes anos, sem saber do seu grande amor e da sua filha... Se eu não tivesse pago á Leila provavelmente ela mema teria fugido e maltratado a Ella só para me sacar dinheiro... Nisso eu tive mais sorte do que ele, eu tenho a minha princesa ao meu lado. Sei que para a pequena foi complicado passar 1 ano aqui fechada, mas também nos divertimos imenso. Recordo-me de algumas das nossas paragens e rio, desço ao escritório e apanho o computador e começo a ver as fotos que tirámos. A minha menina é mesmo linda.

Estou a rir de um pequeno filme que pus a passar da minha pequena na praia quando oiço um barulho atrás de mim e quando olho a Ana está na ombreira da porta.

- Ainda acordada?

- Não consigo dormir e decidi vir ver se precisas de alguma coisa.

- Estou bem. Estava a ver umas fotos que tirei da Ella nestas férias. Mas podes fazer companhia.

- A Gail disse que estão a fazer esta viagem á 1 ano.

- Sim, tem sido 1 ano espectacular. Mas está a acabar, em breve volto á empresa.

- E tudo por minha culpa.

- Não penses isso pois não é verdade. Cascais já era a nossa última paragem.

- Posso fazer-te uma pergunta?- diz ela e eu assinto.- A mãe da Ella? Desculpa, é uma pergunta parva e demasiado pessoal.

- Não, eu não me importo de falar. Conheci a Leila na faculdade, eu estava a tirar administração e ela moda, encantei-me por ela e apaixonei-me. Os meus pais sempre foram pessoas muito ricas e conhecidos, o meu pai tem um escritório de advogados e a minha mãe é directora da Pediatria do Hospital central de Seattle. O meu irmão é arquiteto e a minha irmã terminou este ano o colégio e vai seguir direito, como o meu pai. Todos á minha volta me avisaram que ela estava comigo por Status e que me traia mas eu não dei ouvidos a ninguém até que a Leila engravidou. Eu tinha 19 anos, quase 20 e fiquei super feliz. Apesar de não concordarem com a minha relação, os meus pais deram-me um apartamento e fui para lá viver com ela. Passado pouco tempo a mãe dela foi viver connosco pois segundo ela, precisava de ajuda. A Ella nasceu e eu estudava e trabalhava na firma do meu pai, ai ela convenceu-me a arranjar alguém para tratar da casa e assim contratei a Gail. Assim que a Gail começou a trabalhar ela começou a passar os dias fora. Juntei algum dinheiro e apliquei e durante o meu ultimo ano na faculdade abri a minha empresa que cresceu rápido. Fomos ficando cada vez mais afastados, eu trabalhava e ela passava os dias fora sem ligar á Ella.  Assim foi até a Ella ter 3 anos, á 1 ano atrás exactamente, ela queria que eu comprasse um apartamento de luxo para a mãe dela e eu neguei pois a mãe já tinha um apartamento, humilde mas muito bom. Como eu não lhe fiz a vontade ela foi para casa e espancou a Ella. A Gail não me conseguiu contactar mas como o Taylor era segurança da empresa, ligou para ele e eu corri para casa com ele. Nesse dia eu mandei-a embora de casa e ela disse que ia mas levava a peste, referindo-se á Ella, eu neguei e ofereci-lhe dinheiro para a deixar, ela pediu-me 500 milhões pela filha. Como eu disse que por esse valor ela assinaria um documento a abrir mão da paternidade da menina a mãe pediu mais 250 milhões. E foi assim, ela vendeu a filha. E ainda insinuou que a menina não era minha. Nesse dia ela saiu da minha vida, tive de engolir o meu orgulho e admitir que todos tinham razão acerca dela. Deixei a minha empresa nas mãos da Ross, meu braço direito, fiz o exame de ADN com a Ella só para confirmar que ela era minha e embarcámos nesta viagem.

- Uau, que história. E a mãe nunca mais a procurou? Ela não pergunta por ela?

- Não. Foi muito dificil no inicio para ela parar com os pesadelos do que aconteceu naquele dia, mas ela superou. E a tua história, qual é?- pergunto.

- A minha, então. Lembro-me de estar e Nova York e da Kate, de brincarmos muito as 2 mas sempre dentro de casa, o Jack vinha de vez em quando, ele e um homem que acho que era o pai dele, até ao dia em que ele chegou e tivemos de arrumar as coisas e mudámos para Portugal. Lá a minha mãe conseguiu colocar-me na escola, mas sempre me lembro das ameaças dele acerca de eu ter amigos ou falar de nós para alguém e da minha mãe me dizer que um dia o meu pai nos iria buscar. Ele batia muito na minha mãe, por vezes tentou bater-me quando eu tentava defender a minha mãe mas ela nunca deixou ele me tocar. Até ao dia em que a minha mãe saiu de casa, deixou-me uma carta que disse que não era para eu abrir na hora, ensinou-me a abrir uma tábua que havia no chão do meu quarto e onde estava a boneca, isso no dia dos meus 16 anos. Disse-me que eu não deveria deixar o Jack ver a boneca por nada, quando ele não estava ela apenas falava comigo Inglês, dizia que aquela era a minha lingua, e que devia usá-la sempre que pudesse pois ainda iria voltar a ser a minha primeira lingua. 2 dias depois de fazer 16 anos o Jack entrou no quarto e deu-me uma surra, disse que eu tinha de pagar pela otária que a minha mãe era e disse-me que ela se tinha mandado ao mar e que tinha morrido. A partir dai nunca mais sai do quarto. Á  1 semana ele disse que no dia dos meus anos eu iria casar com ele, e no dia eu fugi da limusine pelo tecto e escondi-me aqui. Merda a boneca.- diz ela de repente.

- O que tem a boneca?

- Tenho de a abrir. A minha mãe disse-me para a abrir. Que todas as respostas estariam la.

- Amanhã Ana. Agora vai descansar. Amanhã vemos isso.- digo e ela vai deitar.

A FugaWhere stories live. Discover now