Capítulo 58☘

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Deitada numa tarde de sexta-feira, estou pensando naquele  hálito quente paralisante perto do meu pescoço. O medo daquela voz desconhecida me impediu de virar para o lado. Dentro da minha pequena análise, varrendo toda a minha mente, só encontro a possibilidade de ser o capa voadora.

Não havia dúvidas de que só podia ser ele. Ele sempre estava me perseguindo e a minha dúvida era por que justamente eu estou passando por isso, se o alvo deveria ser a Gaby. Ela me parece muito tranquila para estar sendo perseguida, então algo estava errado. Preciso descobrir a identidade dessa pessoa.

Léo não disse o nome do rapaz da foto e preferi não pressioná-lo, pois ele poderia mentir facilmente e eu acabaria me apegando a um nome totalmente diferente. Era necessário descobrir aos poucos, aquele rapaz era o tal do capa voadora e estava atrás de mim, só preciso armazenar corretamente seus traços faciais.

Isaac me mandou uma mensagem no meio daquela preocupação, tirando-me daquela distração interminável e convidava-me para ir ao seu apartamento. Ele disse para eu levar uma bolsa com itens necessários para passar a noite lá. Aquilo me pegou de surpresa, pois não tínhamos nem uma semana de namoro e ainda não tinha idade para tomar decisões sozinha.

Se eu ainda estivesse falando com Clarisse, ela poderia me ajudar a mentir, mas como eu não tinha nada em mente, com certeza, minha mãe não permitiria minha saída para a casa de um garoto, ainda mais para dormir.

Isaac disse que mandaria um motorista me buscar e francamente, não vou querer ter de explicar e sofrer repreensões. Achei melhor negar e falar a verdade, pedindo compreensão da parte dele.

"Sinto muito, não vai dar. Não tenho coragem de falar ainda para minha mãe"

O nosso namoro não vai para frente, se eu continuar dificultando as coisas. Preciso pensar rápido, ele havia me passado. Mas acho que vou até lá só para ficar alguns instantes e logo estarei de volta. Não quero começar assim, e acho que uma visita rápida vai ser o suficiente para um começo.

Fecho a porta do meu quarto e ando até a cozinha vagarosamente, escolhendo uma desculpa convincente. Duas vozes se dialogavam na cozinha e rapidamente eu paro para tentar saber quem estava conversando com minha mãe.  Eu começava a reconhecer através de uma gargalhada rouca, típica da minha tia menos preferida: Petúnia. 

— Ah, nem me fale! Quando a Lisandra levou aquele tombo, eu não me aguentei de rir, já pensou? A menina estava com o joelho sangrando e chorava demais e você corria para lá e para cá, sem encontrar as chaves do carro.

Na ponta dos pés, cheguei até a entrada da cozinha e avistei tia Petúnia sentada numa cadeira.

Suspirei de raiva só de pensar o quanto ela deve ter falado de mim por causa do meu primeiro beijo com Isaac. A mulher era uma cobra. Ela me avistou e abriu os braços, equilibrando-se sobre os seus saltos agulhas. 

— Acordou, adormecida? Vem dar um abraço na sua tia aqui.

Encobri meus lábios e me aproximei, sem jeito. Ela me deu um abraço forte de quebrar ossos. Envergonhada, não consegui falar nada, apenas consenti, balançando a cabeça.

— Mãe, eu posso sair? Eu preciso ir terminar um trabalho e vai ser na casa de Clarisse.

Minha tia pigarreou e disfarçou uma risada. Revirei meus olhos, porque estava diante de uma mulher que adorava se intrometer na vida dos outros e era bastante perceptiva para estragar meu plano de sair de casa.

— Típico de garota quando quer namorar. Inventa um trabalho do nada e acha que nós mães somos bobas.

Uma saliva pesada desceu em minha garganta e apertei meus punhos. Respirei fundo, mantendo minha mentira em pé.

— Eu não preciso fazer isso, tia. Infelizmente, o trabalho é em grupo e por mais que eu não esteja tão bem com minha amiga, vou precisar de nota para me livrar do colégio.

Minha mãe hesitou, mas quando falei sobre notas baixas e da possível recuperação, logo ela me autorizou a sair.

— Ah, Mariette, eu não deixava não — Petúnia balançava a cabeça em discordância.

— Tia, a senhora não está falando com uma criança, não. Eu tenho minhas responsabilidades e minha mãe confia em mim, não preciso da confiança da senhora, dá licença! — reclamei, despedindo de minha mãe com um beijo e saí em disparada, sem olhar para a cara de minha tia , que adorava semear asneiras.

Não estou fazendo nada de errado e nem pretendo me comportar como Gaby. Se Isaac espera que eu seja como ela, livre e decidida, então, realmente, nosso namoro vai para água a baixo.

Eu tinha o endereço do apartamento dele e esperei o chamei o motorista pelo aplicativo. Era só esperar sua chegada e em breve, eu estaria fazendo uma surpresa a Isaac. Bom, estou me esforçando e ele vai ser obrigada a entender isso.  

A resposta da sua mensagem resultou em poucas palavras congeladas. 

"Poxa, sem problemas, amor"

Ele só enviou isso e nada mais. Ele ficou literalmente chateado. Agora mesmo ele vai me achar infantil ou sei lá o quê. Ah, não, eu preciso ir até seu apartamento, agora o caso é sério. Recebi uma mensagem do motorista, avisando que o carro tinha parado e agora estava sendo levado para a oficina. 

Meu coração disparou e fiquei preocupada, não havia como chegar até lá, preciso pensar rápido e sem saber quantos ônibus eu tomaria, andei em direção ao ponto, virando à esquina e caminhando mais e mais até que um carro  pareava ao meu lado. Olhei para a janela, que abaixava e me assustei ao ver Tia Petúnia, rindo, com seus óculos de escuros. Ela tinha acabado de sair de casa. 

—  E aí, lesminha, como vai? Se continuar a andar nessa lerdeza vai chegar só à noite na casa dessa sua amiga —  falou minha tia, rindo debochada.

—  Não me enche, tia —  falei, irritada, ignorando-a. 

—  Ah, pare com isso, sua mal educada! Fala logo que está doida para chegar na casa do seu namorado, acha que sua mãe não iria me falar? Ela contou tudo! E achei o garoto um pedaço de mal caminho, a se eu tivesse quarenta anos a menos... —  Minha tia não sabia muito dos bons limites, não. Mas o Isaac era lindo e a entendo completamente. 

—  Ele é lindo mesmo —  concordei, rindo e parando. 

—  Entra aí e me dá o endereço da casa desse gatinho aí —  ela falou, destravando as portas.  

Boa noite! O que acharam do cap de hj? 

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Boa noite!
O que acharam do cap de hj

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