*Sonhos desfeitos*

108 26 16
                                    



- A minina tá mio?

-Sim querida Ana, me foi um mal passageiro irei ao meu quarto descansar um pouco e depois desço para o almoço.

-Vai minina vou fazê um chá pro cê e vai miorá.

-Está bem, leve-me o chá.

Lorena sobe as escadas até seu quarto entra fecha a porta, encosta nela e o choro que estava em seu peito nasce em seus olhos e ela chora desesperadamente como jamais havia chorado em sua vida.

 O amor que lhe pareceu ser a melhor coisa que podia haver no mundo, como brotou em seu coração em flores agora se transforma em espinhos que fazem sangrar sua alma apaixonada.

Ela deita-se em sua cama pega seu travesseiro coloca em sua boca e grita!

E seu grito de desespero voa pela janela como se fosse uma borboleta que pairando na imensidão dos campos pousa no coração de Augusto que está sentindo um desespero igual ao de Lorena e não suportando mais pega seu cavalo e sai a galope rumo á Ouro Negro.

- Aonde aquele estapafermo foi?

- Não sei papai, ele está deveras estranho desde o dia do anuncio do casamento.

-Este muleque mimado há de me irritar!

Falarei com ele e lhe hei de mostrar como um homem de palavra deve de se comportar.

Em Ouro Negro Jordão está na cozinha quando Ana chega para fazer o chá para Lorena e escuta Ana dizendo para Maria que a sinhá menina desmaiou ao ouvir o senhor Agenor falar sobre o casamento do sinhozinho Augusto com a sinhá Sandra 

e que ouviu Lorena chorando e estava á fazer um chá calmante para sua minina.

Jordão se irrita com Augusto por acreditar piamente que Augusto enganou Lorena e sai em silêncio da cozinha.

Ao longe vem um cavaleiro em um cavalo branco galopando e desce em frente às escadas da casa grande de Ouro Negro.

Na mesma hora Jordão sai da casa com uma espingarda em suas mãos e para frente às escadas.

- Jordão, senhorita Lorena está em casa?

- Ela está se sentindo mal, e está deitada em seu quarto.

- Chame-a, por favor!

-Ela está acamada por sua causa!

 ela desmaiou na hora que sobe do seu casamento.

- Meu Deus! Meu Deus! Ela já soube?

 Por favor, preciso falar com ela.

- Rla não quer ver ninguém sinhozinho!

Vai! Vai embora.

- Eu vou falar com ela, não me impeça, por favor!

Augusto tenta subir as escadarias, 

porém Jordão o impede e Augusto grita o nome de Lorena.

-Lorena! Lorena pelo amor de Deus meu amor, me ouça!

Lorena deitada em sua cama ouve os gritos e sai á janela com os olhos totalmente inchados vê o cavalo de Augusto e desce as escadas e sai ao alpendre e lá está Augusto sob a mira de Jordão.

- Lorena eu venho falar contigo, por favor, ouça-me, por favor!

- Jordão! O que fazes com essa arma?

- Mi perdoa senhorita ouvi falar que ele foi o motivo de seu mal súbito e estou á defende-la!

-Agradeço-lhe, mas deixe-me, vou ouvi-lo.

E Augusto sobe às escadas as pressas.

Ele se aproxima dela tentando abraçá-la. Ela, porém recua e ele com o rosto entristecido dize-lhe;

- Meu amor!Não tive nada haver com esse casamento meu pai e senhor Agenor marcaram tudo sem me dizerem nada.

 Naquele dia depois que cheguei meu pai estava há minha espera e tive que ir à fazenda de seu Agenor e marcaram tudo eu não queria , fui contra más...

Lorena ouve em silêncio e Augusto olha lhe nos olhos e diz:

-Eu á amo!

-Augusto, eu também o amo, e lhe disse que esse amor era impossível e...

Uma lagrima rola do rosto de Lorena.

- Me dissestes que deixaria tudo por mim e que nosso amor duraria para sempre, e eu te digo, não entrarei nessa luta!

 Estais livres para se casar com Sandra.

- Já disse que não á amo! Que meu amor é teu, somente teu!

- Me perdoe Augusto, seu pai disse-me que palavra dada é palavra cumprida.

Não há como nos dois sairmos sem magoarmos a família,

 os amigos, enfim, abro mão de nós agora!

-Não faça isso, eu á amo!

-Dou-te minha palavra, não mais o importunarei.

- Não faças isso com a gente. 

Eu á amo!

-Já dei minha palavra, agora vai! Por favor, vai!

-Lorena!

E Lorena sai do alpendre dando as costas para Augusto e seus olhos jorram lagrimas e seu coração está afogado em uma dor sem fim.

Augusto desce as escadas com lagrimas nos olhos e não se conforma em perder o amor de sua vida assim tão rapidamente como chegou.

 Uma tarde de felicidade não foi o bastante para dois corações apaixonados.

Esporeia seu cavalo, e morre á cada batida de seu coração,

 não acredita que está tudo perdido. 

Esporeia mais seu cavalo que corre como o vento, Augusto se desequilibra e cai  em meio ao pasto de seu pai, chora feito criança não pela dor das feridas adquiridas pela queda, 

más pela dor que desatinada a doer sem tamanho, à dor da perca a dor de seu coração partido.

Morrer lhe seria ganho, frente à tamanha dor.

Lorena está em seu quarto e chora o fim de seu amor.

Verdadeiramente você Camões tinhas razão 

o amor é dor que desatina...

Porém dói demais, demais!

 E chora o resto da tarde. 

A BELA DE OURO NEGRO Onde as histórias ganham vida. Descobre agora