BÔNUS IX - Gaby narrando...

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Léo é um rapaz interessante. Ele tem paixão por fotos, mostrou-me paisagens de diversos países e suas riquezas naturais. Se ele não fosse tão bom com as palavras, com certeza, eu teria arrumado uma desculpa e caído fora. Mas ele simplesmente salvou a minha noite e ao seu lado, consigo me sentir tão bem. Tirava-me momentos alegres quando eu estava praticamente querendo explodir de tanta raiva daquela Lisandra.

Meus olhos só encontravam seu rosto e analiso-o melhor. Iluminado pelas luzes e sentados lado a lado num banco, ele continua falando entusiasmado. Seus olhos pequenos me chamam atenção e nem todo o barulho de pessoas gritando e falando são capazes de me dispersar.

Até mesmo o enjoo extinguiu-se em meio àquela companhia calorosa. Talentoso com imagens, ele conseguiu me agradar.

— Devo estar chateando você, não é? — ele parou de descrever suas aventuras registradas naquelas fotos e me perguntou, prestando atenção em mim.

— Não, de maneira alguma, continue falando, esquece de mim, por favor — falei, querendo esquecer de ser a Gaby por um momento.

Ele olhou no relógio e depois para a piscina e para os fotógrafos que tiravam fotos.

— Daqui a pouco, vão cortar o bolo e preciso arrumar os equipamentos para a sessão de fotos.

Não queria saber de bolo, fotos e muito menos deste aniversário. Sem minha verdadeira família aqui, sinto um vazio enorme, pois os melhores aniversários eram os da minha infância. Festas simples, mas organizadas com muito amor. E como não costumo me dar bem com minha mãe, infelizmente, ela não estará aqui.

— Então, vamos logo, não vejo a hora de me livrar deste povo. O barulho está me irritando — levanto-me e sinto uma vontade de vomitar, acho que bebi demais.

Léo percebeu meu mal estar e me aconselhou a beber um pouco de água.

— Espere aqui, vou buscar água para você — ele se apressou a sair e fiquei esperando, sentando-me novamente e vendo Christian com as mãos nos bolsos e um olhar perdido. Miriam aparece em seguida e coloca seu braço em volta dos ombros dele.

Léo chega em seguida com um copo de água e agradeço assim que sinto suas mãos. Bebo dois goles e olho para o céu, que estava realmente estrelado.

— Me acompanha para tirar as fotos? —peço, olhando para ele e estendo minha mão. Ele consente e caminha, segurando firme minha mão.

No cômodo principal, um imenso bolo de camadas me aguardava e fui para trás da mesa e as fotos se iniciariam imediatamente. Eu pedi para Léo ficar ao meu lado, mas ele não podia ,ele precisava auxiliar o fotógrafo Anderson.  Então, segui as instruções de como deveria me comportar diante das fotos. E depois de umas dez fotos, fingindo sorrir,  suspiro e as pessoas começam a cantar para mim. Comprimi meus lábios, sentindo um embrulho no estômago e uma dor de cabeça.

Decido me afastar e vou para fora, buscar um ar fresco. Escuto Miriam me chamar e a ignoro completamente.

Inclino-me para frente, segurando-me nos joelhos. Vejo que ainda há muitas ainda na piscina, brincando como se não houvesse o amanhã.

— Você precisa saber logo se está ou não grávida, amiga — escuto Miriam falar num tom alto suficiente para surpreender as pessoas. Ergo meu corpo e olho para a entrada de minha casa e vejo Christian e Isaac próximos, focados em mim e estupefatos.

— Como é? — Isaac pergunta, juntando suas sobrancelhas.

Christian não falava nada, apenas faz a mesma expressão de Isaac.

— Eu já estou melhor, vamos voltar, pessoal —falo, esquecendo-me da asneira dita por Miriam, que escutaria um monte após a festa.

Isaac é o único que permanece bloqueando a passagem.

— Eu quero saber se este filho é meu ou do Christian.

Christian deu um grito e se defendeu:

— Meu não é! Posso ter certeza, este aí não é meu, não sou louco de correr esse risco.

—Chega! Não tenho nada para dizer a ninguém! Estou ótima, essa garota só sabe inventar coisas. Agora vão todos embora! Não tem mais porcaria de festa!

Expulsei todos, exceto Léo. E Miriam, que estava com as coisas aqui em casa para me fazer companhia após festa, foi expulsa também. E muitos levaram doces, salgados escondidos em calças, bolsas, camisetas, enfim, por mim, poderiam levar tudo.

Miriam saiu transtornada, querendo explicações; eu apenas acompanhei-a para fora de minha casa,  e Isaac foi a última pessoa a sair e hesitante, insistia em querer saber se era verdade ou não.

— Não é verdade, Isaac, por favor, vá embora.

E quanto finalmente fechei a porta de minha casa, Léo sentiu-se desconfortável.

— Fique mais tempo aqui, vamos conversar mais sobre suas viagens, trabalhos...

— Você está querendo um abraço? — perguntou-me e abriu os braços.

Abracei Léo pela cintura e fechei os olhos, encostando a cabeça em seu peito. 

 

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