"A vida é nos dada uma única vez"

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Depois de mais meia hora na estrada, chegamos à um lugar muito elegante e sofisticado chamado Freedom Restaurant's. Dylan estaciona o Audi. Antes de descer do carro, pergunto:

ㅡ Por que tão longe? Quero dizer, praticamente não estamos mais na cidade...

ㅡ Você prefere voltar? Se quiser...

ㅡ Não, tudo bem. Só acho que deveríamos ter achado um lugar mais próximo de casa.

Descemos do carro.

ㅡ Só queria que você estivesse em um lugar que se sentisse à vontade. Achei que fosse gostar... ㅡ ele abre a porta do carona e estende o braço para eu segurar.

ㅡ E gostei...

ㅡ Então fico feliz.

ㅡ Dylan? Aqui não é um pouco... caro?

Ele ri.

ㅡ Não se preocupe, querida.

Depois de escolher uma mesa em um bom lugar, somos atendidos por um senhor muito educado e gentil. Dylan escolhe um prato com nome difícil até de lembrar, só sei que é composto por frango desfiado, queijo derretido, alguma coisa doce e outras coisas que não consigo identificar.

Nosso garçom está passando por entre as mesas quando Dylan estende o braço e o chama.

ㅡ Paul, traga a garrafa mais cara de  vinho... ㅡ sem hasitar, Paul balança a cabeça e se afasta em passos urgentes.

ㅡ Dylan... ㅡ ele me olha. ㅡ não precisa pedir essas coisas caras... Não me importo.

ㅡ Já disse para não se preocupar. Apenas aprecie tudo. ㅡ ele muda de assunto. ㅡ Está gostando da comida?

ㅡ Hummm... ㅡ pra falar a verdade, ainda não sei. Esse doce e o queijo não me deixam decidir. ㅡ Acho que sim.

ㅡ Ah, Skylar... quando penso que vou surpreende-la...

De repente ele para e olha fixamente meu rosto. Seus olhos percorrem todo minha face, e merda, ele olha meu pescoço. Sinto um desconforto. Me remexo na cadeira, na tentativa de olhar para o lado oposto para que ele não veja minha cicatriz, acabo virando exatamente para o lado que não quero. No desespero, escondo meu pescoço com meu cabelo. Paul volta com o vinho, enche nossas taças e se retira como uma sombra.

ㅡ O que houve com seu rosto? Entrou em uma briga com um gato? ㅡ seu tom é brincalhão, mesmo assim fico tensa.

ㅡ Errr...

ㅡ E provavelmente ele ganhou, não? ㅡ ele sorri da própria piada. Limpo a garganta para poupar tempo. ㅡ E seu pescoço? Foi algo grave?

Eu não sei o que responder, ele está me deixando ansiosa. Coloco duas garfadas de uma vez só na boca. Devo estar sendo ridícula. O que faço? Não sei como responder.

ㅡ Já que você não responde, vou tentar adivinhar... ㅡ Dylan me olha sedutor. Ah, ele não tem idéia da gravidade disso...

Eu acabo me engasgando. Ele me dá a taça com vinho. Está rindo. Realmente se não fosse trágico, seria engraçado.

ㅡ Você... caiu de uma árvore enquanto escalava quando era pequena? ㅡ silêncio. ㅡ É, você tem razão. São muitas e pequenas cicatrizes para ser uma queda de árvore. ㅡ olho para algo atrás dele. Por favor Dylan... ㅡ Um acidente doméstico? ㅡ ele sugere. Eu bufo. Minhas lágrimas pedem passagem. Mas não. Hoje não vou deixar elas saírem. ㅡ Então... ㅡ ele pensa um pouco. ㅡ Alguém machucou você?

Sua pergunta me pega de surpresa, apesar de, no fundo já esperar por ela. A forma como ele pergunta não me causa raiva, ou repulsa por querer saber demais. Ele fala naturalmente, como se fosse apenas mais uma pergunta, mas não, não é uma pergunta qualquer. Mesmo em silêncio, sinto meu rosto queimar. Minha visão embaça.

Mil Noites Sem Ela (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now