"Estou vivendo, estou me levantando"

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- Dylan... - finalmente consigo abrir a boca para dizer algo descente. Seu rosto está à centímetros do meu, posso sentir sua respiração lenta

- Skylar...

- Desculpe... eu... estou tão confusa. Céus! Sou uma completa idiota!

Ele pega minhas mãos e vejo minha liga de cabelo ainda em seu pulso.

- Por que disse aquilo? - ele começa. - Você ia mesmo me deixar apenas com um torpedo? Eu não merecia mais que uma explicação pessoalmente?

Sua voz é baixa e tranquila, mas há sinais de preocupação nela. Penso por uns instantes, decidindo internamente se conto à ele minha história, o que passei pelos últimos meses. Os últimos dois anos.

- Não, não. É claro que merecia, mas... Céus, Dylan! Se eu visse seu rosto ou se escutasse sua voz... não teria coragem de fazer. Você... você não imagina o que me faz sentir.  Sua presença é mais que sugiciente... - aperto os olhos confusa. - Você me enfraquece e isso é tudo o contrário do que tenho tentado ser!

- E você acha que não causa isso em mim? - ele chega tão perto e encosta seu nariz no meu. - Tem idéia do que senti quando li sua mensagem? Como isso acabou comigo? E nem mesmo sem uma explicação...

Fecho os olhos.

- Dylan...

- Se você não me contar o que houve com você, como vou entendé-la? Como posso ajudar à te ajudar se você não me permite?

- Eu não consigo... - abro os olhos e ele me encara. Afasta seu rosto do meu e beija minha mão.

- Tudo bem... Não vou pressioná-la a nada. Skylar, seus olhos azuis são os mais lindos que já vi, e talvez os mais tristes também... Só peço que, quando estiver preparada, me conte, conte o que te faz pensar que não pode ser feliz. - ele toca novamente a cicatriz em meu pescoço. - Me conte o que levou você a ser mártirizar dessa maneira...

Depois de algum tempo, apenas confirmo com a cabeça. Não sei se quero que nosso encanto obtenha essa parte da história.
                                 

Dylan acaba passando a noite em casa, e não, não fazemos nada mais que apenas dormir juntos. Saber que Dylan dormia ao meu lado me trouxe uma segurança que nunca senti. Ali, em seus braços soube, pela primeira vez, que talvez eu poderia ter uma chance de tentar recomeçar.

Quem sabe poderíamos ter um futuro. Soube que em seus braços era o meu lugar.

                                    *

Às 7h15 da manhã, quando acordei para ir ao trabalho, senti uma pontada de desespero ao não ver Dylan do meu lado. Quando ia levantar, avistei ele encostado na porta do quarto, me encarando com um sorriso tranquilo.

Ele havia tomado banho e trocado de roupa, mas não lembro dele com nada nas mãos ontem à noite.

- Oi... - falo, com a voz embargada pelo sono.

-Oi. - ele sorri.

Dylan olha para algo na cama, olho para a direção que seus olhos foram e ao meu lado vejo uma caixinha azul de camurça. Franzo a testa por alguns segundos, até voltar os olhos para Dylan.

- O que é isso? - pergunto rindo.

Ele caminha até a cama e se senta na beira. Dylan pega a caixinha azul e coloca em minhas mãos enquanto tento me sentar.

- Abra. - ele ordena.

Faço o que ele diz. Quando abro a caixinha há uma pequena pulseira dentro, rodeada de minúsculas borboletinhas de pedrinhas azuis e rosa claro. Não que isso importe, mas não parece ser bijouteria. Na verdade parece ter sido bem caro. Ele ri ao me ver de boca aberta.

Mil Noites Sem Ela (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now